Comitê Olímpico adia diretrizes sobre atletas trans para 2022

Neozelandesa Laurel Hubbard fez história ao se tornar a primeira atleta trans a competir em Olimpíadas
Neozelandesa Laurel Hubbard fez história ao se tornar a primeira atleta trans a competir em Olimpíadas

Contrariando a imensa expectativa em torno da definição de diretrizes que ajudem a definir e guiar a participação dos atletas trans nas Olimpíadas, o COI (Comitê Olímpico Internacional) adiou a publicação de documento a respeito do tema, alegando “opiniões muito conflitantes”.

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Com a decisão, é improvável que haja qualquer tipo de oficialização de normas a respeito do assunto até pelo menos a realização das Olimpíadas de Inverno de Pequim, na China, programadas para acontecerem em fevereiro de 2020, ou seja: três anos depois do originalmente planejado.

A decisão foi divulgada pelo diretor médico e científico do COI, Dr. Richard Budgett, que disse que o próximo conselho para federações esportivas internacionais “priorizaria a inclusão” e “evitaria danos”, mas de maneira vaga e sem determinar, entretanto, uma data especifica para a conclusão das rodadas de discussão e publicação de documentos oficiais.

‘Desejo de mudar’

Budgett afirmou recentemente, durante Conferência do Conselho Europeu sobre proteção dos direitos humanos de atletas intersex e transgêneros, que o COI tem objetivo e o desejo de mudar a abordagem atual, com ‘diretrizes amplas e alto nível e mais estrutura’, mas reconheceu que é difícil chegar a pontos comuns.

“As mudanças que queremos promover terão ênfase na prioridade de inclusão e na prevenção de danos a atletas, mas sempre tendo em mente a importância de uma competição justa e significativa. Ainda temos que concordar com a estrutura. É um desafio”, disse.

“Estamos muito cientes de que sexo, é claro, não é binário. É um continuum. Os setores se sobrepõem. E, portanto, as soluções não serão essencialmente binárias”, concluiu sobre a presença de atletas trans nas Olimpíadas, ao estimar a publicação de diretrizes oficiais até fevereiro do ano que vem.

Uma das mudanças mais significativas  e também entre as mais polêmicas – diz respeito à  alteração da abordagem chamada de ‘tamanho único’ para o esporte, permitindo que as mulheres trans possam competir na categoria feminina sem a necessidade de cirurgia de redesignação de gênero, desde que mantenham seus níveis total de testosterona abaixo de 10 nanomoles por litro.

Se mantidas como estão, as diretrizes continuam a permitir, por exemplo, que as mulheres trans devem ser autorizadas a competir nas categorias femininas se reduzirem sua testosterona por um período de 12 meses. Ainda assim, as federações esportivas de cada país podem estabelecer suas próprias regras quanto ao tema, ampliando ou restringindo direitos.