O K2, a segunda montanha mais alta do mundo, está ficando mais fácil de escalar?

Por Owen Clark e Steven Potter*

k2
Foto: Shutterstock.

Com 8.611 metros, o K2 é a segunda montanha mais alta do mundo, atrás apenas do Everest (8.848m), e tem sido tradicionalmente considerada a mais difícil dos 14 picos com mais de 8.000 metros.

A montanha ganhou o apelido de “Montanha Selvagem” em 1953, quando o alpinista e físico norte-americano George Bell, que quase morreu em uma queda envolvendo seis pessoas, declarou à imprensa: “É uma montanha selvagem que tenta te matar”.

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Até recentemente, a proporção de mortes em relação ao número de cumes fazia jus a esse nome. A taxa histórica de fatalidades do K2 era superior a 20%, tornando-o um dos objetivos de montanhismo em alta altitude mais perigosos do mundo — comparável apenas ao Annapurna I (8.091 m), cuja taxa de mortes superava 30%, e ao Nanga Parbat (8.126 m), com uma taxa de fatalidade em torno de 21%.

No entanto, enquanto a altura e a dificuldade técnica do K2 tradicionalmente afastavam os montanhistas amadores que preferem montanhas “mais fáceis” como o Everest, expedições comerciais têm invadido o cume do K2 nos últimos anos. Até 2021, apenas 377 alpinistas haviam alcançado o topo da montanha, e o recorde de um único ano era de 62 cumes em 2018.

Em 2022, entretanto, 200 pessoas chegaram ao cume, sendo 145 em um único período de 24 horas, com apenas duas mortes. Em 2023, houve uma morte para cerca de 112 cumes. Esses números reduziram drasticamente a taxa de fatalidade geral do K2 de 25% em 2021 para aproximadamente 13% — levando a uma reavaliação generalizada da viabilidade do K2 como um destino de expedições guiadas. “O modelo do Everest agora é oficial no K2”, escreveu o cronista do Himalaia Alan Arnette em um blog de julho de 2022. “Eu [uma vez] escrevi que o K2 nunca se tornaria o Everest… Eu estava errado.”

Por outro lado, a montanha continua perigosa. A superlotação no pico está se tornando uma preocupação, especialmente nas seções técnicas da rota padrão — como o Bottleneck — que são propensas a congestionamentos.

O aumento de expedições guiadas também trouxe à tona preocupações éticas relacionadas ao alpinismo em alta altitude e à exploração de trabalhadores. Isso ficou evidente em julho de 2023, quando um carregador chamado Muhammad Hassan, mal equipado e mal treinado, desmaiou em uma parte elevada da montanha.

A mídia reagiu com acusações de que dezenas de alpinistas, focados apenas no cume, passaram por Hassan enquanto ele agonizava; embora relatos posteriores indiquem que alpinistas renomados como Kristin Harila e o brasileiro Gabriel Tarso prestaram assistência. O governo do Paquistão abriu uma investigação e proibiu a empresa Lela Peak Expeditions, empregadora de Hassan, de operar na região por dois anos.

Guiada ou não, a parte superior do K2 é um dos lugares menos hospitaleiros da Terra. Para aqueles que desejam fugir das multidões, a montanha oferece quase uma dúzia de rotas alternativas já existentes, porém raramente tentadas, muitas das quais partem do remoto lado chinês. Além disso, há várias possibilidades de primeiras ascensões esperando pelos melhores e mais corajosos alpinistas de alta altitude.

Curiosidades sobre o K2

Elevação: 8.611 metros / 28.251 pés
Cordilheira: Karakorum, Caxemira, Paquistão/China
Primeira ascensão: 31 de julho de 1954
Primeiros montanhistas a alcançar o cume: Lino Lacedelli e Achille Compagnoni
Número acumulado de cumes bem-sucedidos: 800 (aproximadamente)
Número acumulado de mortes: 96
Relação aproximada de mortes por cumes: 11:100
Custo médio para escalar: US$ 30 mil (cerca de R$ 180 mil)

*Climbing Magazine