No Pico: Marcelo Naddeo eterniza paisagens icônicas do montanhismo brasileiro

Por Alexandre Versiani*

marcelo naddeo
Vista espetacular do amanhecer na Serra da Mantiqueira, na subida do Pico do Marins. Foto: Marcelo Naddeo.

Chegar aos 50 anos pode significar, para muitos, o início do fim, o começo da descida. Afinal, muitas metas já foram cumpridas, conquistas profissionais alcançadas, formar uma família ou comprar uma casa já deixaram de ser uma questão. Até o momento em que bate a pergunta: e aí, o que vem depois?

Será que corpo e mente ainda respondem tão bem a novos estímulos, novas experiências e cuidados? Essa era a dúvida do experiente fotógrafo paulistano Marcelo Naddeo, que completou meio século de vida em março deste ano.

De brinde, Naddeo recebeu um diagnóstico de hipotireoidismo acentuado e uma pré-diabetes. “Nunca havia imaginado estar nessa condição, afinal, de certa forma, sempre fui ativo, sem muitos vícios, peso controlado e saúde relativamente em dia. Ou pelo menos era o que imaginava”, conta.

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Imagem de drone do Pico do Itaguaré. Foto: Marcelo Naddeo.
Clique noturno da barraca no Pico do Marins. Foto: Marcelo Naddeo.

As descobertas acabaram o levando a se preocupar de verdade com a saúde, a de alguém que realmente precisa de acompanhamento médico e disciplina para ter qualidade de vida no futuro. Musculação, natação, caminhada, dieta, remédios…. “Não há milagre, é cuidado e propósito”, diz.

Seis meses depois de começar o tratamento, o fotógrafo percebeu que ainda poderia testar seus limites. “Nasceu a perspectiva para uma nova jornada, a de poder voltar a praticar atividades que exijam mais: no meu caso, principalmente as ligadas a esporte, natureza e imagens”, relata.

A descida do Pico das Agulhas Negras. Foto: Marcelo Naddeo.
Amanhecer no campo base do Itaguaré. Foto: Marcelo Naddeo.
Trilha no Pico dos Marins. Foto: Marcelo Naddeo.
Pausa para apreciar a vista durante subida Pico das Agulhas Negras. Foto: Marcelo Naddeo.

Esse foi o ponto de partida para uma jornada que o levou a escalar três das montanhas mais icônicas do Brasil: Pico dos Marins, Pico do Itaguaré e Agulhas Negras, sem deixar de lado a paixão pela fotografia. O que tornou a empreitada ainda mais especial foi uma nova abordagem minimalista em seus cliques: nada de grandes equipamentos, apenas um drone e um celular. “Todas essas fotos foram tiradas de drone ou celular”, explica Naddeo. O que poderia parecer uma limitação se transformou em uma vantagem, permitindo ao fotógrafo focar na experiência e na conexão com a natureza.

Marcelo também vê essas aventuras como um primeiro passo para algo maior. “Estou me programando para fazer alta montanha também”, revela. E, curiosamente, ele se sente melhor agora, aos 50, do que se sentia aos 48 ou 49 anos. Assim, o que parecia ser o início de uma descida se tornou, na verdade, uma subida constante, com muitas montanhas pela frente. “Obviamente (ainda) não me passa pela cabeça chegar ao Everest ou coisa do tipo, mas sempre há um começo para chegar aonde queremos. Seguimos!”, finaliza Naddeo.

Mais cliques de Marcelo Naddeo

*Matéria originalmente publicada na edição 183 da Go Outside.