Quer participar do canicross no Rocky Mountain Games? Siga essas dicas

Por Redação

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O canicross no Rocky Mountain Games é pura diversão. Foto: Marcelo Maragni.

Com três etapas ao longo do ano, o Rocky Mountain Games é uma grande celebração dos esportes de montanha, mas também um ponto de encontro de “cachorreiros” de todo o Brasil.

Isso porque uma das disputas mais empolgantes do circuito é o canicross, modalidade que vem ganhando cada vez mais adeptos e simboliza o espírito de amizade e diversão que norteia o evento.

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Nos dias 26 e 27 de outubro, o Rocky Mountain Games desembarcará em Campos do Jordão (SP) para a etapa saideira da temporada. E mais uma vez a largada do canicross promete estar lotada.

A corrida de 5 km passará por trechos incríveis da Serra da Mantiqueira terá um percurso para todos os níveis, além de toda a estrutura da Arena RMG para garantir a segurança e o bem-estar dos tutores e dentuços.

Highlights RMG Campos do Jordão 2023:


Embora o canicross seja uma modalidade divertida e emocionante, é essencial que os praticantes tenham atenção especial aos cuidados necessários para garantir a saúde do cãozinho durante a prova. Isso inclui check-up veterinário em dia, rotina de treinos, hidratação e o uso dos equipamentos corretos.

Para garantir que sua experiência no Rocky Mountain Games seja perfeita, consultamos dois especialistas da modalidade para tirar algumas dúvidas.

Meu cachorro pode participar?

Os veterinários gostam de ver cães ativos e saudáveis, então normalmente encorajam os donos a aproveitarem o melhor do ar livre com seus pets. No entanto, corridas em trilhas exigem cuidados específicos. Campeão sul-americano de canicross e figura carimbada no Rocky Mountain Games, o educador físico Willian Oliveira aconselha os donos a considerarem alguns fatores antes de correr com o animal.

“Todas as raças e portes podem participar de uma prova como o Rocky Mountain Games. Basta o cão não ter restrição ao exercício proposto. Mas é preciso ter mais atenção com raças de focinho curto, que geralmente têm dificuldades respiratórias”, afirma o corredor.

“Meus cães fazem um check-up anual. Não gosto da regra que permite que os tutores assinem um termo de responsabilidade para o cão correr, pois isso pode evitar que eles façam uma visita anual ao veterinário para exames. O dono não tem conhecimento técnico para saber se o cão está realmente bem para correr. O veterinário pede vários exames para ter certeza da saúde do cão. Teste o equipamento e verifique se está tudo em ordem para diminuir as chances de acidentes. O check veterinário no dia da corrida também é muito importante.”, complementa Willian.⁣

Com qual idade meu cachorro pode começar a correr?

Diretora da ABCAES (Associação Brasileira de Canicross e Esportes Similares), Andreia Ribeiro esclarece que existem regras específicas nas competições de canicross. “Os cães filhotes devem iniciar com exercícios lúdicos, sem tração. A prática da corrida com tração apenas quando o cãozinho completar 12 meses, idade que ele também pode participar de provas como o RMG. Já provas internacionais apenas depois dos 18 meses de idade”, destaca a especialista.

Como se preparar para uma prova?

Para que a dupla — cão e tutor — esteja bem preparada para o canicross, é fundamental seguir uma rotina de treinos e cuidados específicos. “Se o cãozinho já atingiu a idade para a prova pode iniciá-lo com brincadeira de bolinha, correndo atrás dele para dessensibilizar o humano correndo atrás”, diz Andreia. Depois pode levá-lo a parques e, com equipamento adequado, faça corridas curtas com ele: 100m, 200m, no máximo, sempre incentivando ele estar à frente e puxando. Sempre termine o treino com ele querendo mais! Nessa fase também é indicado participar de treinos em grupo, para ele presenciar outros cães correndo e já se socializar”, afirma.

Willian complementa que a adaptação requer paciência e treino contínuo, começando em um ambiente controlado e se intensificando com o tempo. “O cão deve ser habituado, dessensibilizado e socializado com o ambiente de competição. Isso não acontece da noite para o dia, requer vários treinos que começam dentro de casa e vão gradualmente ficando mais desafiadores até chegar no ambiente de corrida”, adianta.

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Galera do canicross na abertura do RMG 2024 em Atibaia. Foto: Rosita Belinky.
Quais são os equipamentos necessários?

O canicross possui equipamentos específicos como qualquer esporte. “O cão deve usar um arnês de corrida. Alguns peitorais são aceitos, mas o melhor sempre será um arnês de corrida”, diz Willian. “Você pode até correr de sapatênis, mas será confortável? O arnês de corrida é a melhor escolha”, exemplifica o corredor.

