Uma detalhada pesquisa anual mostrou como as viagens vão assumir um protagonismo na vida das pessoas em 2024, com tendências como arqueologia culinária, viagem surpresa e “turismo do sono”
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No passado, conhecer novos lugares era uma maneira de escapar da vida cotidiana. No entanto, a mais recente pesquisa da Booking.com feita com quase 30.000 pessoas de 33 países mostra que viajar será a própria vida em 2024.
Inclusive, os brasileiros são a segunda nacionalidade que se sentem mais vivos do que nunca quando estão de férias (88%) – atrás apenas dos tailandeses e empatados com os chineses – e 79% deles querem que seu dia a dia em casa se aproxime mais da vida que levam nas viagens. E com a inteligência artificial pronta para trazer grandes transformações no próximo ano, os viajantes recorrem cada vez mais à tecnologia para fazer o trabalho pesado e encontram mais tempo para dar asas à imaginação e viver experiências enriquecedoras.
A Booking.com combinou os dados da sua pesquisa com os insights da plataforma e revelou sete previsões de viagem para 2024. De acordo com Arjan Dijk, Vice-Presidente Sênior e Diretor de Marketing da plaforma, “nossas previsões de viagem para 2024 refletem a ideia de que viajar não é uma maneira de escapar da vida, mas sim um catalisador para vivermos da melhor forma possível. Desde aventuras em um novo destino até experimentar uma nova cultura e todas as experiências relacionadas, quando viajamos, podemos nos tornar a nossa melhor versão”.
7 tendências de viagem para 2024
1) Entusiastas do (alter) ego
Em 2024, os viajantes se sentirão mais vivos ao criar o próprio alter ego nas férias, e os brasileiros estão entre as dez nacionalidades que mais inventarão histórias sobre sua vida real para pessoas que conhecem nas viagens (40%). Esses entusiastas do alter ego adoram a emoção de incorporar uma versão 2.0 de si mesmos e fazem de tudo para viver seu melhor personagem, com mais de três em cada cinco (62%) aproveitando o anonimato das viagens e a oportunidade de se recriar.
Alimentando a ideia de que as pessoas assumem outra identidade quando viajam para se sentirem mais vivas, o Brasil está em quarto lugar entre os entrevistados globais que mais afirmam viver sua melhor versão nas férias (82%) – atrás da Tailândia, Índia e Emirados Árabes Unidos -, quando são mais livres e abraçam novos aspectos da própria personalidade. Além disso, mais da metade (53%) dos turistas do país até alugariam um carro melhor do que aquele que dirigem em casa para assumir essa nova identidade, e sete em cada dez (68%) se sentem protagonistas em suas viagens e com poder para estrelar a própria vida.
2) Amantes de experiências refrescantes
O clima nunca esteve tão quente, com temperaturas recordes que causam ondas de calor em todo o mundo. As condições estão acelerando o aumento de viajantes que buscam climas mais amenos para se refrescar, com a maioria (56%) dos brasileiros relatando que as mudanças climáticas terão impacto na forma de planejar as férias em 2024, e 70% afirmando que, se a temperatura subir perto de casa, elas passarão as férias em um lugar mais fresco.
Esse efeito deve significar um crescimento de viagens que oferecem experiências aquáticas, com 41% dos brasileiros querendo passar as férias em um destino perto da água. Além disso, quase nove em cada dez (86%) viajantes do Brasil concordam que estar perto da água traz uma sensação imediata de relaxamento (estando os brasileiros em segundo lugar entre as nacionalidades que mais concordam com essa afirmação, atrás dos colombianos e empatados com os mexicanos). Essa forma de viajar para se sentir bem provavelmente vai difundir atividades como yoga flutuante, banhos sonoros na água e meditação na neve, e é esperado um aumento dos retiros de terapia de gelo, dos hotéis subaquáticos e da prática de “mermania”, em que a água deixa de ser apenas o cenário para se tornar o evento principal.
3) Aventureiros do acaso
Os viajantes cada vez mais querem se render ao elemento surpresa e se aventurar em territórios inexplorados durante as férias. Com isso, mais da metade (53%) dos turistas brasileiros gostaria de reservar uma viagem surpresa onde tudo, até o destino, é desconhecido até a chegada. Cansado da “mesmice” do dia a dia e buscando experiências autênticas, o viajante aventureiro de 2024 quer escapar das férias padronizadas, com 49% dos brasileiros preferindo se aventurar em destinos alternativos e quase um terço (28%) afirmando que viajaria com pessoas desconhecidas.
Abandonando a rigidez do planejamento para vivenciar experiências ao acaso, esse perfil aventureiro abre mão do controle em prol da arte de viver o momento. Inclusive, metade (50%) dos viajantes do Brasil adoraria não ter planos definidos antes de viajar, enquanto mais de dois terços (71%) preferem viajar com planos adaptáveis para poder mudar a rota de acordo com o momento.
O setor de turismo já está respondendo rapidamente com serviços flexíveis habilitados por tecnologia, dando aos viajantes a opção de cancelar e mudar os planos. Os brasileiros são a quinta nacionalidade que mais confiariam na inteligência artificial para planejar uma viagem (62%), depois dos chineses, indianos, tailandeses e vietnamitas.
