Em depoimento ao Ministério Público Federal, os agentes da Polícia Militar (PM) que aparecem em um vídeo abordando e algemando o ciclista negro Filipe Ferreira em uma praça na Cidade Ocidental, Goiás, afirmaram que o jovem parecia ‘oferecer risco’ e que seguiram os padrões estabelecidos pela corporação.
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De acordo com o promotor de Justiça Luis Antônio Ribeiro, os policiais afirmaram seguir os procedimentos legais de padrão da PM: “os policiais alegaram que, aparentemente, o jovem oferecia risco pela movimentação de suas mãos”, informou ao G1.
O próximo passo, segundo Ribeiro, é investigar e deliberar a responsabilidade de cada policial envolvido e, de acordo com esse trabalho preliminar, estabelecer possível denúncia criminal até terça-feira (8).
Filipe também prestou depoimento e disse ao G1 que se sente mais aliviado com o caso sendo investigado.“Me sinto melhor sabendo que tem gente me ajudando. Mais confiante. Seguro ainda não, segurança na rua está complicado, mas estou mais aliviado”, disse.
O Grupo de Trabalho pela Igualdade Racial da Defensoria Pública do Estado de Goiás divulgou uma nota de repúdio no dia 31 de maio e classificou a ação policial no caso de Filipe Ferreira como ‘racista’ e ‘intolerável’.
Entenda o caso
O vídeo publicado nas redes sociais em 28 de maio mostra o momento em que um PM aponta arma para Filipe Ferreira, jovem ciclista negro que fazia manobras de bicicleta em parque de Cidade Ocidental, Goiás. Eletricista, o rapaz gravava vídeos para seu canal no YouTube quando sofreu a abordagem.
O jovem pergunta o motivo, e um dos PMs responde, com truculência: “porque eu ‘tô’ mandando” e, então, aponta uma arma e manda que o rapaz coloque a mão na cabeça. Os policiais insistem, enquanto o jovem questiona: “Para que me tratar desse jeito enquanto eu ‘tô’ filmando aqui o meu rolê?”.
Ele pede para o policial parar de apontar a arma, mas o PM responde mais uma vez para que coloque a mão na cabeça. O jovem, então, tira a camisa para mostrar que não está escondendo algum objeto e então, é ordenado a virar de costas. Quando questiona o motivo de ser algemado, um dos PMs afirma: “E resiste para você ver o que vai acontecer contigo”.
A abordagem gerou uma série de críticas na internet e comparações com casos semelhantes, de racismo e violência policial e o vídeo da abordagem tem, até esta terça-feira, mais de 5,9 milhões de visualizações.