Se você já ouviu falar no termo comer emocional, provavelmente sabe que ele pode ser negativo. Afinal, “descontar” sentimentos negativos na comida pode ter um impacto a longo prazo em sua saúde e bem-estar geral. Mas será que essa prática é sempre prejudicial?
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À “SELF”, de onde são as informações, a nutricionista Christine Byrne declara: “Como nutricionista especializada em transtornos alimentares que adota uma abordagem de não-dieta para o aconselhamento nutricional, posso dizer com confiança que se apoiar na comida para o conforto não é inerentemente ruim ou errado. Claro, comer nos dá energia e nutrição, mas também desempenha um papel enorme em nossas vidas sociais e emocionais.”
Isso não significa que a comida deve ser seu único recurso de apoio quando você estiver passando por um momento ruim. No entanto, “demonizar o comer emocional em todas as formas também não é bom para você”, aponta a nutricionista.
A comida é emocional
Ser um combustível para o organismo não é o único propósito da comida. Isso porque o prazer e a satisfação sentidos quando você ingere alimentos que gosta têm um impacto positivo na saúde física, mental e emocional.
“O fato de que algo que fazemos várias vezes ao dia pode nos trazer uma explosão de felicidade é fantástico, se você me perguntar”, acrescenta Christine. É comum, ainda, que os alimentos sejam associados a emoções positivas, já que pessoas frequentemente se reúnem com quem amam para comer ou possuem seus próprios rituais que incluem comida.
Além disso, a relação dos seres humanos com a comida começa bem antes da vida adulta. De acordo com a psicóloga Kim Daniels, a amamentação e a alimentação dos bebês são momentos de contato e conexão que despertam a sensação de conforto na infância.
O comer emocional não é ‘inerentemente ruim ou errado’…
Kim aponta que, algumas vezes, a comida é utilizada para evitar sentimentos desconfortáveis, já que alimentar-se é uma atividade prazerosa que pode afastar a tristeza por alguns momentos. Ela destaca, ainda, a existência de estudos preliminares que indicam que comer estimula a liberação de serotonina — neurotransmissor ligado à melhora do humor — no cérebro.
Segundo a nutricionista Ayana Habtemariam, sentir-se culpada ou envergonhada por seu comer emocional é apenas uma contribuição para os sentimentos negativos que você está tentando afastar.
… mas não deve ser seu ponto de apoio
Apesar de trazer certo bem-estar momentâneo, seu comer emocional pode se tornar um hábito prejudicial. Isso acontece especialmente se você usa a comida em excesso para amenizar seus sentimentos a todo momento.
Essa prática pode, segundo Kim, resultar em compulsão alimentar — “consumir grandes quantidades de comida ao ponto de sentir desconforto físico, mas ser incapaz de parar”, como descreve Christine. A compulsão caracteriza um tipo de transtorno alimentar e deve ser tratada sob supervisão médica.
Mesmo que você não esteja lidando com a compulsão, comer para entorpecer os sentimentos não é saudável sob o ponto de vista da saúde mental. “Quando você ignora seus sentimentos, não aprende a lidar com eles”, ressalta Kim. Isso significa que você pode se prender e repetir situações incômodas simplesmente porque não identifica que elas são gatilhos para seu mal-estar.
Por isso, a recomendação da psicóloga é praticar atividades que permitam que você reconheça o que sente, como meditação e terapia.
Como reconhecer a fome emocional
Além da compulsão ou do entorpecimento de sentimentos, comer em excesso pode ser a resposta de seu corpo a um simples problema fisiológico: a fome. É possível que, se você não estiver consumindo uma quantidade satisfatória de nutrientes durante o dia, exagere em suas refeições.
“Francamente, não há motivo para se sentir culpada ou envergonhada por comer por conforto e prazer. Tentar separar comida e emoções é, na minha opinião, uma tarefa impossível que provavelmente a deixará ainda mais estressada”, declara Christine. Para ela, é melhor dar-se permissão para comer todos os alimentos sem culpa, enquanto aprende a lidar com seus sentimentos.
“É absolutamente possível ter uma dieta nutritiva e também apoiar-se na comida para o conforto”, diz Ayana, finalizando: “Na verdade, eu diria que é impossível ter uma relação pacífica com a comida se a satisfação e o prazer não forem um fator.”