Em 2011, norte-americano teve diagnóstico de síndrome de Guillain-Barré. Sete anos depois ele quis encarar uma prova clássica do triathlon
Por Redação
Trent Fielder, de 44 anos, é pai de dois filhos e vive na cidade de Burleson, no Texas. Em 2011, ele estava se preparando para voltar para casa depois do trabalho quando sentiu que não tinha forças para pressionar os pedais do carro. Algumas horas depois, ele ficou paralisado da cintura para baixo.
No hospital, uma tomografia computadorizada e uma punção lombar descobriram que Trent tinha a síndrome de Guillain-Barré, um distúrbio no qual o sistema imunológico ataca o sistema nervoso periférico, paralisando partes ou – em alguns casos – o corpo todo.
Trent passou anos em fisioterapia, treinando para recuperar a mobilidade em suas costas, nuca e pernas.
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Em outubro de 2018, quase sete anos depois de ter ficado pela primeira vez em uma cadeira de rodas, ele completou a clássica prova de triatlhon, um Ironman 70.3 (1,9km no mar, 90km de ciclismo e 21km de corrida), em Nova Orleans.
Inúmeros vídeos circularam na internet mostrando o momento em que Trent alcança a linha de chegada, caindo de joelhos e explodindo em lágrimas.
A doença
A paralisia de Fielder começou sete meses depois que sua esposa deu à luz gêmeos. Depois que soube que tinha a síndrome de Guillain-Barré, Trent também foi diagnosticado com PDIC, um distúrbio neurológico que piorou sua paralisia.
Em dezembro de 2013, Fielder passou por uma cirurgia para aliviar um pouco da dor em sua espinha, mas a cirurgia correu mal. Em janeiro, ele desenvolveu uma embolia, ou coágulo de sangue – o mesmo distúrbio de coagulação que matou seu pai em 2012.
Depois da embolia que quase o matou, Trent passou dois meses em reabilitação. Ele não tinha resposta muscular do umbigo para baixo e a dor piorava.
“Eu estava muito deprimido. Eu começaria a fazer algumas melhorias, mas depois voltaria”, disse o norte-americano ao site Star Telegram. “Eu estava lutando contra a doença que constantemente queria me matar.”
Em 2014, ele começou a fisioterapia no Texas Health Care & Wellness Burleson, onde trabalhou o fortalecimento de seu núcleo, na parte superior das costas e em sua postura.
Treter disse ao Star-Telegram que seu esforço para fazer ainda mais veio em janeiro de 2016, quando ouviu sua filha fazer uma oração: “Querido Deus, neste novo ano, quero que meu pai volte a andar”.
Ele começou a fazer fisioterapia em uma piscina e sentiu a sensação e movimento em seus quadris pela primeira vez em anos, mas ele não tinha recuperado a sensação em suas pernas.
Fielder também começou a treinar na Adaptive Training Foundation, uma organização sem fins lucrativos que ajuda veteranos de guerra e outras pessoas a superarem deficiências físicas, em 2017.
Foi na ONG que ele finalmente conseguiu seus primeiros passos com ajuda de itens improvisados envoltos a suas pernas como bolas de golfe, fita cirúrgica e tubo de PVC.
Trent começou a nadar e a andar novamente. Ele usou pela primeira vez os aparelhos e depois conseguiu andar sem ajuda.
“Os reflexos não estavam lá”, disse ele ao jornal. ‘Os resultados do teste mostraram que eu tinha uma doença incapacitante. Mas eu ainda continuava ficando mais forte.”
Quando se formou na Adaptive Training Foundation em janeiro de 2018, ele decidiu que seu próximo desafio seria competir em meio Ironman.
O treinamento
Não seria fácil: ele teria que nadar 1.900 metros em águas abertas, seguidos de 90 km de ciclismo de estrada, finalizando com 21 km de corrida. Sua única experiência com maratonas foi correr um 5 km quando ele tinha 15 anos.
Arlene White, enfermeira da reabilitação cardíaca do Texas Health Burelson, tornou-se sua treinadora e trabalhou com ele por oito meses.
“Todo dia eu treinava, andava de bicicleta ou estava na cadeira de rodas, eu apenas rezava por outras pessoas”, disse Fielder.
Para conseguir participar da prova, Trent pediu ajuda a amigos, familiares e patrocinadores para ajudar a financiar os custos da competição (cadeira de rodas, bicicleta de mão, equipamento de competição, taxas, custos de treinamento, etc – cerca de US$ 15.000 no total).
Das três modalidades do triathlon, a natação era a mais difícil para Trent, pois ele tinha ataques de pânico na água devido às embolias que teve em 2014 e sofria de insuficiência respiratória.
“Eu tive que encontrar uma maneira de me controlar, então eu encontrei um iPod subaquático e fones de ouvido através de áudio subaquático. Isso me permitiu usar músicas específicas que me davam cadência à minha respiração e movimentos. Eu sabia quando respirar ou sair com base no ritmo. À medida que me tornei mais forte, consegui distâncias mais longas”, explica.
Trent fez praticamente toda a prova de corrida com a cadeira de rodas adaptadas. Mas, nos últimos metros, com ajuda de amigos, ele correu acompanhado até a linha de chegada, emocionando todos ali presente.
“O que eu nunca vou esquecer é que poderia ter ido além. Mais quilômetros na bicicleta, mais na cadeira, pois eu ainda acredito que é devido ao meu foco estar nos outros. Meus gêmeos de 7 anos estavam bem ali. Meu filho olhou para mim e perguntou: “Papai, isso significa que você pode jogar futebol comigo?”