Manual prático do apocalipse

O enlouquecimento global está te deixando maluco? A nós também. Por isso preparamos este guia para você enfrentar com louvor tsunamis, furacões, acidentes nucleares e até o mosquito mais mala do mundo. E mais: histórias de quem saiu com vida de desastres no Brasil, EUA, Japão e Líbia

Por Jason Daley e Maria Clara Vergueiro

> Chuvas!



Em 2011, não apenas o Brasil, mas países como Estados Unidos, Paquistão e Austrália viram suas cidades desaparecer no meio das águas de chuvas torrenciais. Não espere que isso termine: especialistas do INPE fazem previsões pessimistas que incluem o aumento de até 10% das chuvas ao longo dos próximos anos nas regiões brasileiras já castigadas entre os meses de novembro e março. As mesmas pesquisas apontam para uma mudança na natureza das chuvas, que deverão ser mais fortes e mais irregulares. Além do aquecimento global, a expansão urbana e o aumento da canalização dos rios também viraram uma receita para enchentes.
Estatísticas: 300 bilhões de litros – o suficiente para abastecer a cidade de São Paulo por três meses – afundaram a cidade de Blumenau, em Santa Catarina, nas chuvas de 2009, que também destruíram 80% da cidade de Itajaí. A tragédia provocou 4 mil deslizamentos, deixou 79 mil pessoas desabrigadas e matou 100 pessoas.
O pior dos casos: Ficar preso em uma enchente. Apenas 15 centímetros de água em movimento já podem te derrubar, e 60 centímetros podem levar uma picape. Ficar parado esperando pelo resgate numa área segura, como o telhado ou o andar superior de uma casa, é a única estratégia.
Atitude inteligente: Quando um rio límpido torna-se lamacento, traz pedaços flutuantes ou começa a subir, é sinal de enchente. Se ouvir trovões rio acima, mude-se para uma área mais alta.
O mais provável: As ruas virarem rios, e seu carro se transformar numa ilha cercada de água da chuva por todos os lados.
Estratégia: Reduza a velocidade imediatamente e evite passar perto de rios e córregos. A CET recomenda não dirigir por locais alagados onde não se tem boa visão da rua. Se for preciso atravessar um trecho alagado, mantenha o carro acelerado e não troque de marcha.

> Acidente nuclear!

Os problemas na usina japonesa de Fukushima Daiichi, provocados por um terremoto em março de 2011, fizeram com que especialistas surtassem: só nos EUA, das 104 usinas existentes por lá, 23 têm o mesmo design de ventilação e resfriamento da sua colega nipônica. Em 1º de abril deste ano, a usina Angra 1, a mais antiga das duas em atividade no país, completou 30 anos de existência; enquanto isso, a construção de Angra 3 tem término previsto para 2016. A Eletrobas Eletronuclear, empresa responsável pelas operações das usinas brasileiras, publicou um relatório em que procura garantir que não corremos riscos de acidentes provocados por terremotos ou tsunamis, graças às características geológicas e tectônicas da região do Atlântico Sul, onde está nosso território. O relatório também ressalta a posição estratégica das usinas, que estão situadas em uma baía, o que as protege de grandes ondulações do mar. “Quanto ao resfriamento dos reatores”, anuncia o relatório, “além do sistema que utiliza a água do mar, as duas unidades possuem bombas de acionamento mecânico, independentes, capazes de permanecer bombeando água de tanques ou reservatórios até que os sistemas de segurança voltem a funcionar normalmente.”
Estatísticas: 6.000 toneladas de lixo foram produzidas a partir das roupas e dos objetos contaminados pelo césio-137 no maior acidente radioativo da história do Brasil, ocorrido em Goiânia em 1987. Esse entulho radioativo ficará 180 anos isolado em um depósito na cidade de Abadia de Goiás (GO).
O pior dos casos: Estar preso na zona de emergência (um raio de 15 quilômetros) durante um acidente nuclear. Se você se vir nessa situação, feche todas as ventilações e tente encontrar um porão. Se desconfiar que foi contaminado, dispa-se, ponha as roupas num saco plástico, tome um banho e chame autoridades locais imediatamente.
Atitude inteligente: Corra. A exposição à radiação diminui drasticamente conforme nos distanciamos do epicentro do acidente. Afastar-se poucos quilômetros pode reduzir significativamente sua exposição. Uma vez que você esteja a mais de 80 quilômetros do foco, provavelmente estará a salvo.
Cenário mais provável: Derramamento químico causado por capotamentos de caminhões-tanque ou acidentes em plantas de processamento e poços de extração de petróleo. De acordo com o Centro de Resposta Nacional dos EUA, houve mais de 3 mil acidentes químicos e biológicos por lá em 2010.
Estratégia: Vá ao andar mais alto que conseguir, para evitar os gases tóxicos. Desligue todos os ventiladores, aquecedores e aparelhos de ar condicionado. Vede todas as portas e janelas com silvertape.

