Maceió está afundando desde 2004, diz estudo; bairros podem desaparecer

Por Redação

Maceió está afundando desde 2004, diz estudo; bairros podem desaparecer
Imagem: Reprodução/TV Gazeta

Em 2018, moradores de Maceió (AL) começaram a perceber rachaduras em prédios e estradas da cidade depois de chuvas fortes e um pequeno terremoto na região, mas uma pesquisa publicada na Scientific Reports mostra que a cidade está afundando desde antes desses fenômenos acontecerem.

Na época em que as rachaduras foram vistas pela primeira vez, 6.356 prédios foram colocados em ordem de demolição só no bairro do Pinheiro e 25.000 moradores tiveram deixar as suas casa, de acordo com o The Guardian.

A pesquisa do GFZ – Centro Alemão de Pesquisas em Geociências, com sede na cidade de de Potsdam, usou medições de satélite para avaliar o movimento da terra na região entre 2004 e 2020. O estudo descobriu que a subsidência (ou deslocamento para baixo) da superfície na cidade começou em 2004 e estava afundando até 27 cm por ano em 2017.

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Usando ferramentas de modelagem geológica, a pesquisa mostra que a mineração de sal que acontecia até um quilômetro abaixo do solo da cidade é a causa mais provável para Maceió estar afundando. Cavidades vazias cheias de salmoura deixadas para trás quando o sal foi extraído eventualmente entram em colapso e as camadas de rocha acima acabam tombando no vazio abaixo.

De fato, um documento divulgado quase um ano depois do tremor de 2018 mostrou que a principal causa para o surgimento das rachaduras nos imóveis foi a atividade de exploração do sal-gema, segundo o El País. O relatório era do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), empresa pública ligada ao Ministério das Minas e Energia e controlada pelo grupo Odebrecht, que era responsável pela mineração com participação da Petrobras.

O documento mostrava que a exploração era feita de forma inadequada e desestabilizou as cavidades subterrâneas causando o afundamento do solo e as rachaduras.

A mineração foi interrompida em 2019, mas o estudo alemão mostra que o terreno ainda tem muito o que se acertar e alguns bairros continuam em risco de afundar e até desaparecer.