O triatleta austríaco e especialista em ciclismo de longa distância Michael Strasser fez história ao conquistar as montanhas mais altas de sete países alpinos em apenas sete dias.

O feito, apelidado de 771 Solo Run, marca o terceiro recorde mundial de Strasser. Ele fez tudo correndo ou pedalando, sem nenhuma ajuda externa ou assistência motorizada.

No caminho, Strasser passou pelos picos mais altos da Áustria, França, Alemanha, Itália, Liechtenstein, Eslovênia e Suíça.

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O austríaco iniciou sua jornada em 2 de julho aos pés do Mont Blanc, na França. Sete dias, 10 horas e 56 minutos depois, ele chegou ao seu destino final, o Triglav, na Eslovênia.

O 771 Solo Run cobriu exaustivos 1.400 quilômetros com um ganho de elevação de 36.500 metros. Foram 155 quilômetros e 20.500 metros verticais correndo, com toda distância concluída em pouco mais de sete dias.

Este tempo recorde é agora o FKT (Fastest Known Time), o Tempo Mais Rápido Conhecido, para este desafio, adicionando mais uma conquista à carreira do triatleta.

“Eu sabia que só quebraria o recorde se dormisse minimamente”, enfatizou Strasser. “Nas primeiras noites, dormi cerca de três horas, mas, ao final, dormi apenas duas horas com uma pequena soneca de cerca de 15 minutos durante o dia para reiniciar o ‘computador’.”

Ao dizer ‘computador’, ele se referia à sua mente, destacando os desafios mentais sobre a fadiga física. “Mas é extremamente importante ter pelo menos um sono curto para poder processar mentalmente todas as impressões.”

A jornada de Strasser foi transparente, pois todos puderam acompanhar seu progresso via rastreamento ao vivo por GPS. Ele também compartilhou detalhes do desafio em seu perfil no Strava, onde postou estatísticas após cada etapa.

Michael Strasser analisa os dedos congelados na base do Triglav, a montanha mais alta da Eslovênia. Foto: Red Bull Content Pool.

“O esforço físico foi enorme. Todas as descidas foram extremamente desafiadoras”, explicou Strasser. “Não apenas para os quadris e joelhos, mas também para a cabeça. Você tem que escolher o ritmo certo, o equilíbrio certo entre velocidade e segurança. Se torcer o tornozelo ou cair, pode significar o fim do projeto no qual venho trabalhando há dois anos.”

Junto com sua esposa e filho, Strasser planejou sua rota em 2023, explorando subidas e passagens. Ele até se preparou pedalando com um reboque de bicicleta infantil para simular a bagagem pesada que carregaria.

Strasser não teve nenhuma ajuda externa ou assistência motorizada. Não havia carros de apoio, parceiros de montanha ou apoio lateral. Nem mesmo aplausos de amigos e familiares eram permitidos, pois isso contaria como apoio mental. Strasser transportou todo o seu equipamento, incluindo picaretas de gelo, crampons e sapatos.

Ele afirmou: “Eu tive que organizar todas as refeições, todas as bebidas e todos os lugares para dormir sozinho, e só pude usar infraestruturas que eram publicamente acessíveis.”

O 771 Solo Run é o terceiro recorde mundial de Strasser. O primeiro foi em 2016 com o Cairo2Cape bike solo, onde ele cruzou 11.000 quilômetros de Cairo a Cidade do Cabo em 34 dias, 11 horas e 10 minutos. O segundo foi o projeto Ice2Ice em 2018, pedalando 23.000 quilômetros do Alasca à Patagônia em 84 dias, 11 horas e 50 minutos.

Como o atleta explica, essas experiências anteriores pavimentaram o caminho para o 771 Solo Run: “Eu pratico esse esporte há 18 anos e você só pode suportar tais estresses e tensões se tiver preparado seu corpo para esses picos por muitos anos.”