Férias: a importância dos períodos de descanso para os ciclistas

Por Gisele Gasparotto*

A importância dos períodos de descanso para os ciclistas - Go Outside
Foto: Shutterstock

Eis um tema bastante polêmico ao qual muitos ciclistas, e atletas no geral, principalmente amadores, não dão tanta importância: o descanso. Existe um momento em que se deve parar por um período para tomar um fôlego para a próxima temporada? Caso positivo, qual é esse momento? Partindo dessa questão, consultei diversos atletas: profissionais, amadores de alta performance e amadores que treinam para manter o condicionamento físico.

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Para os atletas profissionais, o descanso geralmente acontece de uma a duas vezes ao ano, ou quando acaba a temporada de provas ou, então, no intervalo de uma grande prova para outra, como uma volta ciclística, por exemplo. Vincenzo Nibali, ciclista italiano que defendia a Equipe Astana, parou por um mês após o Giro d’Italia e voltou como favorito para a Volta da Espanha. Alex Arseno, ex-atleta da Funvic de São José dos Campos, fez um intervalo de 15 dias depois do Brasileiro de Estrada para correr os Jogos Abertos do Interior. “Tudo depende de como o corpo responde, e eu não tinha mais motivação e força para treinar, por isso optei por um descanso”, comenta Arseno.

Luis Otavio Duarte, triatleta amador de alta performance, diz nunca ter acreditado muito que necessitava de descanso, pois sempre achou que, quanto mais treinasse, melhor ele iria. “Deus nos envelhece, mas nos faz mais espertos”, diz Luiz. Agora, mais experiente, ele faz de uma a duas paradas ao ano, sendo que fica de uma a duas semanas completamente “off” e, depois, volta aos treinos. “Fisiologicamente isso pode ser bom, mas psicologicamente está sendo excelente”, diz. Ele percebeu que existem muitas outras coisas para fazer no final de semana além de pedalar e que essa pausa lhe deu uma pilha absurda para voltar a treinar e focar nos objetivos do próximo ano.

Percebo também que os ciclistas amadores que treinam com o objetivo de manter a forma física e a qualidade de vida não sentem essa necessidade de parar ou desacelerar e, quando o fazem, é por outro motivo: férias com os filhos, viagens, compromissos profissionais ou simplesmente porque não estão no momento. Isso acontece porque esse tipo de ciclista dificilmente ultrapassa seus limites, não exige tanto do corpo, portanto não sente cansaço físico e psicológico que justifique um descanso tão longo.

Por fim, há os ciclistas que só param para se recuperar de uma gripe ou uma queda — consideram esse período como descanso, o que na verdade não é.

Caso você opte pelo descanso, programado ou não, uma sugestão muito útil:

Coloque um aviso de “Fechado para Balanço” e explique a seus amigos de treino que você não abandonou a bicicleta e que você ainda gosta deles. Além disso, durante esse período procure não acessar as redes sociais, porque, se o fizer, de duas uma: ou sentirá inveja dos colegas ou não irá suportar a abstinência e sentará na magrela na primeira oportunidade.

Descanso é para os fortes!

*Texto publicado pela ciclista profissional Gisele Gasparotto em 2013







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