Cinco lendas do surf, amigos de adolescência, e um ídolo local competindo em um paraíso no Oceano Índico. O palco era o famoso Sultans, um pico praticamente exclusivo da ilha privada do Four Seasons Kuda Huraa, o hotel de luxo responsável por promover o Surfing Champions Trophy.
A 10a edição do evento era uma celebração aos atletas que já atingiram (ou quase), o ‘odômetro’ de meio século de muitas ondas, mas que seguem ainda arrepiando, com altíssimas performances.
Estavam na água nada menos que Kelly Slater, Shane Dorian, Rob Machado, Ross Williams, Taylor Knox e Iboo Areef, este último, o principal campeão de surf das Maldivas.
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Em sua primeira visita ao país, que é um dos destinos turísticos mais cobiçados do Planeta, Kelly confirmou o favoritismo e conquistou a 10ª edição do campeonato ao vencer na grande decisão o amigo e big rider, Shane Dorian. “A final foi bem divertida e o Shane estava em sintonia com as ondas no evento, mas no final eu meio que tirei isso dele”, disse Slater.
O clima era de puro alto astral na ilha localizada no North Male Atoll, cerca de 25 minutos de lancha rápida, da capital Male. Os surfistas só deixavam o modo ‘folga’ quando caiam na água e a competitividade borbulhava nas baterias.
Os atletas e suas famílias, juntamente com alguns hóspedes privilegiados, ficavam assistindo aos confrontos, cerca de 400 metros do Sultans Break a bordo do luxuosíssimo Explorer, embarcação utilizada para transportar mergulhadores em trips que levam dias, entre os atóis do imenso arquipélago. Nas Maldivas são mais de 1.200 ilhas – um verdadeiro paraíso subaquático.
Já no hotel era como se eles estivessem de férias com suas famílias. Os cinco parceiros americanos e suas esposas dividiam a mesma mesa durante as refeições, entre os três restaurantes da propriedade. Estavam encantados com a alta gastronomia ‘padrão’ Four Seasons. Todas as noites rolava um coquetel na praia para promover a integração entre atletas, hóspedes e os organizadores do evento.
Para quem estava hospedado na ilha, incluindo a imprensa, era um privilégio encontrar essas lendas circulando tranquilos pelas dependências do Kuda Huraa. O clima de curtição entre os surfistas gerava uma sintonia perfeita entre a necessidade de buscar concentração para competir com vigor e a vontade de relaxar em um paraíso turístico mágico como o Kuda Huraa.
Surfar parecia mais fácil em um ambiente assim, entre amigos e família e aproveitando a inspiração das hospedagens em sofisticados bangalôs overwater e com tratamentos no belíssimo Island SPA do hotel. Era uma experiência no mínimo singular, até mesmo para viajados cinquentões, estrelas do surf mundial.
As provas
A competição foi realizada em um padrão internacional nos moldes das etapas do WSL, com a transmissão e captação de imagens feita por parte do time que cobre o circuito profissional. Os experientes juízes também possuíam anos de estrada avaliando ondas no mundo todo.
Toda a logística e direção do evento estava por conta da Tropic Surf, agência que possui operações em quase 20 luxuosos hotéis no mundo, tendo uma base fixa no Four Seasons Kuda Huraa. Fundada pelo australiano Ross Phillip, a empresa é pioneira em oferecer experiências singulares para surfistas amadores milionários. Nas Maldivas, eles levam hóspedes afortunados para um Seaplane Safari, utilizando o hidroavião do Four Seasons para caçarem as melhores ondas em qualquer lugar do país. Esse sonho só acontece mesmo por aqui.
O evento começou com uma cerimônia no dia 22, com a presença do ministro do turismo do país, Dr. Abdulla Mausoom que afirmou que o surf se tornou um evento fundamental para as Maldivas. “Temos resorts e embarcações para realizar safaris capazes de levar surfistas onde ninguém jamais surfou”, ressalta. E ele está certo! Há diversas áreas intocadas do arquipélago, tanto para surf como para o mergulho.
As ondas começaram a vibrar mesmo no dia seguinte, com a etapa da Monoquilha, com as pranchas que levavam a assinatura do também shaper, Rob Machado, considerado um dos principais embaixadores do Freesurf.
Mas o cabeludo não se deu muito bem na estreia. Ficou fora das semifinais que teve Ross Williams x Kelly Slater e Shane Dorian contra Taylor Knox – este último, o mais experiente com 51 anos.
Kelly foi para final contra Shane e levou a melhor, já no primeiro dia em que o 11 vezes campeão mundial havia surfado nas Maldivas. “Estou surpreso que não há o World Tour aqui. São ondas de alto nível e ótima performance’, ressaltou Slater.
Biquilha
No dia seguinte o mar seguiu com ondas de picos de até 6 pés e bem desafiadoras. Foi a vez de Shane – considerado um dos principais nomes das ondas gigantes no mundo – dar o troco no amigo Kelly, eliminando-o em uma semifinal eletrizante, decidida nos últimos minutos da bateria.
Na final, ele conquistou o título em cima de Ross Williams, que havia passado por Rob Machado na semi. ”Foi muito bom vencer o Kelly, porque geralmente é ele que leva a melhor e superá-lo é uma vitória pessoal para mim”, revela Shane que faturou o prêmio de US$ 3 mil dado ao vencedor de cada etapa. Já Ross, o vice, levou um chequinho de US$ 1 mil.
A derradeira
O quarto dia foi de folga, de spa e de relaxar nas piscinas do Four Seasons, pois as condições de mar não eram tão boas, com ventos irregulares e pouca consistência nas ondas. Ficou então para o sábado (27) a etapa da Triquilha e a grande Finalíssima.
O surfista prata da casa, o simpático Iboo Areef, surpreendeu a todos e foi para semifinal contra nada menos que Slater. Contando com a torcida de seus parentes que foram em barcos para torcer, ele deu trabalho ao multicampeão mas não conseguiu segurar a famosa competitividade do americano. Na outra chave, Rob bateu Shane e foi para a final da Triquilha com o arquirrival também conhecido como The Goat.
Mas Kelly estava endiabrado e conseguiu uma nota 9.33, a mais alta na história das 10 edições do evento, superando com isso o ícone do free surf, Rob Machado.
A grande final aconteceu na sequência, novamente entre Kelly e Shane, que obtiveram as melhores pontuações nas três etapas. Como era de se esperar, a final foi de altíssimo nível com dois amigos de décadas e de forte rivalidade. “Surfo com esse cara desde o colegial, é algo muito especial estar aqui agora com 50 anos, enfrentando esses parceiros queridos”, comentou Shane.
Embora o big rider tenha obtido 8.70 nos minutos finais, Kelly estava mesmo focado e determinado em levar para casa o caneco. A boa nota de Shane acabou não sendo suficiente para alcançar o ‘GOAT’ que faturou a grande final do Four Seasons Maldives Surfing Champions Trophy.
Em sua estreia no Sultans Break e nas águas transparentes das Maldivas, Slater mostrou que ainda tem muita lenha para queimar e deixou bem claro: “Eu voltarei para cá várias vezes”. Difícil não ter essa vontade após uma semana de Maldivas.
Para mais informações sobre o torneio de surf mais luxuoso do mundo, acesse os sites Surfing Champions Trophy e Four Seasons.