Cada vez mais comuns no exterior, os aeroportos privados ainda são uma novidade no Brasil. Desempenham papel importante no desenvolvimento da chamada “aviação geral”, que não se restringe ao transporte de passageiros da aviação comercial. Além da geração de novas oportunidades de negócios, como otimização no transporte de produtos de e-commerce, essa modalidade aeronáutica facilita a vida de quem possui ou aluga um avião particular, assim como beneficia passageiros da classe executiva e da primeira classe. O aeroporto de Guarulhos, um dos principais da América Latina, acaba de receber autorização da Secretaria Nacional de Aviação para a construção de seu primeiro terminal VIP, com investimento canadense e árabe de US$ 80 milhões. O projeto ainda está em fase inicial, de licenciamento ambiental.
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O futuro setor exclusivo terá área total de cinco mil metros quadrados e ficará entre o terminal 3 e o hangar da companhia American Airlines. O local inicialmente atenderá os passageiros da primeira classe dos voos comerciais, mas também poderá beneficiar passageiros de jatos executivos. As obras estão previstas para durar cerca de três anos e o novo ambiente surge para competir com outro espaço de sucesso: o São Paulo Catarina, primeiro aeroporto internacional privado do Brasil, localizado no município de São Roque, a 70 km da capital. A estrutura em nada lembra um terminal convencional, e quem passa por lá pode acreditar que está em um hotel de luxo. Em vez de lojas e restaurantes de fast food, o saguão de 750 m2 abriga ambientes exclusivos, além de cinema e academia. Também é possível fazer refeições em restaurantes renomados, como o Fasano. O projeto é assinado pela Triptyque Architecture, com mobiliário desenhado pelos arquitetos Murilo Lomas e Sig Bergamin. Os passageiros dividem o ambiente com obras de artistas como Janaina Melo Landini, Fábio Baroli e Pedro Varela.
Para Paul Malicki, CEO da plataforma Flapper, aplicativo de aluguel de jatinhos, o País tem alta demanda por serviços exclusivos, já que os aeroportos tradicionais mal conseguem absorver o fluxo atual de aeronaves. “Os dois modelos devem conviver bem, não é questão de separar ricos e pobres”, explica.
Em grandes aeroportos no exterior, como o JFK, em Nova York, esses terminais exclusivos já são uma realidade bem estruturada. Além das amenidades que ajudam a conquistar esse público, o fato de não enfrentar filas de imigração e alfândega também atrai os milionários. Empresa que já opera em um pequeno espaço no aeroporto de Guarulhos, a Jetex possui ambientes de luxo ao redor do mundo, com destaque para o aeroporto privado de Dubai. Entre seus serviços exclusivos, como bibliotecas e cadeiras relaxantes de alta tecnologia, também leva os passageiros até as aeronaves em carros Rolls-Royce. Adel Mardini, CEO da Jetex, conta que o sucesso em Dubai se dá também pela localização estratégica do país. “Tratamos nossos clientes como convidados, não meros passageiros”, diz.
Um exemplo de praticidade e oportunidades de negócios está no futuro aeroporto privado de Aparecida de Goiânia, em Goiás. O Antares Polo Aeronáutico deve ficar pronto em 2024 e aproveitará sua localização estratégica, no centro do Brasil, para se tornar um hub voltado para o setor. “Não temos limites nas nossas pretensões para o futuro. Vamos trabalhar com todos os públicos com o objetivo de ser um ponto de encontro no País”, afirma Rodrigo Neiva, diretor comercial do futuro aeroporto. Ele explica que a mentalidade de que um avião é apenas um capricho dos milionários não existe mais, dando lugar a um diferencial operacional para empresas e empresários: “Antes do luxo, é uma ferramenta de trabalho”.