>> Furacão!
Senhor de muitos nomes
(por exemplo, tufão no sudeste da Ásia e ciclone tropical na Índia e na Austrália), um furacão pode fazer um belo estrago por onde passa. Em abril do ano passado, 875 deles mataram 336 pessoas em seis estados norte-americanos, a maior incidência da história daquele país. Em 2004, o Brasil sentiu na região Sul os efeitos de um ciclone extratropical, batizado de Catarina. Calma: nós, brasileiros, podemos respirar aliviados quando se trata desse assunto. Segundo especialistas, furacões que se formam no hemisfério Norte não atravessam a linha do Equador porque de lá até aqui a rotação da Terra muda e os pulveriza. Além disso, a temperatura elevada do mar brasileiro, aliada a nossa condição dos ventos e da umidade, impede que eles se formem nesta parte do planeta. O máximo que podemos encarar são ciclones raríssimos como o Catarina ou ventos muito fortes.
Estatísticas: 525 mortes causadas por furacões em 2011 nos Estados Unidos.
O pior dos casos: Ser pego por um furacão no meio de uma viagem ao hemisfério Norte. Busque um abrigo, de preferência subterrâneo. Se você estiver a pé ou de bicicleta e não conseguir chegar a um local seguro, procure uma vala e cubra a cabeça.
Atitude inteligente: Vista um capacete, se houver algum por perto. “As pessoas costumam morrer ao serem atingidas por objetos carregados por um furacão”, diz Harold Brooks, pesquisador Laboratório Nacional de Tempestades Severas em Oklahoma, EUA. “Recomendamos o uso de capacete mesmo que você esteja num porão.”

> Ataques de animais!

Em dez anos, os casos de ataques de serpentes mais que dobraram no Brasil, saltando de 11.757 em 2000 para 29.653 em 2010. Esse aumento é associado ao crescimento da população e à melhora no sistema de notificações de ataques, mas não deixa de ser surpreendente. Também pudera: no Brasil, temos um total de 370 espécies de cobras, sendo 55 delas venenosas. Quem domina esse seleto grupo é a jararaca, presente em todo o território nacional. Além das cobras, os malignos escorpiões são peçonhentos que também têm dado as caras com maior frequência, sobretudo nas áreas periféricas das cidades. Segundo Giuseppe Puorto, biólogo e diretor do Museu Biológico do Instituto Butantan (SP), quanto maior o número de áreas urbanas, maior a presença de escorpiões, que adoram um entulho. Os mais letais são os amarelos, presentes nas regiões Sul e Sudeste do país.
Já entre os mamíferos perigosos, as onças reinam na arte de apavorar humanos. A analista ambiental Rose Gasparini explica que o mesmo animal que é visto em diversas regiões dos Estados Unidos (e que por lá ganha o nome de puma) circula por todo o Brasil. Onça sussuarana, leão baio e onça vermelha são alguns nomes regionais para designar o felino, que nestas bandas do hemisfério Sul surgem menores e atacam raramente (diferentemente do que ocorre na América do Norte, onde os ataques são bem mais comuns). Até hoje, há apenas alguns poucos registros de ataques de sussuaranas contra humanos, e outros raros (um deles mortal) de onça pintada, no Mato Grosso, provavelmente provocados pelo turismo pantaneiro. Segundo Rose, se uma pessoa topar com um desses felinos, deve levantar os braços, bater palmas e parecer maior que o animal. Jamais corra ou se abaixe – ele pode achar que você é uma presa.
Estatísticas: 15% das espécies de cobras brasileiras são venenosas. Delas, 90% são jararacas (as menos mortíferas), 8% cascavéis (mais mortíferas, típicas do Cerrado e da Caatinga), 1,5% surucucus (de áreas florestadas, principalmente na Amazônia) e 0,5% corais (presentes em todo o Brasil).
O pior dos casos: Ser picado por uma cobra cascavel em uma região remota.
Atitude inteligente: Lave a região com água e sabão, procure manter o membro que sofreu a mordida para o alto e dirija-se para o centro médico mais próximo. Jamais, em hipótese alguma, morda, fure, corte, sugue, amarre, passe cachaça ou qualquer outra substância no ferimento – isso é a mais pura lenda e não resolve nada.

