A população atingida pela Covid-19 no alto das montanhas do Himalaia está lidando com o vírus por conta própria, já que não tem assistência médica do governo. Além de não contar com boas instalações de saúde na região das remotas aldeias indígenas, os 16.000 habitantes locais também não têm grande acesso a informações do novo coronavírus, segundo reportagem do The Guardian.
A região não tem estradas adequadas e apenas dois centros de saúde com equipe parcial atendem todas as 10 aldeias do vale. O hospital mais próximo fica a 38 km de distância, na cidade de Gopeshwar.
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A local Phalguni Devi, de 51 anos, ficou 15 dias vivendo isolada em um curral na vila de Pagna junto a uma vaca e dois gatos quando teve sintomas da Covid-19, ainda de acordo com o veículo britânico. Ela tentou se curar com uma mistura de ervas, que não deu certo, e depois foi a uma farmácia da cidade mais próxima, no vale de Nijmola.
Sem nenhuma melhora, Devi teve que ser levada a um hospital a 38 km de distância da sua vila, na cidade de Gopeshwar. Para chegar lá, ela teve que ser conduzida a pé por um rio gelado e depois carregada até o alto do morro para chegar na estrada. O caminho era muito precário, então ela ainda teve que andar até o próximo povoado por 14 km para encontrar a ambulância.
No início de maio, quando a pandemia da Covid-19 estava no auge na Índia e na região do Himalaia, o ativista do vilarejo de Durmi rem Singh escreveu ao diretor médico do distrito de Gopeshwar pedindo que ele enviasse uma equipe para fazer testes na população. Apesar desse e de vários outros pedidos de ajuda, a primeira equipe chegou semanas depois com apenas kits de teste rápido.
“Quando as equipes chegaram, os sintomas já haviam começado a diminuir. Sem provisões e conectividade zero, todos decidiram ficar em casa e beber misturas de ervas. Embora, felizmente, não houve vítimas e os jovens adultos da aldeia puderam controlar todas as famílias, ainda estamos bastante chocados com a indiferença das autoridades em relação a nós”, disse Singh ao The Guardian.
Também no começo de maio, pelo menos 30 pessoas foram evacuadas do acampamento base do Everest após testarem positivo para a Covid-19. Na mesma época, outras 19 também tiveram que sair dos acampamentos do sétimo pico mais alto do mundo, o Dhaulagiri, também no Nepal.