No hall da fama da escalada

Recentemente a escaladora carioca Luciana Di Franco (foto acima) se tornou a primeira brasileira a encadenar uma via esportiva com graduação 10b (um 8b na graduação francesa). A via escolhida pela atleta foi a Vaca Louca, na Barrinha (Rio de Janeiro).


A primeira tentativa de Luciana na via foi há quatro anos, antes de se mudar para a Espanha. Na época, ela disse que não tinha nível para enfrentar a sessão de resistência no final.


Essa não foi a primeira grande conquista de Lu, como é chamada pelos amigos, já que ela também é a dona de um inédito 10a feminino da escalada brasileira. A seguir, a atleta fala sobre sua vida, dificuldades físicas, conquistas e um pouco sobre a escalada no Brasil.


Nova conquista na parede

“Passei as últimas férias de verão no Rio de Janeiro, depois de três anos sem visitar a cidade. Eu estava decidida a tentar (de novo) a via Vaca Louca, na Barrinha. O calor que parecia um forte inimigo, no fim das contas, tornou-se um aliado. No dia da cadena (8 de janeiro) não havia vento algum, me sentia dentro de uma estufa. Por isso, desencanei e pensei que não seria possível encadenar naquelas condições. Mas eu estava determinada a concluir o desafio. Joguei minha mão na última agarra, como se fosse a última coisa a fazer na vida. Foi místico, levando em conta que, com toda aquela quentura, meu corpo só queria sombra e água fresca.”

O mundo de Lu

“Sou do Rio de Janeiro e tenho 30 anos. Estudei antropologia e gestão ambiental, mas deixei tudo de lado quando descobri a escalada há dez anos. Porém, naquela época, tive sérios problemas com uma hérnia de disco e precisei parar de praticar esporte por algum tempo. Aos 25 anos, ignorando o que os médicos me receitavam (eles diziam para eu não escalar mais), voltei para a rocha. Foi como se tivesse começado a respirar outra vez. Menos de um ano depois, viajei para a Europa, onde tive a chance de conhecer os picos mais importantes desse esporte”.


O ano de 2013

“Passei por alguns momentos bem conturbados, e por pouquíssimo a negatividade e a fraqueza não tomaram conta de mim: minha coluna pinçou três vezes e meu ombro saiu do lugar. Por isso, parecia que minha escalada não estava fluindo. É muito desgastante viver com dores diárias. Mas eu também sabia que nada na vida vem de graça e resolvi seguir em frente. Os projetos em Rodellar, um popular local de escalada esportiva da Espanha (onde eu vivo a maior parte do ano), surgiram e, empolgada, driblei as dores”.


Escalada brasileira

"Conheci muita gente forte por esse mundo. Gente fanática, dedicada e disciplinada. E claro que alguns fatores podem auxiliar muito no desenvolvimento da escalada esportiva, como a quantidade e a qualidade de rocha, anos de história e tradição, infraestrutura, entre outros. Por isso, acho que todos os escaladores brasileiros são guerreiros, já que infelizmente aqui é bem mais difícil levar o esporte. Espero que o fato de ter feito essa via incrível sirva de motivação para os atletas brasileiros."