Equipes de resgate em Honolulu, no Havaí, salvaram no domingo (9) um casal da Califórnia que ficou ferido em uma trilha fechada ao público há décadas devido a um deslizamento de rochas fatal.
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A trilha de Sacred Falls leva os aventureiros a um poço e a uma cachoeira de 24 metros de altura, mas foi permanentemente fechada no Dia das Mães de 1999, após um deslizamento de rochas que matou oito pessoas e feriu várias outras. Muitos dos que conseguiram escapar sofreram ferimentos graves e com risco de vida.
O incidente desta semana começou no domingo, quando um casal da Califórnia, na faixa dos 60 anos, sofreu múltiplos ferimentos apenas 15 minutos após iniciar a trilha e percebeu que não conseguiria continuar por conta própria. O Corpo de Bombeiros de Honolulu enviou seis unidades com 17 socorristas, que prestaram atendimento antes de resgatar o casal com um helicóptero. O caso ocorreu apenas um dia depois de outro aventureiro, Karl Newman, de 49 anos, morrer após cair de uma cachoeira de 18 metros em Maui.
A entrada da trilha de Sacred Falls contém portões trancados e placas alertando sobre os perigos da caminhada, além da ameaça que representa para os socorristas. Resgates como esse são demorados, perigosos para as equipes de resgate e podem custar aos contribuintes entre US$ 1.000 e US$ 2.500 (R$ 5.700 a R$ 14.400) .
No ano passado, o capitão dos bombeiros de Honolulu, Jaimie Song, explicou que o departamento recebe até dois chamados de resgate por dia. Dados do Corpo de Bombeiros de Honolulu mostraram que, entre 2022 e 2024, foram realizados 510 resgates em trilhas regulamentadas e 282 em trilhas ilegais ou não listadas.
O caso é mais um entre muitos que levaram alguns funcionários do governo do Havaí a pressionar por leis que permitam ao estado repassar os custos do resgate para os aventureiros, especialmente em situações envolvendo invasão de áreas fechadas.
Estados norte-americanos como Idaho, Maine, New Hampshire, Oregon, Dakota do Sul e Vermont já possuem leis semelhantes, embora raramente sejam aplicadas. No Havaí, projetos de lei semelhantes falharam em 2023 e 2024. No entanto, legisladores recentemente propuseram dois novos projetos. O Projeto de Lei do Senado 130 permitiria que as autoridades recuperassem os custos do resgate, enquanto o Projeto de Lei do Senado 508 criaria um cartão “Hike Safe” de US$ 25, isentando portadores do custo do resgate, caso precisem de socorro. A receita gerada pelo cartão seria destinada a um fundo especial para equipes de busca e resgate.
A ideia de cobrar pelos resgates tem gerado opiniões divergentes no Havaí. No ano passado, a senadora estadual Lynn DeCoite declarou: “Quero ver uma lei em vigor para que as pessoas entendam que não podemos continuar sobrecarregando nossos serviços de emergência devido à imprudência daqueles que não respeitam seus próprios limites”.
Por outro lado, o Corpo de Bombeiros de Honolulu se opõe a qualquer medida para cobrar os custos dos resgates, citando preocupações com a segurança de aventureiros e da comunidade.
A porta-voz do Corpo de Bombeiros de Honolulu, Louise Kim McCoy, disse recentemente ao Honolulu Star-Advertiser: “A cobrança por certos resgates pode fazer com que pessoas perdidas ou feridas hesitem em pedir ajuda às equipes de emergência”. Segundo ela, atrasos causados por essa hesitação poderiam agravar a situação, colocando mais vidas em risco.
Nos Estados Unidos e no Canadá, trilheiros quase nunca pagam por seus próprios resgates. Uma exceção notável é New Hampshire, onde uma lei estadual permite que as autoridades exijam reembolso de aventureiros considerados negligentes.