Um estudo das universidades de Salento e Ca’ Foscari mostrou que o nível do mar em Veneza pode aumentar até 120 centímetros até o fim deste século. A pesquisa foi publicada na revista Natural Hazards and Earth System Sciences.
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A pesquisa diz que o nível da água na capital do Vêneto está destinado a aumentar por conta do impacto crescente das emissões de poluentes, mas admite que as estimativas de longo prazo são incertas, variando entre 17 e 120 centímetros. As informações são da IstoÉ.
Ainda assim, os números são preocupantes porque o sistema Mose, criado para controlar a entrada de água do Mar Adriático na Lagoa de Veneza e impedir inundações na cidade, foi projetado levando em conta um um nível marítimo em função do efeito estufa de até 60 centímetros.
A partir desse patamar, as comportas teriam de ser acionadas de forma quase ininterrupta, o que, na prática, manteria a Lagoa de Veneza isolada do Adriático.
“O Mose opera com base nas previsões, mas se estas estiverem erradas, seu funcionamento também estará. Por isso, é importante reduzir a incerteza dos modelos de previsão”, explica Georg Umgiesser, um dos autores do estudo.
Em um dos cenários cogitados na pesquisa, altos índices de emissões de poluentes em curto e longo prazo poderiam fazer a Lagoa de Veneza ficar “fechada” durante um ano inteiro em 2075, uma previsão que os cientistas consideram “plausível, ainda que improvável”.
“Ainda que não saibamos exatamente quando, os dados nos dizem que precisamos mudar nossas estratégias de adaptação. Devemos estar preparados para agir”, disse Piero Lionello, coordenador do estudo.
Em novembro de 2019, ainda antes da entrada em funcionamento do Mose em caráter experimental, o centro histórico de Veneza registrou quatro marés superiores a 1,4 metro, algo inédito para um único mês, sendo que a maior delas teve 1,87 metro.
As cheias deixaram o coração de cidade debaixo d’água durante vários dias e fizeram o governo acelerar as obras do Mose, projeto de 5,5 bilhões de euros iniciado em 2003 e que será entregue em definitivo apenas em dezembro deste ano.