Este estudo, publicado na National Institutes of Health, analisou a relação entre a prática de atividade física em momentos de lazer e o risco de desenvolver 26 tipos de câncer, com base em dados de 1,44 milhões de participantes.
A pesquisa revelou que níveis elevados de atividade física estão associados a uma redução no risco de 13 tipos de câncer, como o de esôfago, fígado, pulmão e mama, enquanto alguns tipos de câncer, como melanoma maligno e próstata, mostraram um risco ligeiramente aumentado. O estudo destaca a importância da atividade física como estratégia preventiva, independentemente do índice de massa corporal (IMC) ou histórico de tabagismo.
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A relação entre atividade física e a prevenção do câncer é um tópico de extrema relevância na saúde pública. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer é uma das principais causas de morte no mundo, com aproximadamente 10 milhões de mortes em 2020. Diversos fatores de risco são conhecidos, como tabagismo, dieta inadequada e sedentarismo. A atividade física, por sua vez, tem sido associada à diminuição da incidência de várias doenças crônicas, incluindo o câncer, como destacado no estudo em questão.
A pesquisa, que reuniu dados de 12 prospectivas dos Estados Unidos e da Europa, utilizou modelos de regressão multivariável para calcular as razões de risco (HR) ajustadas, a fim de avaliar a associação entre os níveis de atividade física de lazer e o desenvolvimento de câncer. Um ponto importante deste estudo é que os resultados foram consistentes mesmo após ajustes para o IMC, o que indica que a atividade física pode ter um impacto preventivo independente da composição corporal.
O estudo revelou que a atividade física reduz significativamente o risco de vários tipos de câncer, incluindo pulmão (HR, 0.74), mama (HR, 0.90), cólon (HR, 0.84) e reto (HR, 0.87), sendo benéfica até mesmo para fumantes no caso do câncer de pulmão. No entanto, foi observado um aumento no risco de melanoma maligno (HR, 1.27) devido à maior exposição solar em atividades ao ar livre, destacando a importância da proteção solar. Independentemente do índice de massa corporal, a atividade física foi associada a benefícios consistentes, reforçando seu papel na prevenção do câncer.
O exercício físico é aliado da sua saúde
O exercício físico desempenha um papel essencial na melhora da sensibilidade à insulina, que é a capacidade do corpo de utilizar o açúcar de maneira eficiente. A sensibilidade à insulina é um indicador fundamental de saúde metabólica, e níveis elevados estão associados a um risco menor de desenvolver doenças crônicas, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Manter essa função saudável é um dos maiores preditores de uma vida longa e com qualidade.
Para indivíduos com câncer, a prática regular de atividade física também pode melhorar significativamente as taxas de sobrevivência. Estudos demonstram que o exercício aumenta a quantidade de linfócitos NK (células natural killer), que desempenham um papel vital na defesa do corpo contra infecções e o desenvolvimento de células cancerígenas. Dessa forma, pessoas com câncer que adotam o exercício como parte de seu tratamento podem experimentar uma resposta imunológica mais eficaz.
No entanto, é importante entender que a atividade física, por si só, não garante que alguém viverá mais ou estará completamente livre de doenças. O exercício ajuda a aumentar as probabilidades de uma vida saudável, reduzindo riscos, mas não elimina completamente a chance de desenvolver condições graves, como câncer ou doenças crônicas. Trata-se de uma questão de aumentar as chances de uma vida mais longa e saudável, influenciando positivamente as probabilidades.
Além disso, o exercício físico regular tem um impacto direto na saúde mental e no bem-estar geral. A prática de atividades físicas está associada à liberação de endorfinas, hormônios que proporcionam sensações de prazer e relaxamento, reduzindo o estresse e melhorando a qualidade de vida. Para quem enfrenta doenças graves, como o câncer, os benefícios psicológicos do exercício também não podem ser negligenciados, pois ajudam a manter uma atitude positiva e melhorar o estado emocional.
Os benefícios do exercício se estendem a todas as idades e condições físicas. Mesmo pessoas que começam a se exercitar mais tarde na vida ou após o diagnóstico de uma doença crônica podem colher recompensas significativas. A adaptação de atividades físicas ao nível de capacidade individual permite que todos, independentemente de suas condições de saúde, possam usufruir dos efeitos positivos do exercício, tanto a curto quanto a longo prazo.
O exercício físico não é uma cura milagrosa, mas cumpre um papel fundamental na manutenção da saúde e na prevenção de doenças. Ele aumenta a probabilidade de viver mais e melhor, reforçando o sistema imunológico e a saúde metabólica. Mesmo sem garantias, adotar um estilo de vida ativo é uma das melhores escolhas que podemos fazer para melhorar nossa qualidade de vida e prolongar a longevidade.
*BIANCA VILELA é autora do livro Respire, palestrante, mestre em fisiologia do exercício pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e produtora de conteúdo.
Desenvolve programas de saúde em grandes empresas por todo o país há quase 20 anos. Na Go Outside fala sobre saúde no trabalho, produtividade e mudança de hábitos. Não deixe de visitar o Instagram: @biancavilelaoficial