O mercado de bikes elétricas teve um crescimento histórico no Brasil nos últimos anos e pode ajudar na redução de poluentes, mas o caminho para o desenvolvimento do setor por aqui ainda é longo
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Em agosto de 2021, o governo da França aumentou o subsídio oferecido aos cidadãos que trocam seu carro por uma bike elétrica para até € 4.000 (cerca de R$ 20.000) por pessoa. A grana faz parte do esforço do país para diminuir os transportes poluentes e focar em alternativas mais limpas. O aumento do subsídio, que foi introduzido pela primeira vez no ano passado, veio depois que o governo francês determinou que precisava alcançar as iniciativas de vizinhos como Holanda, Alemanha e Dinamarca. A França pretende chegar ao número de 9% do país usando bicicletas até 2024 – o percentual atual é de 3%. A líder Holanda conta com 27% da população se locomovendo de bike.
No Brasil, ainda nem passamos perto de incentivos assim quando falamos de mobilidade ativa e transportes menos poluentes. Os benefícios das bicicletas elétricas ainda não são amplamente discutidos e nem há infraestrutura para tanto. Contudo, há uma leve luz no fim do túnel (ou da ciclovia): pesquisas têm apontado fortes tendências de crescimento do setor no país. Nos últimos cinco anos, o mercado de e-bikes teve um aumento histórico por aqui. Em 2016, um total de 7.600 bicicletas elétricas foram compradas no Brasil. Já no ano de 2021, esse número subiu mais de cinco vezes e atingiu a marca de 40.891 unidades, movimentando um montante de R$ 289,3 milhões no setor, de acordo com um relatório da Aliança Bike, a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas.
O cenário é, de fato, animador – mas o mercado ainda é muito restrito. A produção, importação e comercialização de e-bikes apresentam altas taxas e impostos, dificultando o crescimento do setor e restringindo o público para aqueles com grande poder de compra. Mesmo com o crescimento de vendas, as taxas que incidem sobre bicicletas elétricas são das maiores do Brasil, superando as aplicadas a automóveis e até bebidas alcoólicas e artigos de tabacaria.
Quem pedala
Um estudo da Aliança Bike e do Laboratório de Mobilidade Sustentável da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Labmob/UFRJ) foi elaborado com mais de 400 pessoas e mostrou que os usuários de bikes elétricas no Brasil são majoritariamente homens (76%) brancos (74%) de 40 a 49 anos (35%) e com renda de R$ 5.196 a R$ 10.390 (27%). A maioria esmagadora é da região sudeste (74%), sendo 61% de toda a amostra residente do estado de São Paulo. Foram entrevistadas tanto pessoas proprietárias de bicicletas elétricas (90%) quanto ciclistas que as alugam (8%) e que utilizam e-bikes emprestadas (2%).
De todos os entrevistados, 59% usam a magrela motorizada para se deslocar até o local de sua atividade principal, como trabalho ou faculdade. Desses , 56% utilizavam automóveis antes, 21% transporte coletivo e 14% bicicleta convencional. A pesquisa mostrou ainda que 18% dos participantes venderam o carro após a compra da e-bike, 65% não venderam e 17% não possuíam automóvel anteriormente. Além disso, 81% têm atualmente pelo menos um automóvel em casa , o que indica que as bicicletas elétricas têm grande potencial como substitutas de meios de transporte mais poluentes.
Por que pedalam
Quando perguntados sobre a principal motivação para comprar ou alugar a e-bike, os usuários brasileiros responderam:
- Suar ou cansar menos – 32%
- Enfrentar subidas mais facilmente – 23%
- Ganhar tempo/chegar mais rápido – 18%
- Manter-me saudável – 6%
- Vencer o estresse, a ansiedade e as outras inquietações – 5%
- Vencer o sedentarismo – 5%
- Ter restrições de saúde, como problemas cardíacos – 1%
- Poder transportar crianças – 1%
- Poder transportar mais cargas – 0%
- Outros – 10%
Após a aquisição das bikes elétricas, no entanto, o seleto grupo de ciclistas do Brasil ainda vê dificuldades em aderir ao pedal no dia a dia. Na pesquisa, 50% dos usuários disseram ficar desmotivados de usar a bicicleta elétrica por falta de ciclovias e ciclofaixas. Não ter locais adequados para deixar a magrela também é um entrave para 43% das pessoas. Diferentemente da França, que ao aumentar o subsídio da troca de carros por e-bikes também planeja investir € 250 milhões de euros (mais de R$ 1 bilhão) para tornar a cidade de Paris totalmente “pedalável”, o Brasil tem infraestrutura fraca no setor: são 4 mil km de ciclovias e ciclofaixas, segundo outro relatório da Aliança Bike, um número considerado baixo por especialistas.
Para o próximo ano, a pesquisa da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas projeta um crescimento de 22% no mercado de e-bikes por aqui, alcançando 49.800 unidades produzidas e importadas em um cenário conservador. A esperança é que o aumento das vendas seja acompanhado de novas políticas públicas de mobilidade que beneficiem o uso de bicicletas.
Por definição técnica, a bicicleta elétrica é “dotada de motor elétrico auxiliar, potência nominal máxima de 350 Watts, velocidade máxima de 25 km/h, funcionamento do motor apenas se o ciclista pedalar, não dispondo de acelerador”. A e-bike precisa ainda, por lei, ter indicadores de velocidade, campainha, sinalização noturna dianteira, traseira e lateral, espelhos retrovisores em ambos os lados, pneus em condições mínimas de segurança e uso obrigatório de capacete. Sua circulação é permitida em ciclovias e ciclofaixas.
Bikes elétricas no Brasil: modelos e preços
Caloi Easy Rider | R$ 6.650 | www.americanas.com.br
Ponto alto: perfeita para iniciantes. Esse modelo de entrada da Caloi é um dos mais indicados para quem ainda está começando no mundo das e-bikes. Aproveite sua autonomia de até 60 km no modo eco devido à bateria de íon-litio.
Vela 2 | R$ 10.890 | www.velabikes.com.br
Ponto alto: tecnologia. A startup brasileira Vela produz as melhores bicicletas elétricas para os fãs de inovação. A versão Vela 2 tem sensores de pedal com alta percepção de movimento: ao iniciar o trajeto, o assistente de partida garante uma rápida e intensa resposta do motor.
Verve+ 1 | R$ 17.000 | www.trekbikes.com
Ponto alto: versatilidade. Esse modelo da Trek funciona bem em passeios, deslocamentos e exercícios diários. Um potente sistema eletroassistido a pedal da Bosch te ajuda a pedalar mais longe, seja para onde for.
E-bike S | R$ 6.680 | www.golev.com.br
Ponto alto: conforto para famílias. Essa e-bike da Lev tem formato confortável para quem pedala e ainda conta com uma cadeirinha como acessório opcional para levar os pequenos para um passeio.
Rodda | R$8.500 | www.pedallabikes.com.br
Ponto alto: deslocamento urbano. Esse modelo da Pedalla foi pensado para a cidade, a começar pelo estilo: além do quadro rebaixado, a bike vem com protetor de corrente e paralamas, campainha e descanso lateral, com ares cycle-chic.
Impulse 2021/2022 | R$ 11.490 | www.sensebike.com.br
Ponto alto: design. Sofisticada e moderna, essa e-bike da Sense tem um quadro desenvolvido para bicicleta elétrica com geometria esportiva e um novo design com bateria integrada.