> Terremoto!


Um de 8.8 na escala Richter no Chile, outro de 8.0 na China, mais um de 7.0 no Haiti, outro de 9.0 no Japão – aos olhos de todos, parece que a taxa de terremotos dos últimos anos vem sofrendo um aumento, não? Mas, de acordo com uma pesquisa de geologia norte-americana, trata-se apenas do aumento natural das atividades sísmicas em áreas menos preparadas ou mais densamente povoadas. Onde será o próximo? De acordo com o geólogo Ideval Souza Costa, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP), as áreas mais propensas são as já conhecidas: na América, toda a costa do continente voltada para o oceano Pacífico (ufa!), incluindo a região dos Andes. Por aqui, não veremos terremotos de alcances catastróficos, graças à posição que o Brasil ocupa na placa Sul-Americana, distante o suficiente de seus vizinhos andinos. Os poucos tremores que sentimos são “sobras” de terremotos que vêm de lá.
Estatísticas: 5.800 é o número de fatalidades que podem ocorrer no caso de um abalo de 7.9 na escala Richter na Falha de San Andreas, um dos pontos de maior risco do mundo, localizado a 3,2 quilômetros de São Francisco.
O pior dos casos: Ficar preso nos escombros. A reação natural é gritar por socorro e lutar para fugir – não faça isso. Gritar pode te fazer inalar toxinas e movimentos repentinos podem deslocar grandes escombros para cima de você. Cubra a boca para bloquear a poeira e bata em alguma coisa para chamar a atenção do resgate.
Atitude inteligente: Antes de viajar para um lugar famoso pela ocorrência de terremotos, como Japão e Chile, leve com você as informações do consulado brasileiro, para procurar ajuda em caso de emergência. O site itamaraty.gov.br fornece uma lista completa de todos os consulados brasileiros no mundo.

> Violência Urbana!

As pesquisas que revelam
dados sobre violência no Brasil parecem manchetes de jornais sensacionalistas. Em 2004, por exemplo, a Organização Mundial da Saúde nos colocava em segundo lugar no ranking dos países com a maior taxa de mortalidade por agressão no mundo, atrás apenas da Colômbia. Anos mais tarde, em 2010, o Instituto Sangari mapeou a violência no país e constatou que, embora tenha havido queda nos índices de assassinatos entre 1997 e 2007, mais de 500 mil pessoas (a maioria jovens de 15 a 24 anos) foram vítimas desse tipo de crime no país na década analisada. Fora daqui, manifestações rebeldes, como as que têm acontecido nos países árabes, Jamaica, Tailândia, Costa do Marfim e até mesmo o Reino Unido, também fazem suas vítimas.
Estatística: 237% foi o aumento no número de assassinatos no Brasil nos últimos 20 anos. Pesquisas da ONU contabilizam 40 mil pessoas mortas pela violência no país nessas duas décadas, o que representa 11% das vítimas do mundo todo. 4.638 foram os homicídios intencionais no trânsito da cidade de São Paulo em 2010.
O pior dos casos: No Brasil, ser assaltado com arma de fogo. Nesse caso, como já se sabe, não reaja, entregue o que tiver e procure agir com tranquilidade. Fora daqui, o pior que pode acontecer é ser pego em um protesto violento em um país como o Egito. De acordo com a AKE, empresa britânica de segurança que treina os correspondentes estrangeiros da CNN, se você se vir repentinamente envolto numa multidão, não fique ali de bobeira: corra até encontrar uma rua tranquila, um hotel ou uma delegacia. A melhor estratégia para lidar com um distúrbio público é a atenção à situação: antes de chegar a um país ou uma cidade, você deve se informar a respeito da situação política e se as autoridades são confiáveis. Memorize a localização de uma instituição médica e do consulado do Brasil. Tenha uma cópia do seu passaporte em algum lugar seguro, no caso de perder seus documentos, e saiba o caminho para o aeroporto ou para a fronteira mais próxima, se as coisas ficarem cabeludas de verdade.
Atitude inteligente: Uma jaqueta pesada de couro ajuda a proteger contra pedras e outros tipos de projéteis. Um boné de polietileno tipo o Vulcan Bump Cap (US$ 6 na amazon.com) pode ser usado como capacete.

