A sensação de se praticar esportes de aventura é indescritível – e as dores mais comuns que eles podem provocar, muitas vezes, também. Para diminuir os riscos de quem ama o mato e ajudar a detectar as lesões o mais rápido possível, o aventureiro e ortopedista do esporte Adriano Leonardi reuniu informações preciosas.
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Trekking
Dores mais comuns:
Frost-bite, bolhas, dores na lateral dos joelhos e na lombar.
Por que acontecem e como evitar:
Bolhas – São “campeãs de audiência”. Aparecem com a fricção entre o pé e o calçado. Para diminuir esse atrito, lambuze vaselina ou Hipoglós nos pés e por cima da meia.
Frost-bite – Acontece quando os dedos do pé ficam frios e brancos, por causa do frio e por não estarem recebendo sangue. Em casos extremos, pode até virar uma gangrena. Para melhorar, aqueça-os friccionando ou vestindo mais meias. Para evitar, use meias em tecido técnico e adequado para a temperatura que irá enfrentar.
Joelho – Caminhar ou correr em terrenos acidentados leva a uma sobrecarga nos joelhos, pois ocorre uma flexão e contração não-harmônica. O jeito é fortalecer músculos como quadríceps, panturrilha e tibial anterior, para diminuir o impacto no seu estimado joelhinho.
Lombar – Uma mochila pesada pode agravar ainda mais as dores geradas pelo impacto de caminhar em terreno acidentado. Fortaleça a lombar antes de sair caminhando por aí.
Mountain Bike
Dores mais comuns:
Nas laterais e no centro do joelho, na lombar.
Por que acontecem e como evitar:
Joelhos – Acontecem por causa do esforço repetitivo da pedalada (não vamos nem entrar no assunto “tombos”…). Para evitá-las, é fundamental comprar um quadro do seu tamanho e ajustar o banco milimetricamente. A altura do banco é determinada pela seguinte fórmula: a medida do solo até o começo da coxa (logo acima do joelho), em centímetros, multiplicada por 0,88 (o resultado é a distância desde o eixo do pedal até o ponto médio da superfície do selim; o joelho deve ficar levemente dobrado). Além de evitar essas dores, sua pedalada será muito mais eficiente.
Lombar – Essa região absorve muito do impacto gerado pelo terreno acidentado. O melhor a se fazer é fortalecer a lombar e o abdome.
Remo
Dores mais comuns:
Nos ombros e na coluna.
Por que acontecem e como evitar:
Coluna – Durante o remo, a lombar fica sobrecarregada devido ao constante movimento de torção do tronco. Em casos mais sérios, provoca problemas de ligamento e nos discos da coluna, o que pode levar a uma hérnia de disco. Para evitar, fortaleça o abdome e os músculos dorsais e capriche na técnica de remada, para não forçar demais a coluna.
Ombro – A repetição de movimentos pode levar a uma inflamação no tendão que sustenta o músculo que realiza o movimento da remada. Ignorar essa dor pode romper o tendão. Para evitar, aumente as distâncias progressivamente para dar ao seu corpo tempo de se fortalecer. Musculação ou exercícios com elásticos também ajudam a deixar seus tendões do ombro mais resistentes.
Mergulho
Dores mais comuns:
Doença descompressiva e narcose.
Por que acontecem e como evitar:
Doença descompressiva – Ocorre quando o nitrogênio presente no sangue torna-se gasoso devido à alta pressão das grandes profundidades, o que leva à formação de bolhas dentro da corrente sanguínea. O mergulhador passa a sentir dores articulares (o ombro é o mais acometido), musculares e fadiga. A pele pode apresentar coceiras e vermelhidão. Nos casos mais graves pode desencadear incontinência urinária, paralisias, vertigens e perda de consciência. É fundamental obedecer a tabela RDP de mergulho e evitar fatores que podem desencadear a doença, tais como: hipotermia, exercícios físicos antes do mergulho, obesidade, consumo de álcool 12 horas antes e depois.
Narcose – De maneira semelhante à doença descompressiva, a hiperabsorção do nitrogênio em grandes profundidades leva a efeitos de embriaguês semelhantes aos do álcool. Isso ocorre geralmente após os 40 metros. O jeito é conhecer os próprios limites e não ultrapassá-los. Durante um mergulho, assim que sentir algum sintoma, subir a um nível adequado.
Escalada
Dores mais comuns:
Nas mãos e punhos.
Por que acontecem e como evitar:
Mãos – Ao agarrar uma rocha, por exemplo, os tendões flexores (que fazem a mão fechar) podem se romper ao não suportar o peso do corpo. Outra lesão comum é quebrar os dedos ao prendê-los no mosquetão. Preste muita atenção no dedão, pois é o mais utilizado para dar apoio à mão.
Punhos – O constante e repetitivo movimento pode causar uma compressão excessiva num nervo do punho que leva ao formigamento de três dedos da mão (dedão, indicador e anelar). A tendinite também é muito comum, assim como dores agudas nos ossos do cotovelo. Mãos e punhos não estão acostumados a realizar movimentos de força e muito menos a suportar o peso do corpo, pois durante o dia realizam tarefas muito suaves, como escrever e segurar talheres. O jeito é caprichar na técnica e manter-se dentro do peso ideal.
PARA TODOS
Em todos os esportes, há cinco maneiras básicas de diminuir a incidência de lesões: comer bem, treinar com supervisão de um profissional, fortalecer e alongar os músculos, e fazer uma avaliação biomecânica.
Deve-se atentar também ao tipo de pisada (supinada, neutra ou pronada), à posição do joelho (em “x” ou arqueado) e à condição física dos músculos, que servem para proteger ossos e articulações. “Se estiverem mal condicionados ou fracos, a chance de se lesionar aumenta bastante”, diz Leonardi.
Mais informações no site Medicina da Aventura.
(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de agosto de 2006)