4) Arqueólogos da culinária
Em 2024, os arqueólogos gastronômicos vão se aprofundar nas origens dos alimentos nas férias para descobrir tesouros culinários. E a pesquisa mostra que quase dois terços (58%) dos viajantes do país estão mais interessados em aprender sobre a história das iguarias de um destino do que sobre o passado do lugar.
Três em cada quatro (74%) brasileiros querem experimentar culinárias nativas, e é provável que haja um aumento nas experiências culturais típicas que levam os viajantes a lugares que contam a história por trás da comida que servem, trazendo orgulho e renda para comunidades em todo o mundo.
Os viajantes fãs de gastronomia adotarão uma abordagem experimental que alterna entre as realidades digital e física para transformar cada descoberta em uma extravagância multissensorial. Mais da metade (56%) deles quer uma experiência alimentar física e digital ao mesmo tempo, por meio de tecnologias de realidade virtual ou aumentada, como uma iluminação que altera o humor, harmonização de aromas e paisagens sonoras que potencializam a imersão na tradição culinária.
5) Praticantes do bem-estar
Em meio à instabilidade global e a um mundo cada vez mais agitado, viajantes reservam férias com foco no desenvolvimento pessoal para retomar a vida que realmente querem. A nova era do turismo do sono, por exemplo, oferece concierges do sono e tecnologia de ponta para atender aos 58% dos brasileiros que querem viajar em 2024 para se concentrar no sono ininterrupto.
Para os viajantes do Brasil que já estão acostumados a dormir sozinhos, quase um terço (31%) reservaria um tempo para uma viagem que possibilite encontrar um novo amor, enquanto 38% aproveitariam as férias para superar um ex. Em contrapartida, dentre as pessoas que estão em um relacionamento, quase um quarto (22%) tem como prioridade em 2024 aprofundar a conexão com o próprio parceiro durante uma viagem. Enquanto isso, os pais cada vez mais cansados estão buscando tranquilidade em férias completamente solitárias, com a maioria (54%) planejando viajar sem filhos e parceiros.
6) Fãs do luxo à la carte
Incentivados pela crise do custo de vida, os viajantes em 2024 empregarão truques para poupar dinheiro e cortar custos. No entanto, eles ainda pretendem desfrutar de férias com luxos “à la carte”, experimentando como é viajar como os ricos, mesmo que apenas por um momento. Esses fãs do luxo à la carte querem parecer ricos e fugir da realidade de ter que fazer sacrifícios financeiros, mas, nos bastidores, eles buscam itinerários de viagem econômicos com a ajuda da inteligência artificial.
Inclusive, sete em cada dez (70%) viajantes do Brasil vão querer insights e dicas da IA nas férias para melhorar a própria experiência com sugestões de serviços complementares e ofertas, tudo isso com apenas um toque do dedo – e os brasileiros estão entre as seis nacionalidades que mais se interessam em obter ajuda da IA no planejamento da viagem, atrás dos chineses, indianos, tailandeses, emiradenses e vietnamitas.
Além disso, mais da metade (54%) planeja escolher destinos onde o custo de vida seja mais barato do que em sua cidade natal, enquanto outras pessoas preferem viajar para mais perto de casa, com o intuito de desfrutar de férias luxuosas por menos para reduzir os custos (42%). Muitos (62%) viajantes brasileiros estarão dispostos a pagar por passes diários para usar as comodidades de um hotel 5 estrelas, em vez de se hospedar lá, e há ainda um número considerável de pais (36%) que planeja levar as crianças para viajar fora da alta temporada e, assim, fazer o dinheiro valer mais em 2024.
7) Apreciadores conscientes da estética
Já se foi o tempo em que as palavras “sustentável” e “elegante” não eram necessariamente sinônimas, e quando “ecoviagem” evocava imagens de locais rústicos. Em 2024, a interseção do design e da atenção plena vão influenciar as viagens, abrindo novas portas para viajantes que querem fazer escolhas mais conscientes e responsáveis. Isso não se aplica somente a uma viagem curta, mas surge como um estilo de vida.
Atualmente, há um crescente movimento de hotéis e outros locais de hospedagem que oferecem soluções criativas e esteticamente agradáveis a desafios ambientais e sociais importantes. Esses viajantes exigentes buscarão uma arquitetura que tenha características ambientais em sua essência, sendo que mais da metade (51%) dos viajantes brasileiros preferem acomodações com elementos de inovação sustentável; três em cada cinco (62%) querem ver a sustentabilidade em ação; e quase dois terços (64%) esperam ver o exterior dentro das acomodações, com espaços verdes e plantas.
Em 2024, em troca de contribuir para os esforços de conservação, os itinerários sustentáveis darão aos viajantes acesso exclusivo aos locais que eles ajudam a preservar, da forma mais consciente e responsável. Muitas pessoas têm interesse em aplicativos de viagem sustentável, onde possam desbloquear recompensas (71%), como experiências com moradores locais em regiões pouco conhecidas (44%) ou visitando lugares remotos aos quais os turistas teriam acesso limitado (45%).