O australiano Jack Robinson ganhou de Gabriel Medina a disputa pela última vaga para o WSL Finals, decidida na última quarta-feira (16), na decisão do Tahiti Pro.
A vitória de Jack sobre Medina também confirmou a classificação do brasileiro João Chianca para as Olimpíadas de Paris 2024, que será disputada nos mesmos tubos de Teahupoo.
Veja também
+ As histórias dos sobreviventes do incêndio devastador em Maui
+ Como foi o resgate dos surfistas que ficaram 37 horas à deriva na Indonésia
+ Big rider brasileiro de ondas gigantes lança romance voltado ao universo do surf
Chianca, surfista de Saquarema que não competiu na quarta-feira, também garantiu seu nome no WSL Finals, que será disputado em setembro na Califórnia entre os Top-5 no ranking final do Championship Tour (CT).
“Esse ano foi muito louco. Inicialmente, eu só queria passar do corte (da elite no meio da temporada), mas as coisas começaram a acontecer e estou bem feliz com a minha qualificação para o WSL Finals”, disse João Chianca, o Chumbinho, que chegou a vestir a lycra amarela de número 1 do ranking em duas etapas.
“É importante um competidor ter grandes objetivos, então foi uma luta entre sonhar com um título mundial, ou manter a humildade. Essa noite foi uma das mais difíceis pra mim, depois de ter perdido ontem, me senti bem dividido. Eu sabia que poderia ter me classificado, sem depender de resultados dos outros. Mas, sinto que me dediquei o ano todo, confiei no meu talento e quero agradecer a todos que me apoiaram”, destacou Chianca.
Jack Robinson acabou sendo o anjo da guarda do João Chumbinho e foi cirúrgico na decisão do Tahiti Pro. Ele só surfou dois tubos nos 40 minutos da bateria e ambos ganharam nota 7,83. Gabriel Medina começou forte em sua quarta final consecutiva na etapa taitiana, largando na frente com notas 6,83 e 8,17 num tubaço quadrado, que saiu limpo da onda completada com um layback. No entanto, o tricampeão mundial não conseguiu aumentar seu somatório, enquanto Jack Robinson acha uma onda há 8 minutos do fim, que roda o canudo, some lá dentro e sai de um tubo difícil, para vencer por 15,66 a 15,00 pontos.
“Eu estava tão empolgado e tão focado, mas ainda me divertindo. É difícil descrever o sentimento”, disse Jack Robinson. “Eu senti que era a minha hora. Você nunca sabe quando vai ser sua hora, mas senti que era a minha hora agora e estou muito feliz. Após começar este ano da maneira que fiz, depois me contundir, agora voltar a vencer de novo, é porque era a minha hora. Sempre disse a mim mesmo, que o WSL Finals seria o meu último evento do ano e mal posso esperar por isso. Estou superanimado para competir em Trestles”.
Esta foi a segunda vitória do australiano no WSL Championship Tour 2023. A primeira foi no Billabong Pro Pipeline no Havaí, contra o mesmo italiano Leonardo Fioravanti que enfrentou nas semifinais em Teahupoo na quarta-feira. Tanto nos tubos de Pipeline, como agora nos do Taiti, o australiano derrotou Gabriel Medina, que não conseguiu a 18.a vitória em sua 31.a final em etapas do CT.
Essa agora valia a última vaga no grupo dos top-5 que vão disputar o título mundial da temporada no WSL Finals, no melhor dia de ondas no período de 8 a 16 de setembro em Trestles, na Califórnia.
TÍTULO MUNDIAL
Jack Robinson terminou em quinto lugar no ranking e vai fazer o primeiro confronto no sistema mata-mata com João Chianca. Quem vencer, enfrentará o australiano Ethan Ewing, que se contundiu treinando em Teahupoo na semana passada. Caso não se recupere, apenas quatro surfistas competirão em Trestles, então o próximo desafio seria contra o vice-líder, o californiano Griffin Colapinto. Este duelo define o adversário de Filipe Toledo na melhor de três baterias que decidirá o título mundial de 2023.
Gabriel Medina acabou perdendo a oportunidade de buscar um tetracampeonato mundial, mas foi quem surfou os melhores tubos da quarta-feira em Teahupo´o. Ele começou o dia ganhando um duelo de campeões mundiais contra o bicampeão John John Florence. Medina já começou surfando um tubaço nota 8,33, que somou com 7,77 para vencer de goleada, com uma “combination” de 16,10 pontos. Esta foi a 15.a vez que o brasileiro superou o havaiano em 21 baterias disputadas em etapas do CT, incluindo as com três competidores da primeira fase.
