Uma doença que está matando rapidamente muitos corais do Caribe pode estar ligada ao contato com o esgoto ou a água de lastro de navios, de acordo com uma pesquisa feita pelo Perry Institute for Marine Science, nos EUA, e publicada na revista Frontiers in Marine Science.
A infecção mortal, conhecida como doença de perda de tecido coral pedregoso (SCTLD, sigla em inglês), foi identificada pela primeira vez na Flórida em 2014 e, desde então, se espalhou pela região. A SCTLD está causando grande preocupação entre os cientistas por se espalhar mais rápido do que a maioria das doenças de corais e ter uma taxa de mortalidade incomumente alta.
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Mais de 30 espécies de coral são suscetíveis à doença. No México, um estudo mostrou que mais de 40% dos recifes tinham pelo menos 10% dos corais infectados por SCTLD, e quase um quarto tinha mais de 30%. Na Flórida, os declínios regionais na densidade de corais se aproximaram de 30% e a perda de tecido vivo foi de 60%.
Os cientistas ainda não foram capazes de determinar se a doença que afeta os corais é causada por um vírus, uma bactéria, um produto químico ou algum outro agente infeccioso, mas o estudo apoia a teoria de que o contato com a água de lastro de navios pode estar envolvida.
O estudo realizado nas Bahamas descobriu que o SCTLD era mais predominante em recifes que estavam mais próximos dos principais portos comerciais das Bahamas, em Nassau e Grand Bahama, sugerindo uma provável ligação entre a doença e os navios.
A doença também está disseminada nos recifes de coral de New Providence, onde a capital das Bahamas, Nassau, e o porto principal estão localizados. O estudo constata a presença de contêineres internacionais, navios de cruzeiro e barcos menores de passeio naquele local, além de um posto de combustível náutico.
Com exceção de duas espécies, os pesquisadores descobriram que “havia uma relação significativa” entre a doença e a proximidade dos recifes aos principais portos marítimos. Eles observaram “uma proporção crescente de colônias saudáveis à medida que a distância do porto aumentava em ambas as ilhas, e uma proporção maior de colônias recentemente mortas mais perto do porto do que mais longe”.
Os locais onde o SCTLD é predominante nas Bahamas são populares entre os turistas, pescadores recreativos e mergulhadores, disse Krista Sherman, cientista sênior do Perry Institute e coautora do artigo, segundo o Guardian.
O governo das Bahamas criou uma força-tarefa nacional para resolver o problema com o tratamento mais eficaz para a doença que é a aplicação do antibiótico amoxicilina diretamente nos corais. A medida obteve algum sucesso na redução da mortalidade, mas ainda não existe nenhuma solução que acabe com a causa da doença.