Como produzir comida sustentável a um preço que as pessoas possam pagar?

Produtor da Sylvanaqua Farms explica como técnicas indígenas podem ajudar a produzir comida a preços realmente acessíveis

A busca pela produção e o consumo de alimentos mais sustentáveis, naturais e acessíveis cresce a cada dia, e aparece como alternativa importante à qualidade de vida, saúde e bem estar das pessoas em todo o mundo –  mas a realidade é diferente: apesar das recomendações médicas e do aumento no número de fazendas produtoras, estima-se que apenas 1% da população mundial tenha condições de pagar por esse tipo de comida.

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Para mudar esse quadro, fazendeiros ao redor do globo têm se mobilizado para criar alternativas que tornem esse tipo de produção de alimentos mais acessível e levem produtos de qualidade a mais mesas. O trabalho, de acordo com o fundador da Sylvanaqua Farms, com sede na Virgínia, Estados Unidos, deve começar por uma revisão nos processos agrícolas.

Para Chris Newman, é preciso colocar as pessoas no centro da agricultura sustentável ao invés de direcionar os métodos de produção a redes de revenda, como os supermercados ou feiras agrícolas. Ao The Guardian, ele explicou como, ao lado da esposa, Annie, trabalha para produzir comida sustentável e acessível, de verdade, na operação de 120 acres no norte da Virgínia, que produz frango criado a pasto, ovos e carne suína e bovina de animais alimentados exclusivamente com capim.

Em 2013, o casal deixou seus empregos – ele era engenheiro de software, a Annie era diretora de uma galeria de arte – para fundar a Sylvanaqua Farms. Desde o início, conta, o foco do projeto era a produção de alimentos sem exploração laboral ou do meio ambiente, e que não tornassem a produção cara a ponto de as pessoas não conseguirem pagar para consumir.

“Nosso objetivo na fazenda é produzir com responsabilidade o máximo de alimentos que pudermos e colocá-los no maior número possível de bocas, garantindo que o que produzimos não seja acessível apenas quem tiver muito dinheiro, garantiu Newman”.

Para tornar isso possível, a Sylvanaqua se comprometeu a doar metade de sua colheita para organizações de ajuda alimentar em toda a região de Chesapeake, como parte de um programa de ajuda mútua focado em pessoas que normalmente não podem comprar carne e produtos de alta qualidade.

Outra medida é investir em um tipo de criação de animais e cultivo realmente naturais, com os animais soltos pela terra, sem utilização de fertilizantes ou produtos químicos – possibilidade garantida pelo fato de os próprios animais criarem um ambiente de co-habitação que facilite que os ciclos da cadeia alimentar se completem.

Newman, que é negro e também descendente de índios, utiliza a influência de práticas indígenas na maneira como cultiva seus produtos, explicando como o objetivo de alimentar as pessoas precisa estar no cerne da agricultura sustentável.

Outro fator que ajuda a produzir alimentos sustentáveis realmente acessíveis de acordo com Newman, é o fato de que ele e Annie não têm interesse em acumular terras para ganhar mais dinheiro, mas sim para ter a chance de “produzir mais alimentos que cheguem a mais bocas e possam, literalmente, sustentar as pessoas”, diz.

E é assim, com ‘galinhas felizes’, vacas e porcos livres, e foco na produção de massa, que a Sylvanaqua espera transformar a maneira de produzir alimentos sustentáveis que as pessoas possam pagar para consumir.

“Precisamos saber por quê estamos produzindo alimentos, para quem os estamos produzindo, e garantir que eles cheguem até esse público. No fim, não é sobre tecnologia, não é sobre técnicas, é sobre pessoas”, finaliza.







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