A triatleta e nadadora Nah Pinheiro concluiu um desafio pessoal no último mês de maio: ela andou, sozinha, 1.526 km dos Caminhos de Santiago, na Europa.
Nah percorreu em 49 dias boa parte da rede de rotas de peregrinação que convergem na famosa Catedral de Santiago de Compostela, na Galícia, Espanha.
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Foram em média 30 km de caminhada por dia pelo Caminho Português, Caminho Francês e Caminho Inglês. Durante o trekking, a triatleta enfrentou condições adversas: frio de 1ºC, chuvas, temporais, além de sol, calor e muito vento.
“Desde quando resolvi dar o primeiro passo tudo foi mágico. Era apenas eu e minha mochila, dormindo um dia em cada lugar”, conta Nah.
Medalhista de ouro na natação na última edição do Rocky Mountain Games em Juquitiba, Nah iniciou seu trajeto em Lisboa para os 634 km do Caminho Português.
Depois a atleta, que comemorou o aniversário de 40 anos durante a jornada, partiu para Saint Jean Pied de Port, na França, onde enfrentou os 779 km do Caminho Francês.
Por fim, percorreu os 113 km do Caminho Inglês, terminando a peregrinação no dia 2 de maio.
No total foram 49 dias e 1.526 km de trekking, com uma mochila pesando mais de 15% do seu corpo (cerca de 9 kg).
“Foram inúmeras subidas íngremes, com mais de 10% de inclinação, além de longos trechos de campos vazios e terrenos irregulares com pedras que demandaram muito dos meus pés”, relata a triatleta.
O desafio incluiu de 6 a 9 horas de caminhada por dia. No mais longo deles, a nadadora fez uma verdadeira maratona: os 42 km de Frómista a Lédigos, no Caminho Francês.
No dia seguinte, Nah ainda teve fôlego para encarar 34 km e no outro mais 37 km. E foi nesse ritmo até concluir o desafio.
Abaixo, Nah Pinheiro dá algumas dicas para quem pretende percorrer os Caminhos de Santiago:
Tipos de terreno
“Além do sobe e desce da topografia de atravessar um país, os tipos de terreno que encontramos pelo caminho são muitos e podem variar no mesmo dia: asfalto, areia, terra, pedras (sim, pedras), paralelepípedo, cimento, grama. Por isso é importantíssimo o tipo de tênis (tênis, não bota!) e treinar os pés com exercícios de fortalecimento e propriocepção.
Cuide do que te leva pra frente: passar vaselina sólida nos dedos dos pés todos os dias antes de sair para caminhar. Ao chegar no albergue, soltava o pé com a bola de liberação miofascial pequena, leve e plena que carreguei na mochila.”
O peso das nossas escolhas
“É isso que a mochila representa. Se há espaço demais, acabamos ocupando e carregando mesmo sem usar ou mesmo que não nos sirva mais. Se estiver em dúvida do que levar, deixe. Nosso coração sempre sente e sabe antes de nós. Leve apenas o necessário e mesmo assim filtre metade. Lembre: corta vento não é capa de chuva e precisamos muito de um poncho no chove-para-chove, o que rola muitas vezes ao longo do dia.”
Quilômetros sem estrutura
“Passei por muitos vilarejos onde não tinha o que comer nem onde ficar. É interessante seguir um guia ou app para saber as distâncias entre locais com estrutura ou longos quilômetros (20 km em um dia) sem nada para se alimentar. Minha mochila levou bastante comida, acredite. Mesmo assim, a mágica do caminho acontece: muitos moradores deixam comidinhas para os peregrinos. A mesa posta sempre aparece na hora certa e são presentes. Agradecemos deixando donativos.”
Não pise nos caramujos
“Quando atravessar os campos, no piso que seja, fique atento para os incontáveis caramujos e lesmas que estão ali peregrinando também. Saber compartilhar o espaço faz parte do caminho, especialmente com quem já está ali antes de nós.”
Atente-se aos sinais
“Das setas amarelas, principalmente, mas também de todos os outros sinais do caminho: alguém que dá uma informação (ou pede); pedras em formatos que dizem muito (encontrei incontáveis corações); as respostas que nos chegam muitas vezes antes das perguntas.
Buen Camino!”.