Primeira e até hoje única companhia brasileira a operar no Everest e Pirâmide Carstensz, a Grade6 – Expedições em Alta Montanha é considerada um termômetro sobre o comportamento dos montanhistas no pós-pandemia.
Em 2019, um ano antes da explosão de casos do Novo Coronavírus e o consequente isolamento social, a empresa, sediada em Campinas, no interior paulista, realizou dez expedições. Agora, estima fechar 2023 com 15 a 20, praticamente dobrando o número de saídas com grupo de clientes para escaladas em diferentes partes do mundo.
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“Após esse período tão difícil e triste de pandemia, as pessoas estão ressignificando suas vidas, valorizando mais momentos importantes, desde os menores, e convivências interpessoais. Estão buscando seus sonhos, no lugar de conquistas materiais. E nós, da Grade6, desenvolvemos uma metodologia e ética de trabalho para oferecer experiências transformadoras. Nossa expertise garante segurança e estrutura para que as pessoas possam fazer escaladas em alta montanha e ser expostos as oportunidades de transformação que essa atividade proporciona. É comum ver nossos clientes voltar diferentes, valorizando mais o lado pessoal e o espiritual”, comenta Carlos Santalena.
O montanhista Carlos Santalena é sócio e guia na Grade6. Retornou do Himalaia no final de maio, onde tentou se tornar o primeiro brasileiro a chegar ao topo do Monte Everest pela quarta vez. E abortou o ataque ao cume justamente pelo compromisso com os clientes. Líder da expedição 2023, estava a 8.200 metros, pouco mais de 500 metros distantes do objetivo, quando decidiu que seria mais seguro para os demais alpinistas retornar para o campo base.
“Tenho 11 anos de experiência no Everest e o objetivo da Grade6 sempre tem sido oferecer logística e serviço de qualidade, priorizando a segurança e a vida das pessoas”, conta Santalena, que atou como guia de Decio Gomes, presidente do Grupo DVG, e também de Carlos Canelas, na terceira tentativa de chegar ao cume sem oxigênio. “Claro que todos queríamos chegar ao topo, porém, o mais importante é sempre a jornada. Nesses anos todos, sempre trouxe meus clientes intactos para casa. E nunca vamos arriscar sequer a ponta de um dedo. Essa é a minha filosofia”, explica Santalena, que teve apoio de Spot e The North Face na expedição.
No mercado desde 1994, a Grade6 cresceu para se tornar referência no setor de cursos e escalada em alta montanha. Além do Everest, Pirâmide Carstensz- na Oceania, também foi a primeira companhia brasileira a promover expedições no Aconcágua.
Quando o assunto é o Monte Everest, os dados comprovam a relevância da Grade6 em escaladas de alta montanha. Entre os 35 brasileiros que atingiram o ponto mais alto do planeta (8.849m), 17 foram liderados pela empresa. Outros cinco montanhistas fizeram a preparação em Campinas. Isso significa que cerca de 70% dos alpinistas nacionais que conseguiram realizar a façanha tiveram envolvimento com a companhia.
“Vamos seguir com nossa vocação, de sempre ir além. Sempre com consciência e segurança, mas buscando superar limites. Aliás, essa filosofia tem relação com o nome da empresa. Grade6 é um grau de dificuldade de escaladas em grandes montanhas. É o máximo em uma graduação que vai de 1 a 6, consistindo em uma escalada de múltiplos dias e de extrema dificuldade técnica”, completa Santalena.