Estrelas do SUP

Conheça os grandes nomes do stand-up paddle, o esporte que mais cresce no mundo

Por Mario Mele e Maria Clara Vergueiro



>> Connor Baxter (foto acima)
Com apenas 17 anos de idade, este havaiano acumula experiência de veterano, com visão de longo alcance que só a juventude (de espírito ou de fato) pode proporcionar. Um dia, Connor quer ir às Olimpíadas representando seu país em uma competição de stand-up paddle, que ainda precisa virar esporte oficial dos Jogos. “Este seria o maior feito da minha vida”, sonha o menino, que em menos de dois anos de carreira já conquistou 35 primeiros lugares em provas do calibre da Battle of the Paddle (2011) e da travessia Molokai 2 Oahu (2011 e 2012) – nesta última competição, tornou-se o mais jovem atleta a vencer a prova, cravando o novo recorde mundial de 4h26. Com o estímulo do pai e inspirado por nomes como o californiano Chuck Patterson, Connor subiu em uma prancha de SUP pela primeira vez aos 13 anos e foi fisgado imediatamente. “Fiquei alucinado com a possibilidade de me divertir, participar de provas e fazer travessias por meio desse esporte”, conta Connor, que compete nas modalidades stand-up surf e travessia e pretende passar a vida trabalhando como atleta profissional. “As pranchas estão ficando cada vez menores, o que nos permite fazer muitas manobras e alcançar um prestígio à altura do surf tradicional”, avalia. Fique ligado porque você ainda ouvirá falar muito dele.

>> Danny Ching

Um waterman por natureza, daqueles que se dão bem em qualquer esporte de água, o californiano Danny, de 29 anos, compete de surf ski (aqueles caiaques superestreitos e leves) e de caiaque de velocidade desde 2004. Além disso, consagrou-se campeão mundial de canoa havaiana em 2008. A ótima base nos esportes de remo serviu para ele incluir seu nome nas listas de primeiros colocados em todos os campeonatos de SUP do mundo desde 2009, quando caiu de amores pela modalidade. No mesmo ano, Danny coroou sua estreia no Battle of the Paddle com uma vitória na categoria distance. Em 2010, conseguiu nada menos que seis primeiros lugares no mesmo evento, que acontece anualmente na Califórnia e no Havaí. Subiu ao pódio na prova de novo em 2012, ao lado da neozelandesa Annabel Anderson, vitoriosa entre as mulheres. Tantos resultados fazem de Danny um dos atletas de SUP mais constantes de sua geração. Local de Redondo Beach, na Califórnia, Danny foi o primeiro não-havaiano a vencer a travessia que liga as ilhas de Molokai e Oahu na categoria OC1 (canoa havaiana solo), em 3h31min48s, o segundo melhor tempo da história da prova nesse tipo de embarcação. Para atingir a meta, o atleta treinou muito, cruzando o canal de Ka’iw – um desafio por si só – 27 vezes.


>> Lincoln Dews (foto acima)

Este jovem australiano completará 17 anos no fim de 2012, mas já é um overall do SUP: seja nas ondas, de joelhos e sem remo, em travessias ou à toda velocidade, o rapaz topa qualquer disputa. E olha que ele só começou a competir faz um ano, encorajado pelas provas de surf life saving, modalidade nascida entre os salva-vidas e mais conhecida na Austrália, Nova Zelândia e África do Sul, que usa uma espécie de caiaque de joelhos nas ondas. “O SUP veio como forma de preencher meu tempo quando a temporada de surf life saving termina”, conta Lincoln. Em 2011, aos 15 anos, o menino-prodígio fez sua primeira participação na renomada Battle of the Paddle e, neste ano, ficou entre os top 10 da batalha, perdendo – por enquanto – para nomes de peso como Danny Ching, Connor Baxter e Kai Lenny. Com tempo de sobra para virar o jogo, o adolescente Lincoln tem sido apontado como uma das grandes promessas da modalidade. No ano que vem, pretende estar no grupo dos atletas que disputarão o ISA Paddle Board World Championship.

