Jogos Olímpicos voltam a Paris com grande celebração das modalidades outdoor

Por Alexandre Versiani*

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Ana Marcela Cunha é a grande aposta do Brasil para o ouro na maratona aquática, que vai acontecer no Rio Sena. Foto: COB.

Em 1924, quando sediou a 8ª edição dos Jogos Olímpicos, Paris era um refúgio efervescente para muitos artistas, escritores, músicos e intelectuais que buscavam liberdade e uma rotina menos convencional. Agora, exatos 100 anos depois, as ruas da Cidade Luz voltam a ter uma atmosfera vibrante da celebração da aventura com a 33ª edição das Olimpíadas de Verão.

A partir do dia 26 de julho, cerca de 11 mil atletas, divididos em 32 esportes e 48 modalidades, desembarcam na cidade berço das Olimpíadas modernas para um evento grandioso. Paris 2024 também traz boas novidades, como a inclusão do caiaque cross, modalidade que reúne feras como os brasileiros Ana Sátila e Pepê Gonçalves, além da chegada do kitesurf como nova classe da vela.

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A escalada esportiva, que fez seu debute olímpico no Japão, também terá outra vertente, de velocidade, distribuindo mais duas medalhas de ouro. E as novidades não param por aí: pela primeira vez na história, a Cerimônia de Abertura não será realizada em um estádio. Desta vez, os atletas vão desfilar em barcos pelo Sena, o rio que inspira poetas e pintores, uma festa que promete reunir centenas de milhares de espectadores.

Em pouco mais de duas semanas, serão realizadas 329 provas, com esportistas de mais de 200 países, incluindo a Equipe Olímpica de Refugiados. Mais uma vez, os Jogos abrem espaço para modalidades que por muito tempo foram consideradas “underground” como surf, o skate, BMX e a própria escalada.

Jogos Olímpicos Paris
Paris 2024 traz boas novidades como a inclusão do caiaque cross e uma nova disputa na escalada esportiva. Foto: Shutterstock.

Abaixo, reunimos as principais novidades dos esportes outdoor em Paris 2024.

Ciclismo

O ciclismo é um dos esportes mais tradicionais dos Jogos Olímpicos e também um dos que mais distribui medalhas, com cinco vertentes: Ciclismo de Estrada, Mountain Bike, BMX, Pista e BMX estilo livre, este último estreante em Tóquio 2020. Apesar de nunca ter conquistado uma medalha, o ciclismo brasileiro vem melhorando seu desempenho em modalidades olímpicas. Destaque para o ciclismo de estrada, que promete ter grande visibilidade em Paris, já que a França é o berço mundial do esporte. Será a primeira vez que a disputa terá o mesmo número de homens e mulheres, 90 cada. O Brasil terá dois representantes na prova, que ainda serão definidos pela CBC (Confederação Brasileira de Ciclismo).

Escalada esportiva

A escalada esportiva estreou no programa Olímpico em Tóquio 2020 com apenas um evento por gênero, um combinado de boulder, lead e velocidade. Apesar do sucesso de audiência, o formato que reuniu diferentes especialidades em uma só prova foi alvo de críticas por parte dos atletas e assim a modalidade teve seu formato revisado pela IFSC (International Federation of Sport Climbing). Desta vez haverá dois eventos de escalada por gênero: o combinado Boulder / Lead e a Escalada de Velocidade, com quatro medalhas de ouro em jogo. No evento combinado, os atletas competem no boulder e no lead. Os rankings serão determinados pela soma de pontos das duas especialidades. Já na escalada de velocidade, os atletas tentam alcançar o topo de uma parede de 15 metros o mais rápido possível. Neste caso, ganha quem tiver mais agilidade.

