Na entrada da trilha principal do Monte Whitney, na Califórnia (EUA), há uma balança para pesar as mochilas. Em setembro, antes de começar minha caminhada, coloquei a minha na balança.
Para uma trilha de 35 km, levei 3 litros de água, café da manhã, almoço, lanches, aquecedores de mão, luvas, uma jaqueta, um carregador solar para o celular, um kit de primeiros socorros, um filtro de água e alguns itens extras. O peso total foi de 8,6 kg, longe de impressionar os adeptos do ultraleve.
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Por isso, quando li online que no último fim de semana a equipe de Busca e Resgate local teve que salvar dois trilheiros — que carregavam juntos cerca de 68 kg de equipamentos recém comprados e 19 litros de água — fiquei boquiaberto. Só os 19 litros de água pesam quase 19 kg. No total, isso significa que cada trilheiro carregava cerca de 43 kg —cinco vezes o peso da minha mochila. Mesmo os trilheiros mais experientes teriam dificuldade com essa carga. Como eles esperavam conseguir?
Sem surpresa, eles não chegaram muito longe. A dupla começou a trilha às 18h de sexta-feira, 1º de novembro, planejando acampar no Lone Pine Lake e alcançar o cume no sábado. Caminharam 4,3 km até ficarem exaustos e pararem às 3h da manhã. Nesse ponto, um deles já tinha duas bolhas nos pés e uma forte dor de cabeça, então montaram acampamento na trilha. Mais tarde, acordaram sob neve que encheu seus sapatos.
Felizmente, a dupla reconheceu seus limites e pediu ajuda usando a função SOS do iPhone. Às 10h de sábado, a equipe de resgate já estava a caminho, chegando até eles às 13h40 e escoltando-os até o ponto de partida às 15h15.
É evidente que a dupla era nova em trilhas: tiveram que comprar todo o equipamento para a caminhada, e a quantidade absurda que trouxeram surpreenderia até os trilheiros mais fortes. Entre os 68 kg de equipamento, faltavam itens essenciais como um mapa, um recipiente para armazenar alimentos à prova de ursos e um filtro de água. Este último teria sido especialmente útil, já que a trilha do Mount Whitney possui muitos lagos e fontes confiáveis, tornando desnecessário carregar mais de alguns litros de água.
Como a montanha mais alta dos 48 estados contíguos, o Mount Whitney é um sonho para trilheiros de todos os níveis. No entanto, é uma aventura séria que exige muita pesquisa e preparação. Em uma publicação no Instagram sobre o resgate, a equipe resgate (SAR) de Inyo recomendou que trilheiros sem experiência ou equipamento adequado contratassem guias. Conversamos com Ryan Huetter, guia certificado IFMGA/AMGA da Sierra Mountain Guides, para ouvir sua perspectiva. Ele já guiou desde novatos completos até especialistas em expedições pelos Sierras e pelo mundo.
“Para muitas pessoas inexperientes, que talvez nem tenham experiência prévia com mochilões, muito menos com altitude ou clima ruim, a trilha do Monte Whitney pode ser incompreensivelmente difícil”, diz ele. Um trilheiro inexperiente pode até conseguir subir e descer sem problemas em clima perfeito, mas, “no início ou no fim da temporada, ou em condições de inverno, não é o lugar para aprender essas habilidades”, alerta.
Guias podem evitar desastres evitáveis, como levar 68 kg de equipamento e 19 litros de água. Eles ajudam a revisar os itens na mochila, eliminando o que não é necessário. Dependendo da empresa e da expedição, guias também podem fornecer equipamentos para trilheiros que não os possuem. No entanto, Huetter já viu de tudo em relação a erros de equipamentos.
“Já vi pessoas prendendo com fita adesiva um pacote de 30 garrafas pequenas de água na mochila”, conta. “Também já vi isso acontecer com caixas de cerveja.” Para os Sierras, ele recomenda carregar dois litros de água e usar filtros simples como o BeFree ou Sawyer Squeeze.
A altura e beleza do Monte Whitney atraem trilheiros de diferentes níveis de experiência ao redor do mundo. Não é incomum ver trilheiros quebrando as regras de Leave No Trace ou agindo de forma errática. Apesar de contratar um guia ou fazer mais pesquisas ter poupado essa dupla de muitos problemas, eles tomaram algumas decisões certas: pararam para descansar quando estavam exaustos, não se separaram, pediram ajuda quando as condições pioraram e seguiram as instruções da equipe SAR ao descer.
As lições dessa história? Não carregue peso demais, leve equipamentos essenciais, prepare-se fisicamente antes de encarar uma trilha desafiadora, verifique a previsão do tempo e esteja pronto para condições adversas ao caminhar em montanhas no início ou fim da temporada.
Acima de tudo, lembre-se de que o acesso ao SAR é um privilégio que salva vidas, mantido por doações da comunidade e, às vezes, trabalho voluntário. Considere apoiar sua equipe local de Busca e Resgate, fazendo uma doação ou até mesmo se juntando a ela.