Destinos menos conhecidos na República Dominicana mostram o verdadeiro tesouro natural e cultural da ilha Hispaniola
Por Thaís Valverde*
Há uma vida colorida, saborosa e cheia de adrenalina fora dos belos resorts all-inclusive de Punta Cana e das praias paradisíacas que invadem o nosso imaginário quando pensamos na República Dominicana. Foi viajando por Santo Domingo, Puerto Plata e Samaná que encontrei a pluralidade de paisagens da “Quisqueya”, “a mãe de todas as terras” – como os dominicanos costumam chamar carinhosamente sua nação. A ilha de um pouco mais de 48 mil metros quadrados que faz divisa como Haiti, foi o primeiro assentamento espanhol permanente nas Américas, ou “Novo Mundo”, com a chegada de Cristóvão Co lombo em 1492. E minha sensação foi a de estar em casa, mesmo sem ter cruzado com um único brasileiro nessas regiões da ilha. Isso porque, como nós, os dominicanos são animados, simpáticos, calorosos e sabem apresentar muito bem suas belezas naturais.
Minha viagem começou em Santo Domingo, capital da República Dominicana, considerada a primeira cidade fundada pelos europeus nas Américas e Patrimônio Mundial da UNESCO. O bairro histórico é formado por ruas estreitas com construções arquitetônicas do século 16 ao início do século 20. Muitas delas se transformaram em museus, comércios, restaurantes e hotéis, como o Hodelpa Nicolas de Ovando (diárias a partir de US$ 140), um conjunto de três enormes casarões, com belos pátios que pertenciam ao fundador da cidade, o governador Nicolás de Ovando. Sua localização é ainda mais exclusiva e histórica, na famosa “Calle Las Damas”, a primeira estrada pavimentada do Novo Mundo.
É percorrendo as rodovias, indo mais longe da costa, que o visitante descobre outras paisagens. Incrivelmente, mais de um quarto da ilha é coberta por parques nacionais e reservas científicas. São florestas secas e úmidas, cuja espinha dorsal é o Pico Duarte, o ponto mais alto da República Dominicana e de todas as ilhas do Caribe, com 3.098 metros de altitude. Manguezais, cavernas, cachoeiras, serras, lagos, recifes de coral e santuários marinhos compõem uma incrível paisagem disposta a ser descoberta e desfrutada por qualquer aventureiro. Aqui tem de tudo um pouco. E é único!
PUERTO PLATA DE RIQUEZAS NATURAIS
Na charmosa cidade de Puerto Plata, na costa norte da ilha, o único teleférico do Caribe nos leva a uma altitude de 800 metros no Monte Isabel de Torres e oferece um panorama magnífico de floresta verde exuberante com o azul do Oceano Atlântico ao fundo. Entre as duas cores, reside também um dos principais picos para esporte aquáticos e cachoeiras inesquecíveis.
A começar por Cabarete, uma vila a 40 minutos de carro, no leste de Puerto Plata. Na praia que leva seu nome, as velas e pipas já fazem parte de paisagem. Em fevereiro, Cabarete e a Playa Encuentro fervem com atletas de esportes aquáticos do mundo inteiro durante o Master of the Ocean, o campeonato que reúne as modalidades de surf, windsurf, kitesurf e stand-up paddle. Com aparência de vila simples litorânea e opções de hospedagem em hostels, Cabarete é o point da vida noturna jovem e vibrante. Lanternas penduradas em palmeiras iluminam a beira da praia repleta de bares e restaurantes, que ganham vida com os ritmos dominicanos de merengue e bachata. A gastronomia também marca presença. Não deixe de experimentar o lagostim com molho secreto em La Casita de don Alfredo, com uma cerveja nacional Presidente bem gelada para completar a experiência.
A 30 minutos de Puerto Plata está a Playa de Sosua, um destino conhecido pelos recifes de corais e ideal para prática de mergulho, com fácil acesso a uma grande variedade de locais próximos à costa. A praia é uma pequena baía de areia dourada e água azulada que atrai muitos turistas e também dominicanos. Sabe aquela história de conhecer a vida local? Aqui é o lugar. O entorno da praia também é cheio de restaurantes e agências que oferecem mergulhos mais longe da costa.
