Em águas estrangeiras

Em águas estrangeiras. Nadador há mais de 20 anos, o brasileiro Alfredo Araujo enfrentará, em julho, provavelmente o maior desafio de sua carreira: cruzar a nado o Canal da Mancha. Atual líder do campeonato paulista de natação de águas abertas em provas longas (5km) e curtas (1km), Alfredo voou rumo à Inglaterra no final da semana passada, onde seguirá se preparando para a extenuante travessia de quase 37 quilômetros entre Inglaterra e França na primeira semana de julho.


CONCENTRAÇÃO: Alfredo Araujo acerta os últimos detalhes antes da sua travessia no início de julho

As baixas temperaturas das águas da região dificultam ainda mais o desafio de Alfredo que, apesar dos obstáculos, garante estar bem preparado para cruzar o famoso canal. A equipe da Go Outside online conversou com Alfredo, que já está na Inglaterra, e nos contou um pouco mais sobre essa audaciosa aventura.

Go Outside – Você já havia enfrentado algum desafio semelhante ao do Canal da Mancha?
Alfredo Araujo –
Com relação à distância, sim. Em 1992, fui classificado para nadar a primeira etapa do Circuito Mundial, na Argentina, em uma prova de 57 quilômetros, mas nada comparado ao que eu espero enfrentar no Canal da Mancha. Essa travessia sempre foi um sonho, mas que eu acabava deixando de lado por falta de condições para bancar o desafio. Agora deu certo e vou dar tudo de mim para superar o cansaço e as baixas temperaturas da água no Canal da Mancha.

Go Outside – Como foi sua preparação?
Alfredo –
Desde dezembro de 2009 eu tenho treinado especificamente para essa prova. Nesse período, o treino foi aumentado de volume gradativamente. Também participei, em 2010, de 23 travessias, que me ajudaram muito na preparação. No final de abril, fiz um treino de 12 horas nadando em piscina para me acostumar com o “tédio” da solidão em que me encontrarei enquanto estiver atravessando o canal. No último mês, treinei todos os sábados na represa Billings, em São Bernardo, para me adaptar a temperaturas mais baixas. Aqui na Inglaterra, tenho treinado duas vezes por dia no mar (manhã e tarde), enfrentando temperaturas pouco superiores a 10º C.

Go Outside – Quais as maiores dificuldades que espera encontrar durante a travessia?
Alfredo –
Além das águas geladas, o que me causa muita preocupação são os ventos da região nesta época do ano. Esse fator, inclusive, pode até inviabilizar a prova, já que, dependendo da sua velocidade, a guarda costeira não libera a saída dos barcos que me acompanharão durante a travessia.