> Vulcão!
A cada ano, 60 dos 1.500 vulcões potencialmente ativos no mundo entram em erupção. A maioria apenas cospe algumas poucas cinzas, mas pode ocorrer uma erupção maior – lembra do vulcão Eyjafjallajökull, na Islândia, que interrompeu o tráfego aéreo na Europa durante seis dias em 2010, com suas cinzas de 25 quilômetros de altura? “As atividades vulcânicas regulam a temperatura e o campo magnético da Terra e sempre ocorreram de forma natural. Esses movimentos só são sentidos quando acontecem em áreas povoadas e atrapalham a vida humana”, conta Ideval Souza Costa, geólogo do Instituto de Geociências da USP. Há bilhões de anos o Brasil já teve vulcões em seu território, quando ainda estava grudado no continente africano. Hoje, só restou um, inativo há mais de um milhão de anos: o arquipélago de Fernando de Noronha.
Estatísticas: 200 é número de vulcões ativos na América do Sul, que tem a maior concentração deles no mundo.
O pior dos casos: Estar próximo a uma erupção é, obviamente, ruim. Mas a zona estendida de abrangência das cinzas pode ser tão mortal quanto. Óculos, máscaras e mangas compridas são itens obrigatórios. As cinzas também precisam ser removidas das casas e prédios assim que a situação estiver segura – a maior causa de mortes em erupções é o colapso de telhados devido ao acúmulo de cinzas.
Atitude inteligente: Vai fazer uma caminhada perto de um vulcão? Ouça seu guia. No mundo todo, poucos especialistas sabem mesmo prever atividades vulcânicas, então pesquisadores como Robert Buchwaldt, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA, estão ensinando os locais a identificar pistas de erupções. Exemplos? “Um inchaço em algumas regiões do vulcão, formação de fissuras e plantas morrendo ao redor.”

> Fogo!



“No Brasil
, basta um período maior de seca que os incêndios começam a surgir, sobretudo em áreas de expansão agropecuária”, explica Alberto Setzer, pesquisador e coordenador do monitoramento de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), responsável pelo acompanhamento via satélite de todo o território nacional. Quase sempre provocados pelo homem (propositalmente ou sem querer), os incêndios aumentam ou diminuem de acordo com três variáveis: economia (quanto maior a exportação de produtos agropecuários, maior o estrago, já que se buscam mais lugares onde plantar ou criar gado), clima (quanto mais seco, pior) e fiscalização (quanto menos eficaz, mais queimadas). Enquanto todos se preocupam com o fim das florestas em decorrência do aquecimento global, Alberto olha para outro problema: “Antes disso, teremos queimado a Amazônia inteira”, lamenta o pesquisador.
Estatísticas: 85% foi o aumento no número de queimadas brasileiras entre 2009 e 2010 (comparando o período de 1º de janeiro a 12 de agosto), ano em que se registrou o maior índice de focos e os maiores desastres provocados pelo fogo no país. Entre 2010 e 2011, foram aplicadas multas que somaram R$ 1 bilhão (qualquer tipo de queimada, mesmo no quintal do sua casa, é considerada crime).
O pior dos casos: Você estar próximo a uma queimada, mas sem poder correr para um abrigo à prova de fogo. Se isso acontecer, não fuja – você não corre mais do que o fogo. Em vez disso, amarre um lenço úmido no rosto e deite-se de cara para o chão perto de um lago ou área rochosa. Se não encontrar um lugar desses, use um fósforo ou isqueiro para criar uma clareira de alguns metros quadrados, que será sua área segura. Não tem tempo para isso? Se a cortina de fogo tiver menos de dois metros de largura quando se aproximar de você, dá para tentar saltar através dela até a área que já foi queimada. Não tem coragem? Deite-se de cara para o chão, com a boca o mais perto possível do solo, e cubra-se com um cobertor molhado de fibra natural (lã, por exemplo).
Atitude inteligente: Se você mora em uma região seca e propensa a queimadas, considere fazer um curso de combate ao fogo, para aprender o básico em caso de emergência.
O mais provável: Seu fogareiro explode e começa a pegar fogo.
Estratégia: O primeiro reflexo é jogá-lo longe. Não faça isso. Se você chutá-lo para o mato, vai começar uma queimada. Em vez disso, abafe o fogo com colchonetes isolantes de borracha, roupas não sintéticas ou terra. Se o fogo pegar na copa das árvores, evacue o lugar e chame os bombeiros.