Canoagem

Além das tradicionais provas de canoa, onde temos o campeão olímpico Isaquias Queiroz brilhando sempre, uma nova vertente da canoagem slalom promete trazer mais medalhas ao Brasil: o caiaque cross, disputa que contará com os campeões mundiais Ana Sátila e Pepê Gonçalves. Mais de 50 anos depois da estreia em Jogos Olímpicos, esta será a primeira vez que uma disciplina da canoagem slalom terá atletas competindo lado a lado na água e não apenas pela tomada de tempo.

Atletismo

Paris 2024 também reservou novidades para o atletismo. Desta vez, além do tradicional formato com eliminatórias, semifinais e final, também haverá uma rodada de repescagem. Esta nova regra vale para todas as provas individuais de pista, dos 200m aos 1500m, incluindo os eventos com barreiras. Até Tóquio 2020, a classificação para as semifinais dependia dos tempos registrados nas baterias. Agora, a nova fase de repescagem substitui isso, dando uma segunda chance a todos os participantes.

Surf

Responsável pelo primeiro ouro do Brasil em Tóquio 2020, o surf é um dos esportes que “rejuvenesceram” as Olimpíadas e traz esperanças de medalha para o país. O evento acontecerá bem distante da capital sede, a mais de 15 mil quilômetros, no território ultramarino francês da Polinésia Francesa. Por lá, os tubos cristalinos de Teahupoo são dos mais desafiadores do Planeta. Por isso, só a transmissão já promete ser um show à parte.

Vela

A vela esteve presente em praticamente todas as edições dos Jogos Olímpicos modernos. Também é disparado o esporte que mais rendeu medalhas de ouro para o Brasil, oito no total. Medalhista em Tóquio 2020, a dupla Martine Grael e Kahena Kunze tentará colocar o país novamente no topo da classe 49er FX na disputa que rola em Marselha. A grande novidade será a entrada do kitesurf, modalidade que estreia em Jogos Olímpicos. Na classe Fórmula Kite, os atletas apostam uma corrida alucinante com pranchas equipadas com o foil.

Maratona aquática

A nadadora brasileira Ana Marcela Cunha defenderá seu ouro com unhas e dentes nas águas calmas do rio Sena, que vai abrigar as provas de 10 km da Maratona Aquática. A largada acontece sob a extravagante Ponte Alexandre III, um monumento histórico da capital francesa. O destaque negativo é a qualidade da água, que tem dado trabalho à organização dos Jogos Olímpicos. Em agosto do ano passado, o principal evento-teste da prova precisou ser cancelado por causa da poluição.

Maratona

Pela primeira vez na história, o esporte mais tradicional das Olimpíadas será aberto ao público. Isso porque foram criadas provas adicionais, de 42 km e 10 km, que podem ser disputadas por atletas amadores, uma iniciativa pioneira do COI. O percurso da elite foi todo inspirado na “Marcha das Mulheres” de 1789, quando cerca de sete mil mulheres marcharam de Paris até Versalhes para pressionar o Rei Luís XVI, um dos momentos mais importantes da Revolução Francesa.

Skate

O Brasil foi o segundo país com mais medalhas no skate no Japão: Rayssa Leal, Kelvin Hoefler e Pedro Barros carimbaram a prata. Em sua segunda participação olímpica, o skate terá novamente as categorias Park e Street e o palco será um dos locais mais icônicos de Paris: a Place de la Concorde, às margens do rio Sena, na badalada Champs-Élysées. O plano da organização é atrair um grande público, contemplando um dos principais pontos turísticos parisienses.

Triathlon

Depois da introdução do revezamento misto em Tóquio 2020, o triathlon retornará aos Jogos de Paris com força e três dias de disputa na arena montada na Pont d’lena, sobre o Rio Sena. As categorias masculina e feminina seguem com a distância olímpica, que inclui natação de 1,5 km, 40 km de ciclismo e 10 km de corrida. Não há eliminatórias, com cada competição decidida em uma única corrida. Já o revezamento misto terá times de quatro – dois homens e duas mulheres – competindo em um percurso menor.

*Matéria originalmente publicada na Go Outside 181.