>> Alessandro Matero, o Amendoim

Pioneiro do SUP no Brasil, Alessandro Matero, o Amendoim, ficou conhecido como atleta de aventura versátil, capaz de correr, pedalar e remar forte. Mas ele admite: na água tudo sempre flui melhor. “A canoagem era a minha melhor modalidade até então, com a qual eu mais me identificava”, conta ele, que em 2003 abriu um clube de canoa havaiana para dar aulas na raia da Universidade de São Paulo (USP). Poucos anos depois, em 2007, ele deixou as provas de aventura de lado para se dedicar às competições de canoa havaiana. Quando deu por si, estava participando, em um SUP, da travessia Molokai 2 Oahu, em 2009, e voltando para casa com um quinto lugar na sua categoria, passando a vice-campeão da mesma prova em 2011. No Battle of the Padle, Alessandro foi melhorando a colocação ano a ano, e entre 2009 e 2012 passou de quinto para primeiro lugar na categoria 30 a 39 anos. Professor (tem mais de 80 alunos da raia da USP), empresário (é dono da marca de remos Matero) e atleta, Alessandro se dedica full time ao esporte, “embora ainda não seja possível viver apenas para as competições”, como ele costuma ponderar. Confiante no futuro do SUP, acredita que o Brasil está crescendo na direção certa. “Começamos junto com o resto do mundo, tivemos bons shapers desde o início e brigamos de igual para igual em campeonatos lá fora. Estamos bem organizados e em constante evolução.”


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>> Roberta Borsari (foto acima)

Esta paulistana já foi instrutora, atleta de canoagem slalom, caiaque oceânico e caiaque polo até se transformar em um dos maiores nomes do caiaque surf, modalidade pouco desenvolvida por aqui, mas bem respeitada nos Estados Unidos e na Europa. Foi assim que virou top 10 no ranking mundial, conquistou uma medalha de bronze na França e chegou às semifinais de um mundial competindo só com homens. Em 2011, foi a primeira mulher a surfar uma onda de pororoca de caiaque. “Essa experiência trouxe de volta para mim o desejo de fazer expedições. Eu já estava empolgada com o SUP e resolvi montar um projeto, o SUPtravessias. Assim resgatei uma antiga paixão e combinei-a com uma nova”, diz Roberta, que passou a registrar suas passagens por ilhas do mundo inteiro desde então. A ideia é reunir um material que revele a cultura, a natureza e os costumes de ilhas e seus habitantes mundo afora, por meio de travessias de SUP. Por enquanto, já esteve nas Maldivas, em Galápagos e nas ilhas do litoral norte paulista. “O projeto é mostrado pela ótica feminina e do SUP, que é um equipamento extremamente versátil: serve como meio de locomoção, para remadas curtas, travessias longas, para surfar, além de ser excelente para a observação da flora e da fauna.”


>> Caio Vaz

No fim dos anos 1980, quando o surfista havaiano Christian Fletcher apareceu na série de filmes Wave Warriors inovando em manobras aéreas, seu visual também passou a ser uma referência: ter cabelo loiro e comprido se tornou o estereótipo do surfista da época, quando o carioca Caio Vaz não era nem nascido. Hoje, além da aparência, Caio tem uma atitude semelhante à de Christian nas ondas, mostrando um surf radical e não dando as costas para mares grandes. Uma diferença entre ambos, no entanto, é a preferência do brasileiro pelo stand-up paddle. Aos 19 anos, Caio é atualmente o quinto no ranking do Stand Up World Tour, o circuito mundial de stand-up paddle nas ondas – ele chegou a líder do circuito depois de conseguir dois bons resultados, um no Havaí e outro na França. “É o primeiro ano que corro todas as etapas, já que no ano passado estive presente em apenas uma”, disse antes de seguir para a terceira perna, no Taiti. Paralelamente ao surf, Caio tem uma carreira de modelo e ator. Já fez trabalhos fotográficos para revistas, como Vogue e Vanity Fair, e viveu um surfista em uma novela global. No começo, era difícil para ele abortar um dia de praia com altas ondas e seguir para as aulas de teatro. Mas acredita estar no caminho certo. “Quero continuar estudando, trabalhando, fazendo cursos de teatro e viajando para conhecer lugares e surfar”, diz. Em outubro, em Ibiraquera (SC), Caio foi vice-campeão brasileiro de stand-up paddle nas ondas, um dia antes de embarcar para a etapa brasileira do Stand Up World Tour, disputada em Maresias (SP).

(Trecho da reportagem publicada originalmente na Go Outside de novembro de 2012)