Em mais uma aventura solitária, a brasileira Tamara Klink, 26 anos, tornou-se a primeira mulher brasileira e a mais jovem navegadora do país a cruzar o Círculo Polar Ártico.
Na companhia do seu barco, o veleiro Sardinha II, Tamara percorreu 2.500 milhas entre Camaret sur Mer, na França, e Aasiaat, na Groenlândia. A travessia foi completada neste mês de setembro.
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Tamara, que em 2021 tornou-se a mais jovem navegadora do Brasil a atravessar o Atlântico em solitário, vinha planejando sua expedição pelo Ártico há bastante tempo.
Ela repetiu os passos do pai, Amyr Klink, de 68 anos, que atravessou o Ártico há mais de 30 anos, em um tempo no qual a tecnologia de navegação era bem mais precária que nos dias atuais.
“Sinto-me privilegiada em ter nascido nos tempos atuais até porque, na época do meu pai, uma mulher navegar solitária nestas regiões era ainda mais distante do que é hoje”, afirmou Tamara em depoimento ao jornal Folha de S.Paulo.
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Assim como o pai, a jovem arquiteta precisou navegar sem o auxílio da internet. Segundo ela, a jornada até o Círculo Polar é considerada uma navegação de alto risco porque passa por regiões onde há perigos o tempo todo.
Icebergs grandes e pequenos muitas vezes não aparecem no radar e podem surgir de repente. Tamara conta que recebia relatórios diários sobre a posição dos blocos de gelo para garantir sua segurança.
Além disso, ela explica que as cartas náuticas na Groenlândia são muito inexatas, feitas há mais de 100 anos, com muitos lugares não cartografados. “Aqui há poucos locais para fazer reparos se houver um acidente ou se acontecer um problema no motor no meio do mar”, relata.
Tamara começou a escolher um barco para a viagem ao Ártico em 2022, assim que terminou de escrever seu livro, “Nós: o Atlântico em Solitário” (Companhia das Letras), publicado em julho de 2023. Foram as palestras que deu após a travessia do Atlântico que a permitiram comprar o barco de 10,5 metros de comprimento.
Feito pelo antigo dono em seu jardim em 1992, o Sardinha II é uma homenagem ao Sardinha I, barco usado na travessia do Atlântico. O nome é inspirado no pequeno e valente peixe que vence grandes distâncias e nunca está sozinho.
“Para o Ártico busquei barcos de alumínio ou de aço, mas o de alumínio que eu queria estava muito além do meu orçamento”, conta. “Acabei comprando um barco de aço na França e tratei de prepará-lo para as regiões polares, o que levou mais tempo do que eu esperava”, explica.
A viagem também serviu para adquirir experiência para travessias ainda maiores, que Tamara promete divulgar em breve. Enquanto isso, ela vai abrindo o caminho e inspirando toda uma geração. “Quero mudar o imaginário do que uma mulher é capaz”, destaca a jovem navegadora.