As mulheres do esqui cross-country do Brasil se despediram com mais uma dura disputa no Centro Nacional da modalidade nos Jogos de Pequim. Na disputa da semifinal da prova de sprint por equipes, as brasileiras Jaqueline Mourão, de 46 anos, e Duda Ribera, de 17, acabaram sendo alcançadas pelas líderes e abandonaram a prova. Apesar disso, o encontro de gerações na primeira vez em que o Brasil disputou a prova foi motivo de comemoração pelas atletas. As informações são da IstoÉ.
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“Fizemos história mais uma vez. Muito bom poder compartilhar essa experiência com a Duda. O frio atrapalhou muito. Na primeira volta, dei tudo o que eu tinha, cheguei a me sentir mal, depois me recuperei. Acho que fomos bem. Aqui, comparado com o Mundial, que também competimos essa prova, a pista é muito desafiadora. Os gaps aumentaram muito. O que foi legal que a gente teve três países que estávamos competindo. Da Grécia e da Lituânia ficamos à frente, olhamos a Coreia, mas não conseguimos buscar”, analisou Jaqueline.
“Estou muito feliz de estar aqui. Mesmo sabendo de tudo que aconteceu e pelo motivo que eu estou aqui, fico satisfeita porque briguei até o final mesmo sendo muito nova. Espero que todos os meninos e meninas sigam nosso exemplo, que não percam o sonho e aproveitem as oportunidades. Estou grata por ter feito essas competições e brigado até o final”, disse Duda, lembrando que substituiu Bruna Moura, que sofreu um acidente automobilístico pouco antes da viagem para a China e se recupera bem.
A semifinal da prova de sprint por equipes disputada pelas brasileiras teve que ser antecipada por causa da baixa temperatura, com sensação de -22ºC no horário em que deveria ser realizada.
Essa foi a terceira prova da dupla em Pequim-2022. Se contarmos com as quatro que Manex Silva fará, consolida um recorde absoluto para a modalidade que, até então, havia tido duas provas no máximo por edição. Elas terminaram os 10km, do esqui cross-country, no Centro Nacional de Esqui Cross-country, em Zhangjiakou, em 82.º e 90.º lugares, respectivamente, entre 98 participantes. As duas também disputaram a classificatória do Sprint e terminaram em 84.º e 88.º lugar, respectivamente. A prova marcou oficialmente o recorde de Jaqueline como a atleta brasileira com mais participações em Jogos Olímpicos. A despedida de Pequim já abre perspectivas futuras.
“Quero ir de ano a ano. Acredito que posso contribuir com minha experiência para ajudar, tanto nos bastidores quanto nas competições. Agora, minha cabeça é voltar para meus filhos, mas não me vejo sem ser ligada ao esporte. Gosto muito de praticar. Vamos ver o que o futuro me agracia. É uma Jaque mais leve, que conseguiu tudo o que planejou, apesar dos percalços. Quero ir aos poucos, um ano após outro, e, quem sabe, fazer história novamente”, analisou.
Para Duda, a experiência em Pequim vai ajudar no próximo ciclo. “Foi um aprendizado gigante. Estar aqui entre as melhores do mundo é a melhor experiência da minha vida. Eu não acreditei que chegaria nesse nível. Esse ano vou descansar um pouco e, depois, viver um dia de cada vez. Acreditar em todas as provas, acreditar em mim e brigar pela frente para o que der e vier. Com certeza, já penso em 2026”.
Com mais de duas décadas dedicadas ao esporte, Jaqueline espera que outras meninas se inspirem pela participação das duas nesses Jogos Olímpicos. “A Duda veio de um projeto, começou a esquiar com 11 anos e agora colhendo os frutos aqui. A gente teve a primeira clínica de rollerski específica para as meninas e tenho certeza que isso vai ser um estímulo a mais para elas continuarem a sonhar”, comentou Jaqueline.