Um motorista que atropelou e matou duas jovens ciclistas no estado de Michigan, Estados Unidos, no ano passado, foi condenado a 18 anos de prisão. Em 26 de junho de 2020, Ryan Paul Miettinen Jr., de 22 anos, atingiu e matou Coleen Huling, de 29, e Melissa Williamson, de 25, na cidade de London Township. Após o acidente, o motorista fugiu do local e, de acordo com o Monroe News, nunca entregou o veículo às autoridades.
Ryan foi acusado duplamente por não prestar socorro no local do acidente, e assim, resultando em morte das vítimas. Na semana passada, ele aceitou um acordo judicial. Um juiz do condado o condenou a 9 a 40 anos de prisão por cada acusação, totalizando um máximo de 80. O motorista deve cumprir pelo menos 18 desses anos antes de se tornar elegível para liberdade condicional — e pode passar o período total de acusação atrás das grades. O juiz também ordenou que Ryan pagasse um total de U$ 250.200 em restituição.
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O Go Outside americana cobriu as mortes de Coleen e Melissa em dezembro, como parte do projeto #2020CyclingDeaths (#MortesNoCiclismoDe2020), no qual rastrearam cada ciclista morto por um motorista ao longo de 12 meses. A revista escreveu obituários para as duas mulheres, um casal jovem que se conheceu por meio de amigos em comum. Elas adoravam explorar os rios e trilhas perto de sua casa em Ypsilanti, Michigan, e tinham acabado de assinar um contrato para morar juntas.
Condenação de motoristas
Uma sentença máxima como essa é rara. Um estudo feito por um defensor do ciclismo, David Cranor, para a organização sem fins lucrativos Greater Washington, mostrou que 132 ciclistas foram atropelados na área de Washington, D.C., entre 1971 e 2019. E 87% dos motoristas não foram acusados de crime. Dos acusados, apenas 8% cumpriram pena.
Nas 697 mortes rastreadas pela Go Outside americana em 2020, a revista só encontrou relatos de acusações criminais em apenas alguns casos.
“De um modo geral, os motoristas que matam ciclistas, mesmo em circunstâncias obscenamente negligentes, raramente enfrentam consequências criminais que equivalem à atrocidade de suas ações”, diz Peter Flax, ex-editor-chefe da revista Bicycling. “Normalmente, para obter uma sentença que corresponda a um ato fatalmente negligente, o motorista precisa atender a pelo menos um de alguns critérios especiais: estar sob grande efeito de drogas ou álcool, estar dirigindo em uma velocidade muito alta ou ser um motorista não branco que mata uma vítima branca”, completa.
No caso da morte de Coleen e Melissa, o motorista teria dirigido de forma imprudente quando atropelou as ciclistas. Ele desviou, atingiu o casal, fugiu e escapou da polícia por horas. Sua velocidade ultrapassava os 95km/h e o limite de velocidade da via era de cerca de 70km/h. A investigação também mostrou que o motorista havia fumado maconha no início do dia, embora isso não pudesse ser provada. Além disso, Ryan tinha uma ficha criminal com 13 crimes anteriores, incluindo agressão com arma, agressão agravada, direção imprudente e desobediência a um policial.
“Em geral, o sistema de justiça criminal considera os casos de motorista atropelando ciclistas como ‘apenas um acidente'”, diz Megan Hottman, advogada de Golden, no estado norte-americano do Colorado, que lida com casos de ciclismo há 11 anos.