> Tsunami!
Tsunamis não ocorrem por si só – são desencadeados por terremotos, deslizamentos subaquáticos e até mesmo impactos de meteoros. Justamente por isso, não existe possibilidade de vermos um tsunami lambendo as praias do litoral brasileiro, já que estamos bem localizados na placa da América do Sul. Nos Estados Unidos, a costa oeste, o Havaí e o Alasca são os locais mais ameaçados, devido às atividades sísmicas no Anel de Fogo do oceano Pacífico, que produz praticamente 90% dos terremotos do mundo. Uma vez desencadeadas, as ondas, que podem assumir alturas de 3 a 300 metros, chegam sem aviso. Normalmente ocorrem um ou dois tsunamis a cada ano, e um deles costuma ser monstruoso, como o que devastou recentemente a costa nordeste do Japão.
Estatísticas: 530 é a altura, em metros, do tsunami mais alto já registrado, em Lituya Bay, no Alasca, em 1958.
O pior dos casos: Ser pego desprevenido na praia. Num mundo ideal, sensores instalados no oceano acionam sirenes e sistemas de aviso, que dão às comunidades tempo suficiente para evacuar a costa. Mas em muitas partes do mundo onde não há esse tipo de preparo a única saída é observar a natureza. Uma maré subindo ou baixando na hora errada é sinal certo de tsunami. Vá para o segundo andar ou para o telhado de um edifício, suba numa árvore ou, em último caso, segure um colete salva-vidas ou outro objeto que boie. Lembre-se: os tsunamis podem durar até dez horas, e a primeira onda nem sempre é a pior.
Atitude inteligente: Se você estiver na água de caiaque, veleiro ou lancha antes de um tsunami chegar, vá o máximo que conseguir na direção do alto mar. Você será levantado pelas ondas, claro, mas se estiver em águas profundas o suficiente, não será empurrado para a costa.


> Praga!
Desde 1918, quando a gripe espanhola matou entre 50 e 100 milhões de pessoas no mundo todo, não ocorre nenhum tipo de contaminação pelo ar que tenha, efetivamente, devastado parte da raça humana. No ano passado, especialistas relataram que o vírus H1N1, a “gripe suína”, matou 14 mil pessoas. Atualmente, as vacinas e antibióticos do governo também protegem contra o H1N1.
Estatísticas: 40.000 é o número de perdigotos por espirro, que podem permanecer suspensos no ar por horas. 4.434 foram casos confirmados de H1N1 no Brasil em 2009, ano mais crítico da pandemia.
O pior dos casos: Uma pandemia de gripe sem vacina. Se ocorrer alguma, seja vigilante com a higiene: mantenha-se limpo e evite gente com tosse.
Atitude inteligente: Enquanto os paranoicos fazem estoques de remédios, Thomas Kirsch, médico da Cruz Vermelha, diz que o melhor método de evitar uma epidemia é lavar as mãos várias vezes ao dia.

> Mosquitos tropicais!


Como nós, brasileiros, estamos cansados de saber, o Aedes aegypti, o mosquito mais mala de todas as galáxias, é o transmissor da dengue – a doença matou 291 pessoas no ano passado, 143 delas na região sudeste, onde se manifesta com mais força. Existem quatro tipos de manifestações da doença, que tem seu ápice de casos entre os meses de janeiro e abril: infecção inaparente, dengue clássica (DC), febre hemorrágica da dengue (FHD) e síndrome do choque da dengue (SCD), que diferem pelo nível de gravidade, embora os sintomas (febre alta e dores muito fortes no corpo) se assemelhem.
Estatísticas: 3 bilhões é o número de pessoas que vivem em áreas de risco de dengue no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. No Brasil, o número de casos cresceu 1.100% de 2001 a 2011.
Pior dos casos: Ser picado por um mosquito desses em alguma região remota e ter que fazer uma viagem muito longa até chegar em casa ou a um hospital.
Atitude inteligente: Como não há vacina contra a dengue, o principal cuidado continua sendo a prevenção, a partir da checagem de qualquer recipiente com água parada e o uso de repelentes em regiões mais propensas. Tome muito líquido, repouse e espere passar. Não ingira remédios à base de ácido acetilsalicílico, que interfere na coagulação do sangue e pode complicar consideravelmente o quadro.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de maio de 2012)