Para ficar em Puerto Plata e vivenciar uma proposta de hospedagem diferente dos tradicionais resorts sem perder o prazer de estar em um belo hotel na região do Caribe, o Casa Colonial Beach & Spa (diárias a partir de US$ 276,50) é um hotel-boutique com todos os elementos. De frente para a reservada e calma Playa Dorada, o hotel é ideal para quem quer deitar na espreguiçadeira, apreciar um belo pôr do sol e esquecer os dias da semana.
27 CHARCOS DE DAMAJAGUA
Eu estava ansiosa para conhecer os 27 Charcos de Damajagua, uma série de 27 cachoeiras escondidas e protegidas pelas montanhas do norte da República Dominicana, na comunidade de Imbert, em Puerto Plata. Se você procurar no Instagram fotos deste lugar, vai entender o fascínio pela água azul clara, ora esverdeada, que per corre as paredes de calcário. Com técnicas de canionismo é possível fazer três passeios em que se atravessa 7,12 ou as 27 quedas. A primeira opção geralmente dura de duas a três horas e é de nível fácil. Depois de subir uma leve trilha de 30 minutos, a travessia já começa com um “shot de adrenalina”, com um salto de cerca de cinco metros de altura. A queda na água gelada desperta para o que vai vir em seguida. Prepare-se para escalar, escorregar pelos tobogãs naturais e, claro, saltar muitas vezes. O passeio – feito somente com guias, e que inclui capacete, colete salva-vidas e sapatos para água – custa a partir de 500 pesos dominicanos, o que equivale a US$ 10.
PARAÍSO ENCONTRADO CHAMADO SAMANÁ
A Península de Samaná é com certeza o grande refúgio de ecoturismo da Repú blica Dominicana. Localizada na região nordeste, sua baía é um dos melhores lugares do mundo para observar baleias. Entre janeiro e março, cerca de 2.500 jubartes vão para lá acasalar. As praias de Samaná são conhecidas por serem selvagens, de areia branca, águas quentes e natureza verde em abundância. Vegetação esta que também guarda a cachoeira considerada por muitos a mais bela do Caribe: El Salto el Limón. De fato, a cascata de mais de 40 metros é impressionante. Formada em um paredão esverdeado com musgos, a água cai formando linhas brancas em uma bela piscina de coloração azulada. Sempre me lembrarei de Salto el Limón por ser a primeira cachoeira em que não tremi de frio, pois a água tem uma temperatura muito agradável – você simplesmente não quer sair dali. Chegar até a cachoeira também é uma experiência à parte. A trilha beira um riacho e é aconselhável fazer o trajeto a cavalo, pois há muita lama e desníveis – mas dá para ir a pé com galochas disponíveis no local.
Com um catamarã partindo da Baía de Samaná, há o passeio para o Parque Nacional Los Haitises, um dos 18 parques nacionais do país. Los Haitises é uma área que se estende por 1.600 km2, com formações rochosas de 30 metros que se projetam para fora da água. Entre as rochas, existem mangues, rios e cavernas com pinturas rupestres dos povos Tainos, habitantes nativos da região. O parque também é um verdadeiro santuário de pássaros, com mais de 200 espécies identificadas. Uma boa pedida para conhecer Los Haitises de forma ainda mais imersiva é de caiaque. A agência Explora Ecotour oferece o aluguel do caiaque por duas horas com guia, almoço, transporte e taxa do parque a partir de US$ 215 para duas pessoas, ficando mais em conta com pacotes em grupo.
Se o seu desejo for uma praia paradisíaca, pegue um dos barcos-táxis (a partir de US$ 40) que partem regularmente do porto de Samaná para conhecer a pequena ilha Cayo Levantado, cenário que ficou famoso nos anos 1970 por causa de um comercial da Bacardi. Na ilhota também existe o resort Luxury Bahia Principe (diárias a partir de US$ 133), que possui uma praia privativa, com sistema all-inclusive e até uma churrascaria com um chef brasileiro.
*A repórter Thaís Valverde viajou a convite do Ministério do Turismo da República Dominicana.