Já a guia elástica deve ter entre 1,5m e 2,5m quando totalmente esticada. O especialista também recomenda um cinto para correr com as mãos livres. “Assim sua mecânica de corrida não será prejudicada e o cão continuará conectado a você em caso de queda”, diz. “Eu uso os equipamentos da Non-Stop Dogwear, para mim são os melhores, mais confortáveis e seguros”, aconselha o tutor.⁣

Já os humanos devem usar os equipamentos de corrida de sempre: tênis, camiseta, bermuda ou short, e óculos para proteção contra pequenos cascalhos que podem ser levantados pelas patas dos cães. “Gosto de correr com bermudas justas ao corpo para que o cinto fique mais confortável”, afirma Willian.

Quais as principais regras de conduta durante a prova?

Nas principais competições de canicross existem regras de conduta que visam garantir a segurança de todos, e priorizar o bem-estar do cão é uma delas. “A primeira e mais importante regra é: o cão sempre dita o ritmo da corrida. Está sempre à frente ou no máximo ao lado do humano, nunca atrás”, destaca Andreia. “Na largada, esteja com o cãozinho sempre próximo a você, aguardando a autorização para a corrida. Durante a prova, se você vai ultrapassar alguma dupla, sinalize dizendo: ‘passando a esquerda’ ou ‘à direita’, mas sempre sinalize a dupla da frente que irá ultrapassar. Se você será ultrapassado, assim que ouvir a sinalização da ultrapassagem, recolha a guia do seu cão, deixe ele o mais próximo de você, libere o lado que a dupla que irá ultrapassar solicitou. Antes, durante ou após a prova, nunca grite com seu cão, não o puxe, e nem preciso dizer que agressão é expressamente proibido”, complementa.

O que fazer (e o que não fazer) na véspera e no dia da prova?

A especialista Andreia explica os passos fundamentais para a preparação, ressaltando o que deve ser feito — e o que deve ser evitado.

“Na véspera da prova, incentive seu cão a beber água, alimente-o normalmente, e deixe ele descansar, nada de atividade física. No dia da prova, ofereça pouca água, não alimente seu cão. Chegue cedo, faça o vetcheck e a checagem de equipamentos, e deixe seu cão fazer as necessidades. Tente ficar com ele em um ambiente calmo. Nunca solte seu cão da guia. Se direcione equipados para a largada, e aguarde sua vez de largar”, afirma.

Willian Oliveira é um dos nomes mais experientes do Canicross nacional. Foto: Arquivo Pessoal.

Willian destaca que, ao competir, procura manter a rotina do seu cão o mais estável possível, garantindo que ele receba água e seja alimentado nos horários habituais. “Manter uma rotina consistente ajuda a prever quando o cão fará suas necessidades, reduzindo as chances de ele parar no meio da corrida. Alguns cães, por exemplo, podem recusar água em ambientes desconhecidos, então uma dica é misturar um pouco de água na comida. Meus cães comem a cada 12 horas, e a última refeição é sempre pelo menos 12 horas antes da atividade física, o que facilita que façam cocô antes da corrida. Correr com o estômago cheio pode causar torção gástrica, algo que deve ser evitado”, explica.

E no pós-prova?

O cuidado pós-prova é tão importante quanto a preparação para garantir a saúde do cãozinho após o esforço. A especialista Andreia Ribeiro orienta sobre os passos essenciais para a recuperação adequada do animal. “Após a prova molhe seu cãozinho, permita que ele entre na banheira de resfriamento, aguarde a respiração dele acalmar para assim dar água para ele beber. Apresente a água em pouca quantidade. Alimente seu cão quando ele estiver totalmente recuperado da corrida, isso vai de cada indivíduo, mas geralmente são de 30 a 40 minutos pós-prova”, aconselha.

Rocky Mountain Games tem aventura para todos os gostos – e todas as raças. Foto: Rosita Belinky.
Na dúvida, comece devagar

Assim como os corredores humanos são aconselhados a iniciar um esporte gradualmente, Willian sugere que o mesmo cuidado seja aplicado ao seu cão, especialmente se ele for novato nas provas. Tal como os humanos, os cães podem sofrer lesões por esforço excessivo se forem submetidos a treinos intensos de forma abrupta. O ideal é começar com corridas curtas e leves, em condições mais amenas ou durante os períodos mais frescos do dia.

“Um ambiente de corrida geralmente tem barulho, muita gente e música. Comece a treinar obediência básica em um ambiente silencioso, depois adicione música baixa, uma pessoa que mora na casa, outro cão, e assim por diante. Gradualmente, mude para a calçada da sua casa e adicione distrações aos poucos, pois o ambiente já terá várias distrações. Depois de passar por todas as etapas, vá para uma praça do bairro em horários tranquilos e vá aumentando a dificuldade até o cão estar socializado o suficiente para ignorar essas distrações. Quanto mais competições ele participar, mais familiarizado ele ficará com aquele ambiente”, complementa o educador físico.

Para Andreia Ribeiro, o verdadeiro encanto do canicross vai além da competição. “O canicross é espetacular, traz benefícios físicos e mentais para humanos e cães. E existem pessoas competitivas, de alto rendimento, campeonatos internacionais da modalidade, mas o que realmente importa é a diversão do cão, a felicidade deles em estar praticando uma atividade juntos em sintonia”, arremata.

Para saber mais, acesse o site Rocky Mountain Games.