Jack Robinson já havia passado por Yago Dora na segunda quarta de final, por uma pequena diferença de 12,93 a 11,10 pontos. O brasileiro surfou o melhor tubo da bateria, que valeu nota 7,10, mas não achou outra onda boa. Nas semifinais, o australiano surfou melhor e totalizou 15,83 pontos, com notas 8,30 e 7,53, contra o italiano Leonardo Fioravanti. Já Gabriel Medina, abriu a semifinal com mais um tubaço incrível que ganhou nota 9,00. O havaiano Barron Mamiya não achou nada para surfar e Medina venceu fácil por 13,33 a 5,17.
“Este é um lugar muito especial para mim e adoro vir para cá sempre”, disse Gabriel Medina. “Eu amo o tempo que fico aqui, amo as pessoas daqui, então foi muito bom fazer outra final no Taiti. Teahupo´o já deu tanto para mim ao longo dos anos, então é sempre ótimo estar aqui e aproveitar esse lugar incrível. Eu fiz tudo o que puder para tornar as coisas difíceis para todos, mas na final não foi o suficiente. A vida é assim mesmo e estou feliz”.Essa foi a nona vez que Gabriel Medina competiu na etapa mais desafiadora do CT e a sexta final que disputou. Ganhou os títulos em 2014 e 2018 e terminou como vice-campeão em 2015, 2017, 2019 e agora em 2023. A vitória de Jack Robinson no Tahiti Pro, também fechou a lista dos dez indicados pela World Surf League, para as Olimpíadas da França e as medalhas do surfe serão disputadas nos mesmos tubos de Teahupo´o. Como apenas dois brasileiros terminaram entre os top-5, a outra vaga ficou com João Chianca.
OLIMPÍADAS DE PARIS
Os outros que já estavam classificados para os Jogos de Paris 2024, são o líder do ranking, Filipe Toledo, Griffin Colapinto e John John Florence pelos Estados Unidos, Ethan Ewing e Jack Robinson pela Austrália, Leonardo Fioravanti da Itália, Kanoa Igarashi do Japão e Jordy Smith e Matthew McGillivray da África do Sul. Já o ranking feminino, ainda falta decidir uma das oito indicadas pela WSL, que completará o time dos Estados Unidos com a campeã olímpica, Carissa Moore.
Essa vaga está entre Caroline Marks e Caitlin Simmers e só será definida no WSL Finals. No Tahiti Pro, Caroline Marks venceu o título, mas a disputa será nas ondas de Trestles. Caitlin vai abrir o sistema mata-mata contra a australiana Molly Picklum, a mesma que derrotou em Teahupo´o na quarta-feira. Quem vencer, enfrentará Caroline Marks e depois tem a australiana Tyler Wright, no confronto que define a adversária da pentacampeã Carissa Moore, na melhor de três baterias que decide o título mundial.
A havaiana encabeça a lista das classificadas para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 pelo ranking da World Surf League. As outras já confirmadas são as australianas Tyler Wright e Molly Picklum, a brasileira Tatiana Weston-Webb, a francesa Johanne Defay, a portuguesa Teresa Bonvalot e Brisa Hennessy da Costa Rica. Tatiana competiu na primeira bateria da quarta-feira em Teahupoo e perdeu para a bicampeã mundial Tyler Wright.
ÚLTIMA VAGA
Tyler Wright poderia tirar o primeiro lugar de Carissa Moore no ranking, se passasse para a final. Ela até surfou o melhor tubo da bateria, que valeu nota 7,67, só que acabou somando com 2,13 e foi derrotada por Caroline Marks por 11,66 pontos. Nas quartas de final, a norte-americana já tinha acabado com as chances de outra australiana, Stephanie Gilmore, se classificar para o WSL Finals. A vitória de Caroline sobre a octacampeã mundial nas quartas de final, confirmou a última vaga nos top-5 para a sua compatriota, Caitllin Simmers.
As duas não tiveram muitas chances para surfar na decisão do Tahiti Pro, pois a bateria foi bem fraca de ondas. Caroline Marks ainda achou um tubo que valeu 5,33 e foi decisivo para definir o baixo placar de 9,23 a 3,94 pontos. Caitlin Simmers está estreando na elite do CT esse ano e não tinha perdido nenhuma final. Venceu a primeira em Portugal e também o Vivo Rio Pro apresentado por Corona em Saquarema, no Brasil. Caroline Marks igualou as duas vitórias, pois já tinha conquistado o título na etapa de El Salvador.
“Estou muito feliz. Esse é o campeonato dos sonhos para vencer, então estou super empolgada por ter conseguido a vitória”, disse Caroline Marks. “As ondas ficaram um pouco estranhas com aquele vento que entrou na final. Depois caí naquele tubo, mas fazer a final com a Caity (Caitlin Simmers) foi superlegal. Ela fez uma bateria muito boa na semifinal, então eu sabia que seria uma luta difícil. Tem sido um ano muito bom para mim e não vejo a hora de chegar o WSL Finals em Trestles”.