Uma das provas de endurance de bike mas casca-grossa do mundo volta a acontecer este ano, depois do gap causado pela pandemia em 2020. E a notícia boa não para por aí: a Race Across America, ou RAAM, terá este ano quatro brasileiras competindo na equipe feminina. A largada da prova de revezamento é no sábado, 19 de junho. A prova solo largou antes, na terça-feira (15).
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A RAAM existe há 38 anos. Cruzando os Estados Unidos de costa a costa, ela percorre mais de 4.800 km em 8 dias, atravessando 12 estados, da costa oeste à costa leste. Ela atravessa as Montanhas Rochosas, a Sierra e os Apalaches, os rios Colorado, Mississippi, Missouri e Ohio, e as grandes planícies no meio do país.
A equipe brasileira, a Celebration Brazilian Team, é formada pelas ciclistas Luciana de Luca Vinocur (49 anos), Juliana Rossi Santos (46 anos), Simone de Luca Ribeiro do Valle (45 anos) e Daniela Genovesi (53 anos), que já completou outras RAAM. “Nosso plano era fazer a prova no ano passado, mas no auge da pandemia tudo foi cancelado”, conta Dani. “Neste ano a expectativa era grande para acontecer, mas a confirmação só veio mesmo em março”, diz a ciclista.
Por conta da pandemia, a prova terá cerca de metade dos inscritos – no geral, que já mora ou estava por uma temporada nos Estados Unidos. “Este fato não nos deixa desmotivada. Minha equipe é estreante em ultras. Está sendo uma experiência incrível trocar com elas e passar toda experiência que adquiri nestes anos de ultra para as meninas do meu time”, diz Dani, que também é a treinadora da equipe. Aliás, o convite para completar o quarteto veio conforme o treinamento foi avançando.
A versão em equipes é uma prova de revezamento. Enquanto uma pedala, outra se alimenta, descansa e tenta dormir. Elas terão o apoio da 7Sherpas, empresa especializada em experiências esportivas com algumas edições de Race Across America no portfólio. “Termos base em San Diego ajuda bastante, porque temos base aqui”, conta o fundador da 7Sherpas, Chris Kittler, que lembra que o staff de 10 pessoas têm ex-participantes, como ele mesmo e Rodrigo Tomé.
Para ser possível fazer este esforço sobre-humano, o suporte cuida da organização, logística, reservas, suprimentos, montagem de equipe, eventuais apoios. As quatro ciclistas da equipe terão suporte de três times do staff: um acompanha uma dupla de ciclistas, a outra com uma dupla, cada uma com uma van que será a casa delas durante essa semana cruzando os Estados Unidos. “Além disso, uma equipe de apoio que fica no motorhome cuidando de alimentação, recuperação, suplementação”, conta Chris.
Uma das coisas que deixam a RAAM mais emocionante ainda é que ela permite que ciclistas amadoras, como Luciana, que é veterinária, ou Simone, que é gerente de marketing, pedalem lado a lado com ciclistas profissionais como Dani Genovesi. Além do preparo físico para encarar o percurso, a resistência mental para atravessar obstáculos como um deserto que chega a quase 50ºC e a duração extensa da prova são variáveis que tornam a prova única. Outra função do apoio é ajudar na segurança das ciclistas, já que a prova é em ruas e estradas abertas, muitas vezes sem acostamento.
“Pelo menor número de participantes, será um pouco diferente do que todos gostariam, mas mostra que estamos começando a sair dessa fase restritiva da pandemia. Tem um clima de otimismo, e o RAAM sela isso. Ver a prova pelas mídias sociais pode ser uma coisa que motiva as pessoas e ajuda a ver a luz no fim do túnel”, acredita Chris.