Elas completaram a primeira ascensão de uma via lendária em Madagascar

Por Redação

Sasha DiGiulian e Marianna Ordóñez se tornaram as primeiras mulheres a escalar em livre a via Bravo les Filles, em Madagascar. Foto: Reprodução / Instagram.

Há 26 anos, a lendária escaladora norte-americana Lynn Hill abria o que, na época, foi considerada a escalada de grande parede mais difícil já feita por um grupo exclusivamente feminino. Os paredões de granito do espetacular maciço de Tsaranoro, em Madagascar, serviram de cenário para uma ascensão pioneira e histórica.

Elas batizaram a via de 600 metros de Bravo les Filles — “Bravo, meninas” em francês (um dos dois idiomas principais falados na ilha). Durante a escalada, que durou 15 dias, uma enfiada complicou à equipe: o crux da via, graduado em 5.13d (8b), que elas não conseguiram escalar em livre.

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Mas isso mudou agora, depois que a pupila de Lynn Hill, Sasha DiGiulian, e sua parceira de escalada Marianna “Mango” Ordóñez conseguiram escalar a via em livre — tornando-se as primeiras mulheres da história a realizar o feito e concluindo o projeto iniciado por Hill e sua equipe.

Depois de um esforço de três dias, enfrentando longos trechos sem proteção e passando noites em uma plataforma suspensa na parede, a dupla saiu vitoriosa e escreveu seu nome na história da escalada.

Em um post no Instagram, DiGiulian escreveu:

“Radiante, orgulhosa e grata por ter vivido uma experiência tão memorável em uma linha lendária com uma amiga incrível!!! Também muito grata pela via extraordinária aberta por Lynn Hill, Nancy Feagin, Kath Pyke e Beth Rodden!”

A tentativa de 1999

Amplamente reconhecida como uma das maiores escaladoras esportivas de todos os tempos, Lynn Hill já havia impressionado o mundo com conquistas extraordinárias nas décadas de 1980 e 1990. Sua primeira escalada em livre da via The Nose, no El Capitan, em 1993, garantiu seu nome nos livros de história. No ano seguinte, ela repetiu o feito em apenas 23 horas — o que levou a lenda da escalada alemã Alexander Huber a declarar que Hill havia “superado o domínio masculino na escalada e os deixado para trás”.

Em 1999, ela liderou um time 100% feminino, formado por Nancy Feagin, Kathy Pyke e uma jovem Beth Rodden, então com 19 anos, na tentativa de escalar a via de grande parede mais difícil já aberta por uma equipe feminina. A equipe desenvolveu meticulosamente a via esportiva na parede de granito Tsaranoro Kelly, um desafio imenso. Isso envolveu semanas de trabalho na rocha, abrindo caminho e fixando proteções diretamente na face da parede.

Depois de todo esse esforço, Hill estava exausta. O trabalho de equipar as 13 enfiadas da via parecia ter minado suas chances de conseguir um redpoint — termo usado para descrever uma escalada em livre de uma via previamente ensaiada, realizada sem quedas ou paradas na corda.

Ainda assim, a equipe conseguiu escalar praticamente toda a via em livre, utilizando ajuda artificial apenas na oitava enfiada — o crux, graduado em 5.13d (8b).

O filme abaixo conta a história da expedição de 1999.