Gary Kristensen cultivou uma abóbora gigante em seu quintal e, em seguida, remou com ela por 74 km no Rio Columbia, nos EUA, para estabelecer um novo recorde mundial.
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Gary Kristensen mergulhou seu remo de lâmina dupla no Rio Columbia e puxou com toda a força. O esforço parecia inútil – como remar em um mar de pasta de amendoim. Kristensen, de 46 anos, esperava um vento suave a favor, mas as rajadas atingiam 55 km/h, jogando ondas sobre ele. Ao lado, um caiaque de apoio precisava remar para trás para acompanhar seu ritmo lento.
Sua jornada teria sido mais fácil, claro, se ele não estivesse em uma embarcação de 430 kg: uma abóbora gigante. Entre 12 e 13 de outubro, Kristensen, avaliador imobiliário de Happy Valley, Oregon, nos Estados Unidos, passou 26 horas remando sua abóbora pelo Rio Columbia, completando 73,5 km, uma marca que o Guinness World Records recentemente reconheceu como o novo recorde de “maior distância percorrida em uma abóbora”. Em entrevista à Outside USA, Kristensen disse que a jornada foi um verdadeiro teste para qualquer remador.
“A água vinha constantemente sobre a borda,” contou. “Era como remar em uma tigela de sopa.”
Kristensen não é novato em usar abóboras enormes como barcos – ele rema em abóboras desde 2011. Desde 2013, participa da Regata Anual de Abóboras Gigantes da Costa Oeste, em Tualatin, e venceu quatro vezes desde 2018.
Até este ano, o recorde era de 63 km, estabelecido em outubro passado no Rio Missouri por Steve Kueny e sua abóbora, Huckleberry. Ao ver suas próprias abóboras crescerem, Kristensen pensou que uma delas poderia bater Huckleberry. Ele a chamou de “The Punky Loafster”, em homenagem a uma sitcom dos anos 80, mas também por ter usado tábuas para que a abóbora crescesse longa e fina, como um pão.
“Se você vai competir com uma abóbora, quer algo menor, de 320 a 360 kg,” explicou. Para longas distâncias em um rio como o Columbia, com tráfego de barcos, vento e ondas, uma abóbora maior é ideal, oferecendo mais espaço e capacidade de flutuação. “Você também quer que ela seja o mais longa e simétrica possível, com fundo plano e superfície lisa,” acrescentou.
Kristensen treinou para a jornada com corridas diárias e longas remadas nos fins de semana, usando espaguetes de piscina ao redor do caiaque para simular o arrasto da abóbora. O Punky Loafster, com 4,2 metros de circunferência, pesava 555 kg antes de ser esvaziado, e ainda pesava 430 kg quando Kristensen entrou e começou a remar. Comparado a um caiaque médio, que pesa cerca de 20 kg, é fácil entender por que manobrar o Loafster foi tão difícil. “Você rema e ele simplesmente não se move,” disse ele.
Com uma pequena bomba para drenar a água e um tapete de ioga para se sentar, Kristensen começou sua jornada em 12 de outubro. Mesmo para os padrões de remada em abóboras, foi um desafio. O recordista anterior, Kueny, manteve uma média de 5,6 km/h no Missouri; Kristensen e seu Loafster marcaram cerca de 2,7 km/h. “Foi patético,” brincou. “O melhor que tivemos foi uma corrente de 0,8 km/h. Em alguns momentos, parecia até que a corrente estava contra nós.”
Rajadas fortes e ondas grandes tornaram a remada ainda mais difícil. Quando tentava parar para drenar a abóbora gigante, o equilíbrio era difícil, e ele quase virou. Levou uma hora para alcançar a margem, drenar a abóbora e esperar o vento diminuir, mas conseguiu sem afundar.
À noite, outro contratempo: as luzes no barco de apoio pegaram fogo, e eles precisaram seguir no escuro. Kristensen continuou a remar por 17 horas até o amanhecer, quando encontraram uma praia segura para descansar.
Após uma breve soneca, ele acordou para descobrir que a maré havia deixado a abóbora presa na areia. Ele e seu amigo, David, passaram três horas cavando e rolando o Loafster sobre cabos industriais enterrados na praia. Finalmente, eles o colocaram de volta na água para terminar a viagem de 74 km.
Apesar dos obstáculos, Kristensen não desistiu por exaustão nem porque a abóbora afundou. O Punky Loafster ainda estava navegável, mas, com o cair da noite no segundo dia, ele e David decidiram encerrar a jornada. “Eu me sentia forte,” disse ele, “mas estávamos sem fim de semana.”
Kristensen conquistou um lugar no Guinness World Records, mas o Punky Loafster não terá um final glamoroso. Ele o deixou na margem do Columbia, próximo ao ponto de saída. “Tenho certeza de que já apodreceu faz tempo,” disse. Ele planeja voltar no próximo ano com outra abóbora gigante, e ver até onde pode chegar.