Os escaladores brasileiros têm dado o que falar. Depois de Manoel Morgado concluir o projeto Seven Summits e Ricardo Baltazar “Rato” ter uma brilhante temporada na Patagônia, no fim de fevereiro (dia 26), foi a vez de Felipe Camargo, 20, fincar seu nome nessa seleta lista, sem nem precisar ir tão longe.
Foram oito tentativas em três dias, até "Pikuira" (como Felipe é conhecido na escalada) vencer a mitológica via “Premonição”, na Serra do Cipó (MG) — um dos melhores lugares para escalada no Brasil. Com a ascensão, Felipe se tornou a primeira pessoa a encadear a via, a primeira de graduação 11b no Brasil.
Com o objetivo de escalar o máximo de vias ou boulders de alta dificuldade no Brasil e produzir um vídeo com as imagens, Felipe se lançou no projeto “Premonição”, idealizado por Pedro Leite proprietário da loja de aventura Adrena. Em entrevista à Go Outside online, Felipe relata os detalhes desta aventura e revela os planos futuros. Confira!
Você é novo e, mesmo assim, já se jogou em desafios bem difíceis. Passou por algum momento de risco? Como escalar a via “Premonição”? Quais as maiores dificuldades? Quais seus planos futuros?
INTUITIVO: Felipe trabalha o primeiro crux da via Premonição
Por Mariana Mesquita, da Go Outside on line
FELIPE CAMARGO: Sou de São José do Rio Preto, e comecei a escalar na região há cerca de 10 anos no Sesc, junto com meu irmão mais velho. Um ano depois de bater carteirinha no lugar, foi inaugurado na região o ginásio de escalada “Altitude”, por sinal o lugar onde treino até hoje. Na rocha, comecei alguns anos depois. Já frequentei a região de São Carlos e os arredores de Belo Horizonte. No Brasil, minha região favorita é a Serra do Cipó.
Nunca passei por nenhum risco. O negócio é fazer tudo certinho, assim a escalada esportiva pode ser um esporte bem tranquilo.
Como o meu objetivo esse ano é explorar ao máximo as vias e boulders de alta dificuldade no Brasil, filmar tudo e publicar um vídeo até o fim de 2012, resolvi investir na Premonição. Ela é muito difícil, pois começa com uma sequência de agarras ruins e "pés" muito pequenos. Deve ser um boulder graduado em v11 até a segunda costura. Depois, ainda é preciso encarar um pedaço que deve ser cotado em 10c. Acredito que a ascensão pode ter sido o primeiro 11b brasileiro.
Quero continuar explorando o Brasil e filmando tudo que conseguir para produzir um vídeo no fim deste ano. Com isso, pretendo ajudar a divulgar a escalada brasileira para o resto do mundo.