Entidades do montanhismo pedem auxílio do governo brasileiro nas buscas por Edson Vandeira na Cordilheira Branca

Por Redação

Edson Vandeira
Edson Vandeira está desaparecido no Artesonraju ao lado de outros dois montanhistas. Foto: Gabriel Tarso.

Na noite desta segunda-feira (9), uma carta aberta assinada por familiares e amigos de Edson Vandeira junto a 18 entidades ligadas ao montanhismo brasileiro foi divulgada nas redes sociais. O texto pede que o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o Itamaraty, auxilie nas buscas pelo montanhista, guia e fotógrafo que está desaparecido na Cordilheira Branca, no Peru, desde o dia 29 de maio.

A carta pede também a ajuda para a Embaixada do Brasil no Peru para intensificar as buscas e garantir esforços mais imediatos.

“O governo brasileiro tem o dever de atuar rapidamente para garantir todo o suporte possível”, afirma o texto. “Cada minuto perdido reduz as chances de um desfecho positivo, e não podemos permitir que a burocracia ou a falta de ação comprometam vidas.”

Confira a carta na íntegra:

“CARTA ABERTA AO MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES

Nós, familiares, amigos e colegas de montanhismo de Edson Vandeira Costa, fotógrafo e escalador brasileiro de 36 anos, viemos, por meio desta, fazer um apelo urgente. Edson está desaparecido desde 1º de junho de 2025, quando realizava uma expedição no Nevado Artesonraju, na Cordilheira Branca, no Peru, ao lado de dois montanhistas peruanos, Efraín Pretel Alonzo e Jesús Picón Huerta, que também permanecem desaparecidos.

Desde então, mobilizamos todos os recursos possíveis, em colaboração com autoridades peruanas e voluntários locais, na tentativa de ampliar as buscas. No entanto, a região de difícil acesso e de condições climáticas severas impõem desafios que excedem as capacidades das equipes de resgate no momento. A operação necessita com urgência de apoio logístico mais robusto, incluindo um helicóptero especializado para varreduras aéreas em pontos críticos.

Diante da gravidade da situação, apelamos pela atuação urgente do Ministério das Relações Exteriores, em parceria com a Embaixada do Brasil no Peru, para intensificar as buscas e garantir que os esforços sejam imediatos, coordenados e eficazes. O contato direto e a pressão diplomática junto às autoridades peruanas são indispensáveis para que as expedições de resgate avancem de maneira resoluta, com os equipamentos necessários.

O governo brasileiro tem o dever de atuar rapidamente para garantir todo o suporte possível. Cada minuto perdido reduz as chances de um desfecho positivo, e não podemos permitir que a burocracia ou a falta de ação comprometam vidas. É urgente que esta situação seja tratada como prioridade absoluta.

Na expectativa de uma resposta rápida e eficaz por parte de Vossa Excelência, aguardamos sua ação imediata.

Assinam esta carta familiares, amigos, Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME), a Federação de Montanhismo do Estado de São Paulo (FEMESP), Presidente da Federação de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro (FEEMERJ), Federação Paranaense de Montanhismo (FEPAM) e outras 14 entidades ligadas ao montanhismo brasileiro.”

Desaparecido há 10 dias

Edson e os montanhistas peruanos Hommer Alonzo e Jesús Picón Huerta estão desaparecidos desde o dia 29 de maio no Artesonraju, montanha de 6.025 metros conhecida pelo terreno desafiador e localizada na região de Áncash, nos Andes peruanos.

O grupo partiu para realizar uma ascensão técnica na montanha, mas não retornou no último domingo (1), como estava previsto. De acordo com relatos locais, a barraca utilizada pelo grupo foi encontrada vazia na madrugada de segunda-feira (2). Há indícios de que os montanhistas tenham alcançado o cume e enfrentado dificuldades durante a descida.

De acordo com informações da Associação de Guias de Montanha do Peru (AGMP), que está coordenando o resgate, quatro equipes foram mobilizadas para as buscas até agora.

Em depoimento à rede peruana RPP no último domingo (8), o presidente da AGMP Beto Toledo comentou que o primeiro grupo conseguiu chegar à barraca onde os montanhistas permaneceram antes do desaparecimento.

Em seguida, um segundo e um terceiro grupo chegaram aos chamados “pontos críticos” do Artesonraju, utilizando drones e outros equipamentos de busca como suporte.

Sobre as primeiras hipóteses do desaparecimento, Toledo não descartou a possibilidade de os três terem sido vítimas de um desmoronamento enquanto escalavam em direção ao cume, pois os grupos de resgate encontraram indícios dessa possibilidade.

Ele explicou que o registro de imagens durante as operações permitiu identificar sinais de que pode ter ocorrido o desprendimento de um grande bloco de gelo — conhecido como serac.

Uma vaquinha virtual foi criada com objetivo de cobrir custos com transporte, alimentação, equipamentos, helicóptero e o deslocamento de familiares no Peru.