A avalanche na montanha da Marmolada, de mais de 3.300 metros de altura, nas Dolomitas no último domingo (3) deixou até o momento ao menos seis mortos e oito montanhistas feridos, e ainda há cerca de 20 outras vítimas desaparecidas, de acordo com o balanço provisório desta segunda-feira de manhã. A Marmolada é a maior geleira das Dolomitas e tem sido visivelmente afetada pelas mudanças climáticas dos últimos anos.
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Causada pelo desprendimento de um sérac, um bloco de gelo de imensas proporções, a avalanche desceu na direção do vale passando pela rota normal. O bloco de gelo se rompeu perto de Punta Rocca, rota muito utilizada por montanhistas para chegar ao cume da Marmolada. Ao menos dois grupos de alpinistas foram atingidos, segundo testemunhas. A onda de neve, gelo e rochas foi varrendo a encosta a cerca de 300 km/h, de acordo com a agência de notícias ANSA, sem chances de escapar para quem estava na rota de colisão. A massa se deslocou cerca de 500 metros verticais, em um percurso de aproximadamente dois quilômetros.
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As operações de resgate mobilizaram cinco helicópteros, dezenas de socorristas e cães farejadores, envolvendo a Proteção Civil, bombeiros e grupos de resgate alpinos. “Felizmente, as condições climáticas são favoráveis, mas o risco é que outros blocos se rompam”, disse um porta-voz dos serviços de emergência dos Alpes. Os feridos foram transportados para hospitais em Belluno, Treviso, Trento e Bolzano, disse o presidente da região do Vêneto, Luca Zaia. Além dos métodos de busca tradicionais, drones com termocâmeras capazes de identificar de variações térmicas foram usados para tentar localizar vítimas que pudessem estar soterradas nas neves, mas ainda vivas.
Foi aberto um número de telefone especial para reportar pessoas desaparecidas que poderiam estar na montanha. Muitos dos corpos localizados estavam sem nenhum tipo de documento de identificação, e a força da avalanche despedaçou os corpos das vítimas na Marmolada. Um serviço de apoio psicológico foi acionado para dar suporte às famílias dos montanhistas envolvidos e a montanha está interditada no momento.
Mudanças climáticas degradam os glaciares
A avalanche da Marmolada ocorreu depois de um recorde de temperatura, que chegou a 10 graus Celsius no sábado (2). Temperaturas elevadas fragilizam glaciares, e as ondas de calor das últimas semanas podem ter fragilizado os glaciares e estar na origem da catástrofe. De acordo com Renato Colucci, especialista em geleiras citado pela agência italiana AGI, o fenômeno “se repetirá”, uma vez que “há semanas as temperaturas nas alturas dos Alpes estão bem acima dos indicadores usuais”. O especialista explica que o calor extremo dos últimos dias provavelmente produziu uma grande quantidade de água líquida proveniente do derretimento da geleira e se acumulou na base do bloco, que desabou por por falta de suporte. A teoria é repercutida por diversos guias alpinos e especialistas, que alertam para o risco de episódios similares.
A região é frequentada por turistas de países vizinhos, como Alemanha, Áustria, França e Suíça. De acordo com o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) publicado em 1º de março, o derretimento de geleiras e da publicado em 1º de março, o derretimento de geleiras e da neve é uma das dez principais ameaças decorrentes do aquecimento global, perturbando os ecossistemas e ameaçando certas infraestruturas. Segundo o IPCC, as geleiras na Escandinávia, Europa Central e do Cáucaso poderiam perder 60% a 80% de sua massa até o final do século.