Imagine a cena. São 2 horas da manhã, você está correndo há 18 horas e já percorreu uma distância de cerca de 217 km. A partir daí, começa a sentir muita fome, mas ainda faltam seis horas de corrida pela frente. O que você faz?
+ Corridas épicas: por que as ultramaratonas estão cada vez mais populares
+ 6 erros na corrida que todo mundo deve evitar
+ Planilha de corrida para meia maratona de 12 semanas
Enquanto a maioria de nós nem poderia imaginar correr por tanto tempo – ou por uma distância tão longa – aqueles que conseguem provavelmente não escolheriam comer tacos e beber cerveja enquanto fazem isso.
Mas foi exatamente o que Camille Herron fez enquanto quebrava todos os recordes na famosa corrida de 24 horas do Desert Solstice de 2018, em Phoenix, Arizona (EUA). E isso porque a ultramaratonista, nascida em Oklahoma, não é como o resto de nós. Na verdade, ela não é como ninguém.
Recentemente, Camille protagonizou uma série de entrevistas para o podcast How to be Superhuman, de Rob Pope, e relembrou essas e outras histórias marcantes de sua carreira.
Em 2018, Camille foi o grande nome da competição ao cravar o novo recorde mundial em corridas de longa distância: 262,192 km em 24 horas. Mas ainda havia mais. No ano seguinte, ela superou o próprio recorde, estabelecendo a marca de 270,116 km em 24 horas, desta vez no Campeonato Mundial em Albi, França.
Em meio a tantas conquistas, Camille relembrou no podcast as graves lesões sofridas na carreira e também um incidente que marcou sua vida para sempre, quando aos 17 anos perdeu a casa durante a passagem do tornado mais forte já registrado em Oklahoma, em 1999.
Foi a partir deste incidente que Camille começou a correr, sempre aos domingos (em vez de ir à igreja), com o objetivo de celebrar a vida. Desde então, ela não parou mais, e hoje possui marcas expressivas no atletismo, maratonas e ultramaratonas.
“Depois que eu superei as 100 milhas [160 km] por semana, tudo começou a ganhar vida. Eu nasci para isso. Quanto mais eu corria, mais me sentia eu mesma”, revelou Camille em depoimento ao podcast.
Além dos 270 km em 24 horas, Camille possui atualmente vários recordes mundiais na modalidade mais extrema das corridas. Ela é a primeira e única atleta a vencer os três campeonatos mundiais de ultramaratona: de 50K, 100K e 24 horas.
Um fato curioso: a americana também está no Guinness Book como a mulher mais rápida a correr uma maratona fantasiada de super-heroína: foram 2 horas, 48 minutos e 51 segundos pelos 42k da edição de 2012 da Maratona Route 66, em Tulsa, quando correu vestida de Mulher-Aranha.
Em maratonas, foram 21 vitórias e o recorde pessoal de 2:37:14. Nos últimos anos, ela se voltou para as ultradistâncias, modalidade na qual conquistou quatro títulos da USA Track & Field: 50 quilômetros na estrada, 50 milhas na estrada, 100 quilômetros na estrada e 100 quilômetros na corrida em trilha.
Em 2015, ela se tornou a primeira ultramaratonista a ganhar dois títulos mundiais no mesmo ano, vencendo o Campeonato Mundial IAU 100 km e o Campeonato Mundial IAU 50 km.
Atualmente, aos 38 anos, Camille segue se preparando para tentar novos recordes e também ganha a vida como coach nos EUA.
Ver essa foto no Instagram
Ver essa foto no Instagram