Novo filme do surfista e cineasta norte-americano Keith Malloy faz uma bela homenagem ao bodysurfing – mais conhecido no Brasil como “pegar um jacaré” Rodado no Taiti, na Nova Zelândia e no Havaí, o filme é uma homenagem ao que Keith chama de “arte perdida” – para ele, nada mais “homem das águas” que se arremessar de cabeça e peito aberto contra ondas gigantescas. A produção venceu prêmios de melhor filme em festivais de surf em Londres e Nova York, e assim como todos os lançamentos da produtora Woodshed Films (que traz no currículo títulos como 180˚ South) esse foi mais um projeto em família: Dan, o irmão caçula de Keith, compôs parte da trilha sonora, enquanto o mais velho, Chris, trabalhou como consultor nas filmagens. Conversamos com o cineasta durante a turnê de lançamento do filme. OUTSIDE: Por que o bodysurfing? Por que você abandonou as competições de surf? O bodysurfing é mais intenso que o surf? Então, você tem que amar muito essa modalidade… Assista a seguir ao trailer de Come Hell or High Water.
(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de fevereiro de 2012)
Por Madison Kahn
CONHECIDO LÁ FORA PELO até que glamouroso termo bodysurfing, o popular “pegar um jacaré” – em que a pessoa surfa a onda de barriga usando, no máximo, um par de nadadeiras e uma pranchinha para ajudar na flutuação – ganhou um filme inteiramente dedicado à modalidade. Relegado a segundo plano em vários países, o esporte conquistou o coração do surfista e cineasta norte-americano Keith Malloy, que lançou recentemente Come Hell or High Water.
KEITH MALLOY: Ainda moleque eu já me divertia à beça fazendo isso. Mas nem chamávamos a modalidade de bodysurfing; para nós, era basicamente ir para o mar e se arrebentar contra as ondas. Quando abandonei as competições de surf, passei um tempo com Mark Cunningham, uma lenda do bodysurfing, e acabei redescobrindo esse outro jeito de pegar onda sem deixar me divertir.
Tentar melhorar e me superar sempre estava me consumindo. Eu comecei a surfar para curtir a vida com meus amigos e encontrar lugares legais para temporadas de surf, não para ficar só competindo.
Bodysurfers não passam de crianças. Jogam-se no mar procurando apenas sua própria satisfação pessoal, seu prazer e só. Não há ego envolvido nesse esporte, até porque ele está na posição mais baixa da hierarquia do surf.
Eu nunca tinha percebido quanta paixão os bodysurfers têm pelo esporte. Quando eu entrevistei esses caras para o filme, a maioria deles se emocionou só de falar sobre o assunto. Nunca tinha visto uma reação assim nos surfistas.