
Uma avalanche deixou dois sherpas desaparecidos e vários alpinistas presos na última segunda-feira (7) no Annapurna, no Nepal.
Os sherpas Rima Rinje Sherpa e Ngima Tashi Sherpa trabalhavam entre os Acampamentos 2 e 3, a seção mais perigosa da montanha quando foram atingidos. Os dois seguem desaparecidos.
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Um helicóptero de busca e resgate sobrevoou a montanha na última segunda, e socorristas partiram do Acampamento Base para ajudar nas buscas.
Os dois sherpas desaparecidos trabalham para a empresa Seven Summit Treks. A operadora, sediada em Katmandu, anunciou as conquistas de cume pela manhã, mas não mencionou o acidente naquele momento.
Mais tarde, à noite, o líder da expedição em Annapurna, Chhang Dawa Sherpa, compartilhou alguns detalhes e um vídeo da avalanche, gravado pelo brasileiro Roman Romancini.
Por sorte, Romancini estava mais abaixo na montanha quando a avalanche aconteceu.
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Busca sem sucesso
A avalanche ocorreu ao meio-dia, horário local, a 5.600 metros de altitude, quando os sherpas carregavam cilindros de oxigênio para os montanhistas que seguiriam rumo ao cume.
“Ngima Tashi e Rima Rinje foram arrastados”, disse Chhang Dawa em depoimento reproduzido pelo site ExplorersWeb. “Pemba Thenduk, que também foi atingido pela avalanche, conseguiu se segurar e imediatamente começou a procurá-los.”
Pelo menos outros quatro sherpas que estavam na área correram para o local e ajudaram nas buscas, mas não tiveram sucesso.
Chhang Dawa também informou que o helicóptero buscou por Ngima e Rima até o anoitecer, sem sucesso. Ele ordenou o envio de outro helicóptero com uma equipe de busca a bordo para retomar os trabalhos. Embora as chances de encontrá-los com vida sejam pequenas, “eu não perdi a esperança”, disse Chhang Dawa.
Romancini, que escalava com a Seven Summit Treks, voltou algumas horas depois de partir com o restante do time a partir do Campo 3, ontem. Ele passou a noite no Campo 3 e desceu mais cedo hoje. Foi pura sorte ele ter passado pela seção perigosa entre o Campo 3 e o Campo 2 antes da avalanche acontecer.
Ao retornar ao Acampamento Base e saber da tragédia, ele falou em português sobre a experiência traumática.
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Uma longa descida pela frente
O acidente gerou problemas adicionais para o grande número de montanhistas que ainda estão em altitudes elevadas na montanha.
“A rota entre o Campo 2 e o Campo 3 foi severamente danificada pela avalanche”, admitiu Chhang Dawa. “Vamos fazer o possível para consertar a linha até amanhã.”
Há poucas informações sobre a localização dos demais escaladores que chegaram ao cume na manhã de segunda-feira. No entanto, Lakpa Sherpa, da 8K Expeditions, confirmou que sua equipe está de volta ao Campo 3 para passar a noite. Ele disse ao ExplorersWeb estar confiante de que conseguirão seguir até o Acampamento Base.
Adeus ao Annapurna
Mingma G conseguiu levar sua equipe ao cume, mas se despediu da montanha para sempre. O experiente guia himalaio já temia uma avalanche mortal entre o Campo 2 e o Campo 3, e agora outra atingiu justamente essa área perigosa.
“Este ano foi o mais difícil em Annapurna, comparado com as minhas expedições anteriores, por causa das condições secas, mais fendas e seracs suspensos”, escreveu.
Para ele, foi o suficiente. “Hoje me despedi de vez dessa bela montanha”, afirmou. “Não liderarei mais expedições aqui no futuro. Essa montanha é arriscada demais. A beleza de Annapurna sempre me atraiu, mas não posso mais arriscar minha vida aqui.”