A montahista norueguesa Kristin Harila se manifestou após ser vítima de ataques na internet em relação à morte de um carregador paquistanês no K2 em 27 de julho. O homem estava ferido e pendurado em cordas de cabeça para baixo a apenas 400 metros do topo e a alpinista foi acusada de “passar por cima” do rapaz e, depois, comemorar seu recorde de motanhista mais rápida a escalar os 14 picos mais altos do mundo.
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Harila e sua equipe têm sofrido acusações nas redes sociais de terem passado por Muhammad Hassan, de 27 anos – que morreu no local após duas horas do acidente que o deixou pendurado nas cordas – sem prestar assistência.
“Isso não foi culpa de ninguém, você não pode comentar quando não entende a situação, e enviar ameaças de morte nunca é bom”, afirmou a montanhista no Instagram. Ela também afirma que sua equipe ficou para trás por 90 minutos tentando puxar o a vítima antes que uma avalanche próxima os obrigasse a seguir em frente.
O brasileiro Gabriel Tarso, que acompanhava a missão de Harila como cinegrafista, foi uma das pessoas que tentou salvar o paquistanês. O filmmaker decidiu arriscar a própria vida – chegando a ficar mais uma vez horas sem oxigênio acima dos 8.000 metros – para dar um pouco de conforto e dignidade ao montanhista paquistanês antes que ele morresse devido aos ferimentos.
Kristin Harila diz que o incidente aconteceu “na parte mais perigosa da montanha mais mortal do mundo”, pedindo às pessoas que “lembrem-se de que a mais de 8.000 metros, seus instintos de sobrevivência afetam a decisão que você toma”.
“A princípio, ninguém se mexeu, provavelmente por choque e medo, então percebemos que ele estava pendurado de cabeça para baixo e não conseguia subir sozinho. Decidimos continuar em frente, pois muitas pessoas no Bottleneck tornariam mais perigoso para um resgate. O Bottleneck é um lugar perigoso para se estar, há neve e gelo pairando sobre você, e você está andando em um caminho extremamente estreito, na neve que pode desabar abaixo de você a qualquer momento. Cada minuto que você fica lá aumenta o risco de acidentes, não só para você, mas para todos acima e abaixo de você”, escreveu.
Mesmo depois que o grupo deixou o local, Harila afirma que duas pessoas, incluindo Tarso, ficaram para trás tentando ajudar Hassan por cerca de duas horas e meia. “Considerando a quantidade de pessoas que ficaram para trás e que se viraram, acreditei que Hassan receberia toda a ajuda que pudesse e que seria capaz de descer. Nós não entendemos totalmente a gravidade de tudo o que aconteceu até mais tarde.”
Kristin Harila também compartilhou um link para uma página do GoFundMe arrecadando dinheiro para a família de Hassan, criada pelo alpinista Wilhelm Steindl.
Ao jornal britânico The Daily Telegraph, a montanhista disse: “fizemos tudo o que podíamos por ele. Simplesmente não é verdade dizer que não fizemos nada para ajudá-lo. Tentamos levantá-lo de volta por uma hora e meia e meu cinegrafista [Gabriel Tarso] ficou por mais uma hora para cuidar dele. Em nenhum momento ele foi deixado sozinho”.
Ela disse que, dadas as condições, era improvável que ele pudesse ser salvo, pois havia caído no que era “provavelmente a parte mais perigosa da montanha, onde as chances de carregar alguém eram limitadas pela trilha estreita e pelas más condições de neve”.