Montanha que cura



Por Mariana Mesquita

Depois de passar anos na guerra do Afeganistão, 11 soldados norte-americanos se uniram ao aventureiro cego Erik Weihenmayer em busca de um pouco de paz. Para isso, eles decidiram escalar o monte Lobuche (6.110 metros de altitude), no Nepal. O maior problema dos integrantes não foi só a dificuldade imposta pela montanha, mas suas próprias limitações causadas por sequelas físicas e mentais após anos de conflito armado.

Acompanhados pelo diretor de cinema Michael Brown, o desafio ganhou forma de filme, batizado de High Ground. A produção, que estreou neste ano nos Estados Unidos, participou de diversas grandes premiações. A ideia do filme não é mostrar as feridas físicas, mas confissões espontâneas e sinceras, a partir de uma colagem de experiências sobre as consequências malignas da guerra.

Os soldados norte-americanos foram enviados ao Afeganistão depois do atentado terrorista de 11 de setembro de 2001. Onze anos depois e mais de 13 mil vidas perdidas, entre civis e militares, o conflito continua sem resolução.

Confira abaixo o trailer do filme e o bate-papo rápido que a Go Outside online teve com Michael Brown.


ATÉ O TOPO: Ex-soldado se supera para conseguir vencer a montanha

GO OUTSIDE Afinal de contas, quem são estes soldados e como eles foram escolhidos para a expedição?
MICHAEL BROWN Em 2010, o aventureiro Erik Weihenmayer, que é cego, comemorou dez anos desde a sua primeira ascensão ao Everest, a mais alta montanha do mundo. Como uma forma de comemorar a data com o escalador, pensamos em uma expedição que levasse alguns ex-soldados às montanhas. Criamos então esse desafio com 11 veteranos de guerra que sofreram algum tipo de lesão física ou emocional durante a guerra no Afeganistão, e com a ajuda da equipe de Erik realizamos o desafio.

Qual a maior dificuldade de produzir o documentário?

Além das questões técnicas, os soldados de guerra geralmente não confiam em “estranhos”. No caminho, enquanto eles aguardavam nossas instruções de escalada, que geralmente levavam muito tempo, nós conversávamos e aos poucos eles iam contando suas histórias. Parte de ser um cineasta é ter tempo para conhecê-los e construir a confiança necessária para trabalhar em conjunto.