Depois de um 2012 com grandes conquistas, como o tricampeonato mundial e um salto solitário de paraquedas, o canoísta Fernando Fernandes se prepara agora para surfar de caiaque no fenômeno da Pororoca, no rio Amazonas. O que toda esta aventura envolve?
Envolve muito mais do que simplesmente surfar uma onda de rio. É uma aventura que mostra novas possibilidades, que exige muita concentração e dedicação. E o principal: este projeto destrói barreiras por meio da melhor ferramenta de inclusão que existe, o esporte. Agradeço sempre por ter a possibilidade de flutuar sobre as águas.
O desafio está agendado para o fim de abril. O fenômeno é famoso no Rio Amazonas, ocorrendo quando a maré crescente leva a água do mar ao encontro do leito de água doce, formando ondas de até cinco metros de altura e de grande extensão.
A ideia de surfar a Pororoca surgiu quando Fernando assistiu a uma matéria do paracanoista Felipe Kizzu surfando de caiaque. “Naquele momento, enxerguei uma nova possibilidade de interagir com o mar”, explica Fernando.
A seguir confira a entrevista que fizemos com o atleta, onde ele comenta sobre os desafios e expectativas para este novo desafio.
GO OUTSIDE:Qual a diferença no caiaque normal e este que você vai utilizar na Pororoca?
FERNANDO FERNANDES: A maior dificuldade em primeiro lugar foi encontrar o caiaque adequado, pois devido a minha lesão eu tenho algumas necessidades especiais, como, por exemplo, remar com a perna em hiperextensão e um apoio na lombar . Tudo isso para que eu tenha controle sobre o caiaque, além do equilíbrio. É muito difícil ter que achar um ponto de equilíbrio sem sentir as pernas e o quadril, isso exige muito mais que concentração.
Em 2012, você realizou grandes sonhos como, saltar de paraquedas. E este ano mal começou e você vai surfar de caiaque na Pororoca. O que te move a realizar estes desafios?
Desde que me lesionei, coloquei como meta que iria mudar a imagem do esporte adaptado, mostrando para as pessoas que a intensidade é a mesma, o que muda é somente a forma como você realiza o esporte. Neste caso, é preciso criatividade, muita força de vontade e o principal de tudo: "adaptações". Mas eu sabia que, para isso, eu teria que fazer muito mais do que as pessoas esperam, ou seja, não adiantaria eu fazer um salto duplo de paraquedas, pois isso ja é obvio. Contrariando a lógica, eu precisava fazer sozinho. Só assim as pessoas enxergariam novas possibilidades e poderiam entender que tudo é possível na vida, desde que você busque sua forma e seu jeito.
Como foi a preparação para este desafio?
Desde o fim de janeiro, venho fazendo treinos na praia de Riviera com o Bruno Guazzelli (campeão brasileiro de kayaksurf). Os treinos foram importantes, pois a cada dia descobríamos outras necessidades e mudanças necessárias no material para o da Pororoca. O projeto também é mais complexo para mim, pois preciso correr atrás de toda a logística da viagem e, para isso, tive o apoio fundamental do surfista de Pororoca, Serginho Laus, que desde o ano passado está à frente dessas organização.
Confira abaixo o vídeo com o treinamento de Fernando.