Aprender a andar de bicicleta pode ser o seu primeiro gosto de liberdade. De repente, um mundo além da porta de casa se abre, pronto para ser explorado sobre duas rodas.
Mas, para Marley Blonsky, não foi tão simples assim. Quando tinha 8 anos, tentando pedalar com sua irmã mais velha e suas amigas, ouviu que era muito lenta. “Eu sempre quis fazer parte do grupo”, diz ela. “Parecia algo pelo qual eu estava constantemente lutando, mas nunca alcançando de verdade.”
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Já adulta, Blonsky, agora com 38 anos, enfrentou barreiras semelhantes — e algumas novas que ela não esperava. Descobriu que os limites de peso na maioria das bikes de estrada eram baixos demais para ela; suas pedaladas eram prejudicadas por raios quebrados e trilhos de selim rachados. A maioria das marcas de roupas de ciclismo tinha tamanhos limitados, então ela tinha dificuldade em encontrar camisetas e bermudas confortáveis. Nos passeios em grupo, sentia aquela sensação familiar de ser deixada para trás.
Então ela decidiu agir. Em 2021, junto com Kailey Kornhauser, Blonsky fundou o All Bodies on Bikes, um clube que acolhe ciclistas independentemente do tamanho, gênero, raça ou capacidade. Nos últimos três anos, o grupo se expandiu para dez capítulos, com planos de adicionar quase 30 novos até 2027. Cada capítulo é incentivado a organizar passeios, colaborar com outras organizações de defesa do ciclismo em sua área e realizar eventos como trocas de equipamentos e oficinas para consertar pneus furados. “Não nos importamos com o motivo pelo qual você está pedalando”, diz ela. “Queremos apenas te capacitar a fazer isso com alegria.”
Em 2024, o All Bodies on Bikes organizou diversas viagens de bikepacking e coorganizou a maior festa de linha de chegada do ciclismo de cascalho: a festa DFL (Dead Fucking Last) no MidSouth Gravel. Olhando para o futuro, o plano estratégico da organização inclui estabelecer padrões da indústria para limites de peso em bicicletas e componentes, pressionar marcas para representarem uma maior diversidade de tamanhos em suas publicidades e criar uma certificação de varejo para lojas de bicicletas, que permitirá aos clientes saber que “essa loja tem conhecimento para atender pessoas maiores e te tratará com dignidade e respeito”, afirma Blonsky.
Ao criar uma comunidade de ciclismo que acolhe pessoas de todas as formas e tamanhos, Blonsky tornou um esporte que pode ser intimidador mais acessível para novos ciclistas. Ela frequentemente recebe mensagens de pessoas sobre o quanto é significativo ver uma diversidade de corpos representada no ciclismo. Depois de anos se sentindo excluída, a ciclista, que se identifica como gorda, encontrou poder ao abrir os portões.
“Não parece que o que estamos fazendo seja tão radical”, diz ela. “Ir um pouco mais devagar, ver as pessoas e encontrá-las onde elas estão, não deveria ser algo tão incrível. Mas é.”
*Outside USA