Pontos de escaladas em São Paulo são mal conservados, diz estudo

Por Redação

Pedra do Baú, em São Bento do Sapucaí. Foto: Marcelo Lozanis / Shutterstock.

Um levantamento feito por geólogos da Universidade de São Paulo (USP) identificou riscos de queda de rochas e falta de sinalização em 80% dos lugares de escalada no estado.

O estudo, publicado em abril na revista científica Sustainability e reproduzido pela Pesquisa Fapesp, mapeou 148 pontos de escaladas no estado – desde os mais imponentes, como a Pedra da Mina, na divisa com Minas Gerais, até os mais modestos, como a praia da Fortaleza, em Ubatuba (SP), examinando seu estado de conservação e de proteção aos visitantes.

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De acordo com os pesquisadores, 80% dos lugares estão em propriedades privadas, fora de unidades de conservação ambiental, sujeitos à erosão e queda de rochas, e sem sinalização, planos de gestão ambiental ou restrições aos visitantes visando à preservação dos animais e da vegetação nativa.

“Em alguns lugares, como a pedreira Garcia, em Campinas, é permitido entrar com cachorros, mas em outros, que merecem ser mais preservados, não deveria”, comentou o geólogo João Paulo Monticelli, da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, escalador desde 2013 e principal autor do mapeamento.

A região de São José dos Campos reúne a maioria, 20 dos pontos de escaladas, e os municípios com mais montanhas no estado. Um deles, São Bento do Sapucaí, tem 12 lugares naturais para escaladas, entre eles a Pedra do Baú, o maior número entre os 645 municípios do estado. A região de Campinas vem em segundo lugar, 18, e São Carlos em terceiro, com 10.

Em outro estudo, de novembro de 2024 na Engineering Geology, Monticelli avaliou os bolts – ancoragem – usados para amarrar a corda nas escaladas no morro do Cuscuzeiro, no município de Analândia.

“A resistência entre o bolt e a rocha nem sempre atinge os valores normativos internacionais”, observa. “Quando a rocha está degradada (intemperizada), a capacidade de carga da ancoragem fica prejudicada.”

Ele ressaltou a importância da manutenção a cada cinco anos, principalmente nas vias mais visitadas, para avaliar a segurança dos pinos e evitar acidentes.