Ah, a famosa casa por 1 euro na Itália… Faz algum tempo, muitas pequenas cidades na Itália começaram a vender casas por 1 euro. Atire a primeira pedra quem não sonhou em transformar as férias em rotina ao comprar uma e levar uma vida de sonho em um cantinho remoto da Itália, entre vinhas, pérolas de arquitetura e paisagens belíssimas. Mas e se logo ao comprar a casa por 1 euro, viesse uma pandemia mundial?
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Isso importa porque as propostas feitas por estas pequenas cidades tem uma contrapartida: é preciso investir um pouco reformando a casa. Isto implica em lidar com obras, comprar material de construção. Em boa parte dos casos, os imóveis não estão sequer habitáveis. E a Itália foi certamente um dos países mais atingidos pela pandemia – por enquanto controlada.
Mas durante o auge da crise, quem comprou a casa de 1 euro na Itália e se mudou para sua nova comune (como são chamadas as cidades em italiano) precisou se virar em um lugar remoto, falando pouco ou nada de italiano e longe da família e de muitas comodidades. Como foi passar por isso?
Casa de 1 euro: preso na Toscana
O empresário brasileiro Douglas Roque estava buscando uma casa para recomeçar a vida quando foi pego de surpresa pelo coronavírus. Ele estava com um amigo ítalo-brasileiro em Fabbriche di Vergemoli, na Toscana, avaliando o potencial de uma área abandonada para compra por um grupo de brasileiros quando estourou a crise. Seu voo para o Brasil foi cancelado. Com hotéis fechados e as casas na região totalmente inabitáveis, a sorte deles foi poder ir para a casa do amigo, perto de Veneza.
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Ele mesmo já tinha adquirido um imóvel na região e tinha vindo para tocar os trâmites de reforma. Com a crise, tudo ficou parado. “Vim em fevereiro para fazer a reforma, com toda a papelada pronta. Mas não deu para ir adiante. Minha família está no Brasil, onde os casos não param de aumentar. Estou preocupado com eles e eles comigo”, disse à CNN.
Casa por 1 euro: Sem noção do tempo
O artista Alvaro Solorzano, que mora em Miami, está preso em Mussomeli, um comune pitoresco na Sicília. Ele comprou uma casa por 1 euro lá, além de uma outra propriedade. Ele chegou em março com mulher, um filho e a namorada do filho, para começar a reforma. Os três últimos voltaram para Miami, e o artista iria um pouco depois, mas com a crise, seu voo foi cancelado.
Sozinho, ele teve de se virar durante a quarentena, tendo uma casa com apenas uma cama e uma tevê, disse à CNN. Ele estava em um Bed & Breakfast, que fechou durante a pandemia, e se mudou para a casa que estava mais ou menos habitável. O grande evento enquanto esperava era o dia de ir para o mercado, quando podia sair um pouco de casa. Alvaro diz que chegou a perder a noção do tempo, com dias iguais.
Calor humano para superar a solidão
Apesar de tudo, ele deu sorte pela cidade ter uma loja aberta com material de construção, então pode fazer ele mesmo alguns reparos na casa e começar a pintar as paredes. E reconhece que foi um sorte também ter comprado outra propriedade além da casa de 1 euro, porque essa ao menos tinha condições mínimas. A casa de 1 euro não tinha nem estrutura de água nem de luz.
Mas Alvaro estava na Sicília. É claro que o calor humano ajudou. Com a casa “pelada” e sem família por perto, os vizinhos o adotaram ao ver a situação. Ele ganhou aquecedores, cobertores e acesso a internet. E claro, levaram “toneladas de comida”, diz o artista. “Só com o que eles trouxeram comi por 3 dias.” Ele se encantou tanto com o lugar maravilhoso e a comunidade que está pensando em comprar uma terceira casa por 1 euro.