De pioneiras a ativistas: 8 histórias de mulheres que pedalam

Por Redação

De pioneiras históricas a ativistas contemporâneas, conheça mulheres que utilizam a bicicleta como ferramenta de liberdade, saúde e mobilidade, superando barreiras e inspirando outras a conquistar seu espaço nas duas rodas

A bicicleta se tornou símbolo de liberdade e sustentabilidade, e ao longo da história, muitas mulheres contribuíram para popularizar seu uso, desafiando normas sociais e barreiras em um ambiente predominantemente masculino.

No Brasil, as mulheres representam 51,5% da população, mas sua participação no ciclismo ainda é 37% menor que a dos homens, segundo a pesquisa Perfil do Ciclista Brasileiro 2024 da Transporte Ativo. Além disso, as ciclistas enfrentam desafios específicos, como o alto índice de importunação, com 65,7% das mulheres em São Paulo e 67,7% em Belém relatando agressões enquanto pedalavam. Esses desafios são ampliados por fatores raciais e socioeconômicos, dificultando o acesso das mulheres, especialmente as negras, à infraestrutura cicloviária.

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No entanto, iniciativas como o projeto Viver de Bike, criado pelo Instituto Aromeiazero em 2016, que se estrutura a partir de um curso de empreendedorismo e mecânica de bicicletas, com aulas abertas e ações comunitárias, têm sido fundamentais para superar essas barreiras.

O projeto já formou centenas de mulheres em diversas cidades do Brasil, como em Macaé (RJ), onde 162 mulheres foram capacitadas. Em Fortaleza (CE), a adaptação do projeto, o Dando Grau, também superou a paridade de gênero, com 56% de mulheres formadas, promovendo a inclusão e garantindo mais segurança e autonomia.

Separamos uma lista de 8 mulheres que já pedalaram e fizeram história, e outras que estão pedalando e utilizando a bicicleta como ferramenta de empoderamento social. Essas mulheres têm mostrado como a bicicleta pode ser um veículo de transformação, não apenas no transporte, mas também na luta por direitos, igualdade e inclusão.

Jeannie Longo

Uma lenda do ciclismo feminino, com uma carreira repleta de vitórias em campeonatos mundiais e medalhas olímpicas. Nascida na França, ela é reconhecida como uma das ciclistas mais talentosas e duradouras da história do esporte. Com mais de 50 títulos, Longo inspirou gerações de atletas. Sua paixão e dedicação ao ciclismo a tornaram um ícone mundial.

Amelia Bloomer

Foi uma defensora dos direitos das mulheres e pioneira no uso da bicicleta como ferramenta de emancipação. Ela popularizou o traje “bloomer”, que facilitava o ciclismo, e acreditava que a bike oferecia liberdade e autonomia para as mulheres. Seu legado é importante na luta pela mobilidade feminina e igualdade de gênero.

Marianne Vos

marianne vosÉ uma das maiores ciclistas do mundo, com diversos títulos mundiais e olímpicos em sua carreira. Além de seu sucesso nas competições, ela é uma defensora da inclusão feminina no ciclismo, inspirando mulheres a adotarem a bicicleta como meio de mobilidade e liberdade. Sua trajetória é um exemplo de empoderamento no esporte.

Renata Falzoni

É uma das principais jornalistas e defensoras da cultura ciclística no Brasil, conhecida por promover a bicicleta como meio de transporte sustentável. Ela se destaca em sua carreira como apresentadora e comunicadora, além de atuar em iniciativas para melhorar a infraestrutura cicloviária e a segurança das mulheres no trânsito. É uma grande defensora da mobilidade urbana e da inclusão social através da bike.

Aline OS

É fundadora do Senoritas Courier, coletivo de mensageiras que promove o empoderamento feminino no ciclismo urbano. Ela se destaca como referência no movimento de mulheres no bike courier, buscando mais visibilidade e segurança para as ciclistas. Seu trabalho também visa criar um ambiente mais inclusivo e igualitário no trânsito.

Cintia Santo

Guia de turismo e fundadora do Pedala Preta – Foi uma das que teve seu projeto contemplado na Bikeatona do Instituto Aromeiazero. Cintia diz que sua relação com a bicicleta vai muito além de um meio de transporte. “Quando utilizo a bike, estou movimentando o meu corpo e relaxando a minha mente, além de deixar de emitir poluentes para a atmosfera. Através do cicloturismo, consigo gerar renda para minha família e trabalhar a educação patrimonial e o direito à cidade, contribuindo para uma comunidade mais consciente.”

Ruth Costa

Diretora financeira da ParaCiclo, Ruth fala que a bicicleta entrou em sua vida por necessidade. “Com o transporte público precário e inacessível, levar meus filhos à escola era desafiador, e foi então que descobri na bicicleta uma solução prática e acessível. No início, era apenas um meio de transporte, mas logo percebi que ela me proporciona liberdade, autonomia, saúde e independência. Comecei a explorar a cidade sobre duas rodas, descobrindo novos caminhos e possibilidades, e me senti mais conectada com a cidade e com o meu corpo. Hoje, a bicicleta é parte essencial da minha vida. Uso-a em quase 100% dos meus percursos, faço alguns longuinhos e encontro amigos. Sou uma ativista da mobilidade ativa e a bike é símbolo da minha luta por uma cidade mais justa e inclusiva.”

Sandra Monteiro

Ela foi participante do curso Dando Grau, promovido pelo programa Pedala Mais, que capacita pessoas a empreender com bicicletas, em que o Instituto Aromeiazero ofereceu apoio consultivo e aplicou a metodologia do Viver de Bike. Além disso, é confeiteira. Sua ligação com a bike é muito forte. “Com a bicicleta, consigo me locomover, vender meus produtos e fazer propaganda para meus clientes. Sem ela, não conseguiria realizar meu trabalho. Além disso, a bike tem sido essencial para minha saúde, ajudando-me a pedalar novamente e melhorar minha qualidade de vida. Para mim, a bike é como minhas pernas e meu coração, me levando de cliente em cliente todos os dias.”